VI

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"Aquele momento. Aquele curto momento, era o mais próximo do sexo que eu havia chegado nos últimos dois anos, e o simples toque de Verônica havia despertado minha libido de uma forma tão intensa, que nenhum dos homens que passaram pela minha vida havia despertado, eu não sei se a intensão de Verônica era me intimidar ou me deixar excitada, mas incrivelmente ela conseguiu fazer ambas. Borboletas invisíveis sambavam no meu estomago, eu sentia meu coração ser levemente apertado por uma mão invisível, sentia a oxitocina navegar pelo meu corpo.

Como aquela mulher era incrível.

Até hoje não sei dizer ao certo o que me atraiu naquela mulher, mas depois desse breve momento a sós, a minha forma de pensar mudou totalmente, aquela Verônica que parecia tão impossível, havia se tornado de certa forma possível, ter aquela mulher deixou de ser meu sonho e se tornou minha meta, mas antes de ter toda essa certeza, antes de fazer qualquer plano em minha mente para tentar conquistar meu eterno anjo loiro, busquei ajuda de alguém mais inteligente do que eu, alguém que já vivia nesse mundo homossexual a algum tempo. Nick, um rapaz magrelo de aparência impecável, era o gay mais cobiçado de toda Phoenix, acredito que não poderia ter escolhido uma pessoa melhor"

— Senhorita Nestari, se eu bem entendi, a senhorita está alegando que Nick teria sido cumplice na hora do delito da senhorita Verônica Zumach?

— Não, de forma alguma, Nick foi uma das pessoas que mais me incentivou a conquistar Verônica, eu não nego, mas ninguém além de mim, tem envolvimento com ... Ninguém tem nada a ver com isso.

— Se Nick não tem relação alguma com o crime em questão, como sua declaração pode ser relevante?

— Pois bem Excelentíssimo ...

"Ele ficou totalmente surpreso com o que eu disse, tanto pelos meus sentimentos, quanto pelo o que havia ocorrido um pouco mais cedo na secretaria.

Ele me questionou diversas vezes, me perguntou se eu realmente tinha certeza do que havia ocorrido, assim como eu, Nick não imaginava que uma mulher tão séria, casada, bem-sucedida como Verônica poderia se interessar por uma de suas alunas. Também revelei meu total interesse em ter algo com Verônica, mesmo ela sendo uma mulher casada, e que não me importava se por um acaso eu tivesse problemas judiciais, caso nosso possível romance viesse à tona, pois ela era minha professora e relacionamentos entre alunos e professores são proibidos nesse estado. Nick me alertou sobre uma infinidade de consequências além dessas que acabei de citar, como: homofobia, culpa por ter destruído uma família, culpa por causar danos ao filho dela (se for o caso de a criança ficar traumatizada com a história), possíveis ameaças do marido, mas eu não me importava com nada disso.

Vocês podem estar achando que eu sou um monstro egoísta, e eu não tiro a razão, mas o que havia acontecido na secretaria naquela noite, era minha luz no fim do túnel, minha agulha no palheiro, o meu 1% de chance, então, tudo o que Nick me alertou não adiantou de nada, era como seu eu houvesse pedido conselhos em vão. Diante da minha ignorância, ele me olhou com um certo desprezo, me deu um beijo na testa e virou as costas, e eu fiquei por algum tempo, ao relento naquele colégio, olhando as estrelas, completamente extasiada, até se dar conta que já era hora de voltar para casa.

Cheguei em casa, já eram 11:30 da noite, não sei se a noite estava abafada, ou se minha libido estava tão aflorada, que, fazia meu corpo se aquecer a níveis absurdos. Por impulso, resolvi encher minha pequena banheira, onde eu estava desejando refletir naquela noite. Durante o banho, pensamentos eróticos perturbavam minha mente, de uma forma tão intensa que eu simplesmente não consegui controlar. Eu não resisti, eu tinha uma concepção errada sobre a masturbação, era uma coisa suja e repugnante, ainda mais na condição em que eu me encontrava, mas meu desejo foi além dos tabus que eu mesmo me impus e comecei a me tocar, pensando o quão delicioso seria tomar um banho com Veronica. Eu imaginava a água escorrendo naquela pele branca e macia como o veludo, os pequenos traços de espuma em sua face impecável, e seus belos olhos azuis me rondando, enquanto eu passava delicadamente meus dedos por toda extensão de seu corpo nu. Pena que era só minha imaginação sendo fértil, por alguns minutos parecia que realmente era ela que estava ali, me tocando, mas, para minha decepção, era só mais uma das minhas fantasias.

Quando terminei meu banho e fui para cama, a angustia começou a dominar meu peito, eu me sentia culpada, suja, eu estava tendo pensamentos errados com uma mulher, heterossexual e casada. Eu me sentia uma pessoa impura, desprezível e asquerosa, mas não havia muita coisa que eu pudesse fazer, se eu pudesse escolher, jamais escolheria ter se apaixonado por Verônica, então eu apenas coloquei meus fones de ouvido, coloquei uma música lenta qualquer e deixei as lágrimas tomarem conta do meu rosto.

O ser humano é estranho. Muito estranho. Por mais que minha consciência acusasse que tudo o que eu estava sentindo por Verônica, indiretamente eu alimentei algo que só havia existido na minha cabeça, e sem criar muitas expectativas, achei que eu iria chegar no colégio, olhar aqueles belos olhos azuis turquesa e iria flertar com ela, e pior, que eu iria ter algum tipo de correspondência. Para minha frustração, não ocorreu nem uma coisa, nem outra, infelizmente Verônica só voltou a me olhar, como quem não quisesse nada, como mais um aluno sem importância, eu sentia vontade de abrir meu coração para ela, falar tudo o que eu senti na noite anterior, mas era uma atitude estupida e irresponsável, provavelmente eu iria afastar Verônica de mim, caso eu me declarasse naquele momento. Então eu só olhava aquela silhueta perfeita, a sua postura ereta e impecável, a leveza ao andar e imaginava o quão bom seria se eu e Verônica fossemos amantes. "

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