14 - Samuel

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À procura de Lisie

Nana vinha tendo dores de cabeça.

Pelo menos uma vez por semana ela ia ao médico e vivia tomando remédios constantemente. Na maioria das vezes, Samuel a via chorando. Quase não comia nada e ia ao cemitério com mais frequência.

Ela voltava e se trancafiava no quarto.

— Acho que Strauss está morto. — ela comentou certa vez com o filho adotivo.

— Não Nana, ele não está.

— E como você sabe? Como tem certeza? É impossível saber!

Samuel não sabia como ajudar Nana, mas ele e Caleb já estavam planejando uma ida à Berlim para tentar atravessar o muro e retirar Strauss e o tio Bernd de lá.

Aliás, Caleb fazia visitas regulares. Quase todo dia ele estava na mansão. Ele ia ao quarto que foi de Lisie, passava a mão na colcha de borboletas e observava a penteadeira. Ele olhava tudo dentro do quarto e Samuel o espionava do lado de fora pela fresta da porta.

Caleb, então, desceu até o porão secreto e por lá ficou longos minutos. Regressou chorando. Por fim, foi até a janela e ficou lá olhando as árvores e sentindo o vento. Ao perceber que Caleb iria sair do quarto, Samuel mais que depressa desceu as escadas da mansão. Não queria ser visto.

Ele estava esperando para buscar Rachel na escola que lecionava para irem ao cinema. Estava ansioso e suas mãos suavam. Os dois se amavam muito e isso não era novidade para ninguém.

— Samuel, quero conversar com você. — era Caleb que vinha descendo as escadas bem devagar.

— Pois não. — respondeu Samuel.

— Tenho um presente para você. Para você e para Rachel na verdade.

Samuel ficou surpreso. Não fazia ideia do que poderia ser.

— Por favor, diga.

— Quero dar a vocês toda a cerimônia do casamento. Tudo mesmo. Até o vestido de noiva para a Rachel. Será em novembro, o que você acha?

Samuel ficou muito contente com aquele presente. Ele e Rachel já estavam planejando o casamento e seria uma honra poderem se casar antes mesmo do fim do ano. Era um enorme presente aquele de Caleb.

— Não sei como agradecer...

— Não precisa. Vocês merecem. Merecem toda a felicidade do mundo.

Caleb e Samuel se abraçaram. Nada no mundo se comparava a alegria que Samuel sentia naquele momento. Mas, ele se lembrou de um pequeno detalhe...

— Você e Hanna não iriam se casar em novembro?

Caleb, que já estava na porta, virou-se para trás e olhou com uma expressão franca para o rapaz:

— Nós não iremos nos casar mais.

E saiu porta a fora deixando Samuel bastante intrigado.

Renascenças da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora