XII

269 16 0
                                    


A lua continuava iluminando o pico daquele monte. Ficamos algumas horas admirando aquela noite e aproveitando para beijarmos incessantemente. Nada de sexo. Ao mesmo tempo que eu estava me sentindo em paz na presença da Verônica, algo me incomodava dentro de mim, como se tudo aquilo fosse acontecer pela última vez. Eu tentava aproveitar cada segundo ao lado dela, seus olhos azuis brilhavam tanto quanto a imensa lua prateada. Deitadas em cima do capô do carro, eu encostei meu ouvido esquerdo perto dos seus seios, eu gostava de ouvi-la respirar, também gostava de ouvir seus batimentos cardíacos, os senhores não fazem ideia de como eu gostaria de ouvir esses sons novamente.

Ela havia colocado a corrente de prata no pescoço, não combinava com o tom da pele dela, mas isso era o que menos importava, eu me sentia presente. Só o fato de estar ali diante daquela mulher que eu havia colocado em um pedestal imaginário, já me realizava por completo, me fazia esquecer da minha vida sozinha e sem graça que existia fora do colégio, mas tudo que é bom um dia acaba, e com aquele momento não seria diferente, ás 22:00, Verônica se levantou e anunciou que teria que ir embora, aquilo soou como um adeus, e de fato era.

No outro dia quando cheguei no portão da Phoenix High school, meu coração começou a bater de uma tal forma, como se ele fosse capaz de identificar por conta própria que algo estava errado. Vi uma multidão aglomerada na cantina, todos estavam abismados como o que haviam visto. Na medida com que eu me aproximava, todos olhavam para minha cara, como se estivessem me julgando. Eu não entendia nada.

Quando consegui passar pela multidão e cheguei ao centro da cantina, meu mundo caiu de uma só vez, passou um filme da minha vida inteira diante dos meus olhos, a máscara que eu sustentava para todos havia sido arrancada a força de mim.
As paredes da cantina estavam cobertas de fotos minhas com Verônica na noite passada. Incrivelmente as fotos era de uma qualidade excelente, não teria como negar que éramos nós duas naquelas malditas fotos. Eu nunca fui tão humilhada na minha vida, haviam fotos que capturaram o mais íntimo do que havia ocorrido naquela bela noite de lua cheia, na hora do desespero a única coisa que passou pela minha cabeça foi tentar arrancar todas as imagens dali, meus amigos me ajudaram a arrancar, mas não adiantava muita coisa, aos poucos eu fui aceitando o fato de que o que tentávamos esconder havia sido desmascarado, minha reação foi me ajoelhar no chão e chorar.

Verônica ainda não tinha visto tamanha crueldade que fizeram conosco. Eu tentava entender como que alguém conseguiu tirar essas fotos de nós, como alguém nos seguiu sem que percebêssemos. Os olhares sem piedade estavam me fuzilando dentro daquela cantina, a minha fraqueza mental estavam me impedindo de me levantar do chão e tentar manter o mínimo de dignidade possível, Marcos e Daniel me consolaram no chão, não havia mais nada o que fazer. Enquanto eu caía aos prantos no chão daquela cantina, Rafaela apareceu dando gargalhadas, era do feitio daquela maldita víbora aparecer em um momento de desgraça e se aproveitar do marco, porem estava um tanto quanto estranho, minha mente rapidamente ligou Rafaela aos fatos, era a desgraçada que tinha armado o espetáculo, mas a pergunta era: O que isso a beneficiaria?

Engraçado como não conhecemos as pessoas, que diria que a tão cobiçada Rafaela era extremamente apaixonada por Verônica, talvez até mais do que eu, porem, ela não teve a mesma sorte que eu tive, de poder beijar e tocar aquele corpo de ceda alemã. Então os ciúmes e a inveja fizeram a maldita Rafaela tomar providencias sobre eu e Verônica. Seu rosto estava ainda mais diabólico, a impressão e que aquela mulher tinha surgido das profundezas do inferno. Minha vontade era matar a Rafaela, mas eu não tinha força suficiente nem para me levantar do chão.

Ana Laura e Roberta terminavam de tirar as fotos das paredes, eu olhava para as duas, retirando nossos vestígios de adultério das paredes, e a cada milésimo que se passava, a ira tomava conta do meu ser, eu me levantei e cuspi na cara de Rafaela, porque era isso que ela merecia. Ela não teve reação. Ela apenas gargalhava como uma pessoa mentalmente desequilibrada. Pedi para Daniel e Marcos me acompanharem até a sala de Verônica, mas, eu estava sem forças para continuar a andar, Marcos e Daniel me arrastavam, eu não sabia como e nem o que eu iria dizer a ela. Depois de tudo o que havia ocorrido na noite anterior, eu me sentia tão perto dela, tão pertencente a ela, e agora estava tudo acabado.

ElloraOnde histórias criam vida. Descubra agora