12| Vestígios

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(sobre se encher de nada
por tempo suficiente pra entender
seu lugar em si mesmo)

Eu era o tipo de garota que mergulhava nas pessoas e arrancava seus bons momentos, porque sempre fui o tipo que marcava e sumia, sempre fui um vírus pro coração de muita gente, eu penetrava seus sentidos e desaparecia como quem pouco se importava ...

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Eu era o tipo de garota que mergulhava nas pessoas e arrancava seus bons momentos, porque sempre fui o tipo que marcava e sumia, sempre fui um vírus pro coração de muita gente, eu penetrava seus sentidos e desaparecia como quem pouco se importava - e realmente não me importava - precisava me encher de algo que fosse palpável, eu me sentia perdida.

Isso era covardia.

Uma máscara presa ao meu rosto,  era um belo uniforme pra mim, durante a maioria dos meus dias, e era incrível a forma como eu conseguia abrir um sorriso enquanto esmurrava as paredes do meu quarto e o sangue ia fazendo junção à cor original das paredes, era prazeroso me ver ao limite, ouvir meus próprios gritos ecoando no meu subconsciente.

Posso afirmar que a solidão tinha gosto de sangue e café frio e que minha sombra nem existia, alguns dizem que quem não têm sombra não possui mais sua alma, com certeza minha alma tinha desistido também e partido pra outra morada.. Eu mentia e me anulava.

‎Me encher com o vazio das pessoas sempre foi algo que eu procurei, me sentia no poder por isso e mal sabia o quão podre me tornava por dentro, o desgosto após cada ato, eu podia jurar que estava por cima fazendo outros sofrerem mas ao chegar em casa as coisas literalmente desabavam aos meus pés, sem piedade alguma.

‎Manter a porta do meu quarto trancada enquanto eu canalizava minhas dores em papéis infinitos, em tintas e pincéis sujos era minha forma de bater em meu próprio ombro dizendo "tá tudo bem, você jogou fora".
‎Mas não, nada foi embora.

  Nessa história não existe vítima, residir num corpo imundo nunca foi escolha, ou nascer, também não foi. Os reflexos de tudo que vi se transformam e se personificam até hoje, por onde eu passar, onde eu olhar... Eu me desmancho em palavras, pois os ouvidos estão cansados das mesmas lamentações. Os sons que ouço não fazem sentido, e é como se uma guerra se iniciasse todos os dias.
  ‎
  ‎A solidão ainda tem gosto de sangue e café frio e eu saboreio cada gota pra que um dia eu consiga entender de verdade que eu não sou nada além de mim mesma e se eu pudesse mostrar à alguém quem realmente sou, não conseguiria.

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