VIII

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"Em um surto de realidade, saindo da hipnose que o beijo de Verônica me colocou, abri os olhos, tirei as mãos dela e á afastei de mim. Aquilo era tão bom que passaria o resto da minha vida com os meus lábios juntos aos dela, mas minha consciência me acusava mais do que este júri que está aqui presente.

Expliquei desesperadamente o porquê não poderíamos continuar, e que era errado, por ela ser casada, e com toda paciência (que eu desconhecia) ela me acalmou e com sua voz grave e firme, começou a me convencer de que não havia problema algum, que ela não gostava do marido e que a tempos não sentia o gosto do beijo de alguém. Instintivamente, peguei nos delicados braços dela, e a pressionei contra a parede, coloquei meu corpo colado ao corpo dela e coloquei minha mão direita no meio dos seus cachos dourados puxando delicadamente, bem devagar, inclinando levemente sua cabeça para trás. Beijei todo seu pescoço, meus ouvidos ficaram perto dos seus lábios, fazendo-me ouvir com clareza sua respiração ofegante. Voltando a beijar seus lábios macios, percebi um leve arrepio em seus braços, o que me fez ficar ainda mais excitada. Meu desejo naquele momento era de despir cuidadosamente meu anjo querubim, passar a ponta dos meus dedos em seu corpo nu e saciar meu desejo que a tempos me atormentava, mas ali não era o lugar apropriado. Peguei uma caneta na minha bolsa e anotei meu número na sua mão, e antes de se retirar, olhei profundamente naqueles olhos azuis que eu tanto venerava.

O beijo de Verônica me deixou extremamente confusa, era informação demais, era culpa demais, eu estava entrando em colapso, mas finalmente, tudo o que eu queria tinha acontecido.

Deus do céu!

Na minha vida inteira, eu só beijava pessoas em que eu não tinha muito interesse, ou até mesmo, pessoas que eu achava que amava, mas nenhum beijo foi tão prazeroso como o de Verônica naquela noite. A sensação de beijar alguém que se deseja muito é totalmente diferente de um qualquer na balada, é tão surpreendente, que não sei explicar ao certo.

Naquela noite quando cheguei em casa, muitas coisas atordoavam minha mente, "Eu beijei Verônica Zumach" "Eu beijei minha professora" "Eu beijei a esposa de Martin Ozcan" "Estou apaixonada pela Verônica, talvez, obcecada".

Aquela noite foi torturante, a culpa por ter beijado aquela mulher tão poderosa estava me tirando a paz, lembro-me claramente de ter chegado em casa e a primeira coisa que fiz, foi pesquisar sobre sua vida na internet. Eu vasculhei em tudo, eu olhei na sua página no facebook, observei cuidadosamente cada detalhe, e percebi que em nenhuma foto, tinha o seu marido. Fui mais audaciosa e digitei seu nome no Google. "Verônica Zumach" não existem muitas pessoas com esse nome, foi fácil encontrar a vida dela detalhada em páginas da web.

Artigos da época da faculdade, contratos celebrados com o estado. Professora, coordenadora, orientadora. Três cargos diferentes, em três locais diferentes. Eu fiquei ainda mais obcecada por Verônica, encontrei documentos do dia em que o pequeno Gregório nasceu, encontrei alguns processos em aberto que o marido resolvia na justiça, encontrei documentos pessoais, a vida inteira de Verônica estava na tela do meu notbook.

Não satisfeita com a pesquisa no Google, voltei para o facebook, perfil de "Paty Zumach", irmã de Verônica, existia mais fotos da minha bela amada, novamente sem nenhum indicio do marido, visitei também a página da escola em que Gregório estudava, várias fotos de eventos em que os pais participavam e adivinhem... nenhuma com Martin, o que eu não achei ruim, pelo contrário, achei ótimo.

Confesso que naquela noite, fiquei torcendo para chegar alguma mensagem no meu celular, olhava a todo minuto, gerando uma crise de ansiedade, fazendo meus dedos escrever uma mensagem gigantesca. Lembro que escrevi um texto enorme dizendo como eu me sentia em relação a ela desde o primeiro dia de aula, mas só depois de terminar de escrever, que eu me dei conta... eu não tinha o número dela. Provavelmente aquela foi a noite mais mal dormida da minha vida, milhões de possibilidades brotavam na minha mente obcecada, a projeção de Verônica nua não saia da minha mente, e seus belos olhos azuis... ah, como eu amava aqueles pequenos olhinhos azuis. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo comigo, afinal, a pouco tempo atrás eu achei que seria impossível ao menos ter uma amizade com uma mulher tão bela e poderosa como a Verônica, e ali estava eu, deitada em minha cama, olhando para o teto e sorrindo sozinha.

Ter beijado a Verônica era como se eu tivesse conquistado um troféu. "

ElloraOnde histórias criam vida. Descubra agora