O casamento
A bela mulher, agora com 48 anos, subia ao altar pela segunda vez. Estava linda com os cabelos loiros soltos e esvoaçantes. Trajava o mesmo vestido de noiva de quando se casou pela primeira vez em 1921. O véu arrastava-se pelo corredor da igreja em que se encontravam pouquíssimos convidados. Apenas os Lipschutz (com a intrometida da Hanna) e o padre Heiner que celebraria o casamento. O tio Bernd estava com problemas de saúde e não pôde fazer a longa viagem de Dresden até Stuttgart.
Quando Edith sentiu a robusta mão de Strauss tocar a sua para por a aliança, sua memória a levou para 1921 quando firmava tais laços com Wichard. Era tão diferente. Ela era tão imatura naquela época. Lembrou-se do beijo seco que recebeu no casamento com Wichard. De suas mãos ásperas e de sua frieza. Como pôde ter se apaixonado por ele? Mas então, por que estava lembrando-se dele em seu casamento com Strauss? As Renascenças do passado...
Chegaram na mansão totalmente sozinhos. Samuel estava na casa dos Lipschutz.
Foram para o quarto. Aquele mesmo que ela dormia ao lado de Wichard.
Enquanto não estavam casados, Strauss respeitou Edith fielmente. Eles não dormiam juntos e apenas se beijavam discretamente. Mas agora estavam casados. Eram marido e mulher.
Edith congelou-se. Nunca esteve com ninguém além de Wichard Schmidt. Outro homem nunca lhe tocara. Ela estava um pouco nervosa.
Strauss trazia uma garrafa de vinho e duas taças. Colocou-as no criado mudo, aquele em que estava a carta suicida de Wichard, e posou as mãos nos ombros de Edith. Começou a massageá-los. Edith suspirou. Strauss foi percorrendo seu corpo e ela foi se arrepiando suavemente. Recebeu um beijo na nuca e outro na face. Fechou os olhos e começou a flutuar em seus próprios devaneios. Seria possível uma mulher de 48 anos ser tão feliz assim? Depois de perder a filha e o marido para uma guerra catastrófica?
Sentiu vontade de falar com Wichard naquele momento. De mostrar a ele como uma mulher deveria ser tratada. Mas ele estava morto e nem tinha túmulo para que alguém fosse lá fazer lamúrias. Tentou evitar pensar em Lisie e no que ela diria se visse aquilo tudo. Mas o sorriso doce e singelo da filha lhe renascia na mente.
Strauss era o verdadeiro homem para ela. Sentia isso toda vez que eles estavam juntos e que faziam amor ou que passeavam pela Stuttgart. Quando ele lhe trazia flores ou bombons. Ela era uma mulher completa aos 48 anos. E agora desfrutaria de sua nova vida sem Lisie ou Wichard, com Strauss e Samuel e esse era só o começo...
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Renascenças da Guerra
Historical FictionCinco anos se passaram desde que a Segunda Guerra Mundial acabou. Os acontecimentos da guerra agora repercutem pelo mundo e uma nova ordem mundial está surgindo pouco a pouco: a Guerra Fria. Agora Caleb Lipschutz é um sobrevivente do Holocausto e se...