XI

266 14 0
                                    

O fato de manter distância de Verônica dentro do colégio me deixava extremamente triste, olhar para Verônica tinha se tornado o motivo para continuar com curso, e agora nem olha-la eu poderia mais, eu deveria ficar o mais longe possível dela, como se nada houvesse acontecido. Vocês não imaginam a dor de ignorar algo tão forte, algo que eu julguei que jamais aconteceria, pois bem, eu estava ali novamente, da mesma forma que eu cheguei no primeiro dia de aula, desorientada. Maewee percebeu que havia acontecido algo na última aula de Sheron, ela sabia que não era do meu feitio ir embora sem ao menos se despedir. Meio sem graça, Maewee se aproximava de mim, ainda no refeitório, antes de entrar na sala, ela questionou o porquê de eu ter ido embora de repente, disse também que teve a impressão de que Sheron estava me perseguindo naquela aula. Diante da angustia que eu estava sentindo, resolvi expor para Maewee o envolvimento que eu e Verônica tivemos dois dias antes, e que para nossa infelicidade, Sheron havia desconfiado de nós duas. Maewee ficou pálida e com os olhos arregalados, ela não sabia o que dizer, como já disse anteriormente, nosso caso era um absurdo, e diante daquela situação, ninguém poderia me consolar, inclusive Maewee.

Lembro-me que o estado de choque em que Maewee estava se rompeu após ouvir o irritante sinal.

Era o dia de fazer alguma prova, mas não lembro qual, só lembro que era o professor Crhistopher, era um homem extremamente paciente, sua voz era lenta, e com toda sua paciência, aplicou a prova, e percebeu que Maewee estava um pouco perplexa. Lembro-me que o professor a questionou, perguntou se havia acontecido algo, mas ela negou e prosseguiu com a prova.

Naquele dia, a única pessoa que eu não queria ver era Verônica, eu tinha pavor só de imaginar o que aconteceria se tudo viesse à tona, eu estava vivendo um pequeno pesadelo angustiante, era como se eu pisasse sobre ovos. Infelizmente, quando entreguei minha prova ao professor, ele me pediu um favor, pediu que eu entregasse um documento para Verônica. Eu não sabia o que era pior, negar e inventar uma desculpa qualquer, ou ter que encarar novamente meu anjo adorado sem poder toca-la. Apreensiva, fui em direção a sala de Verônica, meio nervosa, minha intenção era só entregar os documentos e sair, mas a oportunidade de estar perto dela sem que ninguém julgasse tomou conta de mim, eu não poderia somente entregar uns papéis em sua mão e sair como se não estivesse acontecendo nada, como se meu corpo, minha boca, minha alma não pedisse por ela.

Dentro da secretaria do colégio, no final do corredor, havia uma sala cheia de armários, contendo documento de ex-alunos, eu tinha consciência de que ninguém entrava naquela sala. Cheguei perto da sala da Verônica, a porta estava aberta e ela estava sozinha como de costume, me encostei no batente da porta e chamei ela para ir na sala deserta, lembro-me que usei uma desculpa, de que eu queria o histórico escolar de um ex-aluno da Phoenix, e é claro, que ela sabia que isso era mentira, mas mesmo assim ela não questionou. Entramos na sala, ela não tinha janela alguma, havia duas carreiras de grandes armários que atrapalhava a lâmpada de iluminar o local, uma de frente para o outra, o cheiro de mofo tomava conta daquele lugar, a sala era extremamente pequena, mas era o necessário para que pudéssemos nos conectar uma com a outra. Me aproximei de Verônica bem devagar, olhei o fundo daqueles belos olhos, e a tomei em meus braços. Entrelacei meus dedos em seus cabelos, e dei um beijo intenso, talvez o melhor beijo que já dei em toda minha vida. Nossos corpos se encaixavam como peças de um belo quebra-cabeças, era como e fossemos feitas uma para outra. Foram somente alguns minutos, a calmaria que meu coração sentia era imensa, a vontade que eu tinha era de nunca mais sair dali, e ficar diante daquela mulher para sempre. Mas como nem tudo são flores, nosso momento de afeto teria que acabar.

Saindo da sala deserta sozinha, eu me dei conta que jamais iria conseguir ficar longe de Verônica, talvez eu não tivesse a oportunidade de se deitar com ela novamente, mas eu não aguentaria mais ficar sem seus lábios de algodão doce, eu faria de tudo para tocar sua boca com frequência, nem que fosse por um milésimo de segundo.

ElloraOnde histórias criam vida. Descubra agora