III

560 22 2
                                    

" Eu observava Verônica toda Terça quando ela entrava na minha sala, ela era o verdadeiro motivo pelo qual eu ainda continuava no curso, observa-la começou a me deixar confortável naquele ambiente, e aos poucos, minha expressão de psicopata foi ficando para trás, aos poucos fui me sentindo em casa. Mesmo sem conversar com a Verônica frequentemente, minha admiração por ela só aumentava, as vezes nem eu mesma me reconhecia, eu não conseguia entender o porquê eu estava tão vidrada em uma mulher que eu mal conhecia, eu adorava assistir as aulas dela, a forma autoritária que ela conduzia as aulas me deixava fascinada. Até então, eu ainda não havia questionado minha sexualidade de forma direta, porém meu inconsciente sabia que estar apaixonada pela Verônica era uma possibilidade, mas eu não queria aceitar, se apaixonar por uma mulher era um absurdo, agora se apaixonar por uma mulher como Verônica era inimaginável.

O tempo foi passando, e eu fui me desapegando de certos antidepressivos que me deixavam dopada, eu tomava quatro tipos de remédios antes de ir a aula, e com pouco tempo sem tomar medicamentos, eu comecei a me enturmar com os outros alunos, a impressão que tenho agora, era que o simples fato de observar Verônica, mesmo que de longe, me deixava mais calma, fazendo esquecer da depressão por alguns instantes "

— Senhorita Nestari, em algum momento, colegas da turma souberam dessa sua obsessão pela senhorita Zumach?

— Pouco a pouco eu fui me apegando a algumas pessoas, e comentei sobre achar a Verônica incrível, mas demorou um certo tempo até eu assumir para mim mesma que o que eu sentia pela Verônica era uma paixão, e não somente admiração.

— Entendo senhorita, pode prosseguir com seu depoimento.

"Quando de fato consegui fazer algum tipo de amizade, já era fim do bimestre, e já era a semana de provas, eu até me sentia bem em relação a minha saúde mental, a única coisa que me afligia era a dúvida dos meus sentimentos em relação a Verônica, sinceramente, eu tentava perder o foco em Verônica, mas era quase impossível, no máximo, eu conseguia disfarçar minha admiração por ela. Eu morria de medo de alguém me achar uma pessoa bizarra por "endeusar" tanto uma professora, ainda mais uma professora que não era tão querida.

Minha convivência com a Verônica me fez perceber que ela não era uma mulher tão feliz como ela aparentava e que ela fazia o possível para esconder, eu me sentia um pouco incomodada, mas eu não podia fazer nada. Comecei a focar nas aulas, meus amigos novos também me distraiam, não ao ponto de esquecer da existência de Verônica, mas o suficiente para não pensar nela o tempo todo.

Maewee, era uma garota que sentava na minha frente era a pessoa que eu mais me identificava na sala. Ela tinha belos cabelos lisos e castanhos, seu rosto aparentava ser de uma pessoa má, mas ela não era assim. "

— Senhorita Nestari, não queremos saber sobre as características dos seus colegas de sala.

— Me perdoe.

— Prossiga com seu depoimento sem muitos detalhes, por favor. A senhorita não está escrevendo um livro.

— Enfim...

"Eu gostava de falar com ela porque nós tínhamos vidas tão iguais e ao mesmo tempo éramos tão diferentes. Não falei nada sobre Verônica a ela, era um absurdo eu falar da minha admiração, e era bem provável que Maewee entendesse que eu era lésbica, não que isso seja um problema, mas eu não me entendia como tal, mas a forma que eu fosse falar de Verônica, poderia deixa-la com duvidas a meu respeito.

Verônica iria aplicar prova na nossa turma nesse dia, e, quando ela entregou a prova para mim, eu vi aquele abismo de números, e não sabia ao certo como resolver as questões, eu só pensava na genialidade daquela mulher para elaborar uma prova tão complexa. As provas dela eram em absoluto silêncio, e como eu não sabia resolver certas questões, somente olhava para ela e ao mesmo tempo que eu desejava ter Verônica, eu também desejava ser Verônica, era uma mistura de sensações causada pelo meu inconsciente. O sinal bateu para o intervalo, a minha vontade era de ficar admirando aquela mulher horas e horas, mas, eu não podia, seria bizarro demais. Novamente eu estranhava meu comportamento para com Verônica, mas fazer o quê? Era impossível não contemplar aquela mulher.

ElloraOnde histórias criam vida. Descubra agora