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sobre tentar viver no real,
e se perder em devaneios tolos.

As incontáveis vezes em que ele pôde se jogar no mundo houve medo primeiro, todas as vezes... Havia aquele arrependimento e amargura de não ter feito o que devia, de ter perdido o tempo único que o restava. Era um garoto solitário no meio da amargura de um mundo que o rejeitava.

Vivia sua vida em busca de respostas -mesmo que impossíveis de serem respondidas-, afirmava ser uma vida calma, cheia de descobertas e aventura, mas tais afirmações lhe apertavam o peito todas as noites antes de dormir, estava longe disso... No fundo ele sabia.

Ele não desejava voltar ao início, aquele tal "recomeçar" embrulhava seu estômago, mas será que era mesmo necessário reiniciar? reviver de outra forma?
Ser alguém se resume nisso? ele se questionava. Aquela angústia, sem definição.

Apreciava sair sem rumo pela noite, era uma rotina observar o entardecer naquela cidade de almas vazias, observar o céu sempre foi um ritual de calmaria pra alma agitada daquele garoto, muitas vezes esteve dormente enquanto sentia suas lágrimas escorrerem quase que desesperadas, ele quase nunca entendia essa reação.

Se dizia cansado.

‎A cabeça numa nostalgia e arrependimento constante, quem dera ele pudesse arrancar alguns vários pensamentos como se tirasse uma peça de roupa do corpo..

Enquanto caminha de volta ao seu lugar de descanso da realidade tenta imaginar uma vida sem o sentimento de invalidez que o persegue, consegue até imaginar um sorriso brotando, chega a suspirar, como se fosse algo impossível.

Garoto, você é o passado.

(ps: queria eu entender o mundo)

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