Capítulo 13

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João Henrique apressou-se. Estava impaciente para ver Antonieta. Naquela noite,
pretendia falar com ela longamente. Fazê-la compreender que a situação
precisava mudar. Aquela vida boêmia não tinha sentido. Não que eles não
pudessem sair de vez em quando para as noitadas alegres das quais ela tanto
gostava. Mas, a vida não se resumia apenas nisso. Eles haveriam de constituir
uma família, viver vida regular, como todas as pessoas. Antonieta o amava muito
e acabaria por compreender. Deu os últimos retoques nos cabelos e olhou-se no
espelho satisfeito. Estava elegante e muito bem vestido.
Desceu as escadas apressado. Sua mãe, no hal , o interpelou:
- Vai buscar Antonieta?
- Não, mamãe. Hoje não viremos ao sarau.
Maria Helena não perdeu a oportunidade.
— Tenho a impressão de que sua noiva não gosta de freqüentar nossa casa.
Nunca mais apareceu em nossos saraus.
Ele fez um gesto vago:
- Não é isso, mãe. Temos tido alguns compromissos inadiáveis.
Hoje pretendemos ficar em casa e programar nosso futuro. Temos saído muito
e estamos cansados. Na semana que vem, viremos com certeza.
- Está bem, meu filho. Fica para a outra semana. João Henrique saiu apressado.
Maria Helena suspirou resignada. Nada podia fazer. Circulou pelos salões,
ultimando os detalhes. Os amigos já começariam a chegar.
Luciana estava no quarto de Maria Lúcia, observando-a enquanto se preparava.
- Você está linda - disse. - Esse vestido assenta-lhe muito bem.
Maria Lúcia corou de prazer.
- Eu o escolhi.
— Você tem muito bom gosto,
— Obrigada. Vamos descer. Mamãe faz questão da pontualidade Vendo a filha aparecer no salão, Maria Helena sorriu satisfeita. Ela estava linda.
— Você está muito elegante — disse. — Luciana escolheu o seu vestido?
— Não, — apressou-se em responder Luciana. — Também gostei muito dele, D.
Maria Helena. Maria Lúcia tem muito bom gosto.
Maria Helena não respondeu. Ainda tinha suas dúvidas, mas o que lhe importava
era que agora sua filha estava apresentável. Qualquer mãe se orgulharia dela.
Luciana, de repente, levou a mão à testa e empalideceu.
— O que foi, não se sente bem? — indagou Maria Helena com Preocupação.
Luciana fechou os olhos por alguns instantes e não respondeu. Quando os abriu,
as duas olhavam-na assustadas.
— O que foi? — perguntou Maria Lúcia.
— Nada, — balbuciou a moça. — Já passou. — Sua voz estava um pouco ansiosa
ao perguntar: — João Henrique onde está?
— O que aconteceu? Por que pergunta? Não estou entendendo... — disse Maria
Helena, admirada. Ele está em casa?
— Não. Acaba de sair. Foi à casa de Antonieta.
— Ele vai precisar muito do nosso apoio. Vamos pedir a Deus por ele.
A voz de Luciana estava firme.
— O que está acontecendo? — perguntou Maria Helena, angustiada.
José Luiz chegara e vendo-as aproximou-se curioso.
— Vai acontecer alguma Coisa que o deixará perturbado. Sinto que ele precisa de
oração.
— Meu Deus! É estranho! — fez Maria Helena. — Como pode saber?
- A mãe dela costuma avisá-la das coisas – esclareceu – Maria Lúcia. – Já aconteceu antes.
Maria Helena olhou o marido sem saber o que dizer. Luciana sempre
lhe parecera equilibrada.
Vamos rezar -- pediu Luciana fechando os olhos e permanecendo silenciosa.
- Vamos rezar -- disse José Luiz com seriedade. -- A prece é sempre um bem.
Todos fecharam os olhos e permaneceram orando. Ao fim de alguns minutos,
Luciana abriu os olhos dizendo:
- Graças a Deus. Ele está protegido.
Maria Helena desejava saber.
- Que perigo é esse que João Henrique corre?
- Não sei, D. Maria Helena. Senti que ele não está bem. Sofreu uma grande
contrariedade. A oração ajuda muito nesses casos.
Maria Helena olhou o marido interdita.
- Não se preocupe - tornou Luciana - não acontecerá mais.
Os amigos começaram a chegar, e Maria Helena com o marido apressaram-se
a recebê-los.
O sarau decorreu animado e várias pessoas, como habitualmente apresentaram-
se tocando, declamando poesias, cantando. Quando José Luiz preparava-se para
encerrar as apresentações, Luciana levantou-se e dirigindo-se ao piano anunciou:
- Senhoras e senhores, tenho a alegria de apresentar-lhes minha aluna, Maria
Lúcia, que executará modinhas de Ernesto Nazaré.
Um zunzum de curiosidade encheu a sala, enquanto Maria Helena, entre a
preocupação e a surpresa, trocava olhares com o marido.
Luciana tomou Maria Lúcia pela mão e conduziu-a ao piano dizendo-
lhe baixinho:
- Ficarei aqui a seu lado. Toque sentindo a música, como ontem.
A moça, um pouco trêmula, sentou-se ao piano e começou a tocar. Seu coração
batia descompassado e ela pensou: “Não há ninguém aqui. Só eu e Luciana. A
música e eu”.
A execução que se iniciara tímida foi se firmando, e ela tocou a valsa e
ao terminar, os aplausos foram insistentes e entusiásticos.
Os olhos de Maria Helena brilhavam quando ela tocou o chorinho com graça e
emoção. Quando acabou, as pessoas aplaudiam, pedindo bis ínsistentemente.
Luciana disse emocionada:
— Toque de novo. Foi um sucesso.
Maria Lúcia, rosto corado, sentindo a alegria vibrar no coração,
executou novamente o choro, com entusiasmo. Quando terminou, foi muito
aplaudida e abraçada por todos. Maria Helena sentia-se comovida. Nunca
permitira esse tipo de música em sua casa. Mas era inegável que,
surpreendentemente, sua filha as executara bastante bem. Luciana era realmente
milagrosa.
— Maria Helena, hoje o sarau foi muito bom. Nunca esteve tão alegre!
— Foi o melhor dos saraus! Que beleza! Estava Ótimo. Minha filha gostaria de
ter vindo.
O entusiasmo e a alegria das pessoas foi grande e se referiam a Maria Lúcia
com admiração e carinho.
José Luiz sentia-se feliz. Luciana transformara Maria Lúcia em uma artista.
Acontecera um milagre. Aproximou-se dela dizendo:
— Você fez de Maria Lúcia uma artista.
Luciana sacudiu a cabeça.
— Não concordo. Ninguém conseguiria isso, se ela não tivesse talento. Apenas
ajudei a descobrir sua verdadeira personalidade. Ainda tem mais. Aguarde novas
surpresas.
— Depois desta, acredito em tudo quanto me disser. O que ainda falta acontecer?
— É segredo. Quando chegar a hora, saberá.
Maria Lúcia sorria feliz. Jarbas e Ulisses a fitavam com admiração.
— Você é maravilhosa — disse Jarbas sem conter o entusiasmo.
Estava apaixonado por Maria Lúcia. Adorava seu sorriso, o brilho de seus olhos,
seu jeito meigo de dizer as coisas, a brejeirice que transparecia em alguns
momentos, faziam-no supor que ela guardava ainda novos segredos que ele sentia vontade de desvendar. Não lhe passava despercebida a predileção dela por Ulisses. O amigo, no entanto, estava ardentemente apaixonado por Luciana.
Esperava que com o tempo, Maria Lúcia acabasse por desiludir-se e então, ele
teria sua chance.
Quando saíram, Ulisses despediu-se de Jarbas dizendo-se cansado.
Fingiu ir embora, mas escondeu-se na rua próxima. Precisava falar a sós
com Luciana. Não queria perder a oportunidade. Maria Helena sempre mandava
o seu carro levá-la em casa. Estugou o passo e tomou um carro de aluguel
para chegar depressa. Sabia onde ela morava. Desceu nas proximidades da casa
e esperou. Quando a viu chegar, entrar no jardim, e o carro saiu, aproximou-
se chamando-a:
- Luciana!
Amoça voltou-se surpreendida.
- Você? O que deseja?
- Falar-lhe.
- É tarde. Preciso entrar. Vovó está me esperando.
- Por favor. Só um momento. Estou desesperado! Se não me quiser, faço uma
loucura.
Luciana aproximou-se do portão.
- Não seja criança. Conversaremos outra hora.
Ele agarrou a mão dela com paixão.
- Deixe-me entrar. Abra o portão! Não agüento mais sua indiferença.
- É muito tarde. Por favor, vá se embora. - disse ela tentando soltar a mão que
ele segurava com força através das grades do portão. - Está me machucando.
Não compreende que eu não desejo nada com você?
- Por quê? Será que o entusiasmo que Maria Lúcia tem por mim a impede de me
aceitar?
— Não se trata disso. Quem pôs essa idéia em sua cabeça?
— Por que não? Maria Lúcia me quer. Você faz tudo para agradá-la. Ainda não entendi por quê. Qual seu interesse por ela? Freqüentar as altas rodas? Eu tenho
posição e nome. Minha família é tão importante quanto a dela. Posso dar-lhe tudo
isso se me quiser.
Luciana ficou furiosa. Sua aversão por ele aumentou. Num gesto decidido, puxou
a mão e disse com raiva:
— Está enganado, Ulisses. Compreenda que não me interesso por você nem pelo
seu nome de família. Deixe-me em paz.
Virou as costas e rapidamente galgou a varanda batendo na porta. Antes de
entrar, ouviu-o dizer:
— Você me paga. Hei de descobrir o que está por trás desse seu interesse. Não
brinque comigo. Pode se arrepender.
Luciana fechou a porta, e Egle que a esperava, abraçou-a preocupada.
— Filha, o que aconteceu?
Amoça contou-lhe, e ela decidiu:
— De agora em diante, não irá sozinha aos saraus. Eu irei com você.
Luciana beijou-lhe o rosto carinhosamente.
— Obrigada, vovó. Você tem sido sempre convidada. Será bom participar.
Egle, depois da morte de Suzane, afastara-se do convívio social. Agora, percebia
que não poderia abster-se. Luciana precisava de sua guarda e ela não lhe faltaria.
Com entusiasmo, Luciana relatou-lhe o sucesso de Maria Lúcia. — Dentro em
pouco, ela não precisará mais de mim, — disse satisfeita.
— Você gosta muito dela.
— Gosto, vovó! É como uma flor que está desabrochando.
— Está se apegando a toda família.
— É verdade. São pessoas que admiro e respeito. Amo meu pai, admiro
João Henrique, tão inteligente. Tanto ele como a mãe têm nobres sentimentos.
Vovó, sinto que ele não está bem. Tive um dos meus pressentimentos. Eu o
vi desesperado, apertando a cabeça entre as mãos.
— É preciso rezar, filha. Você nunca se engana.
— Faço votos que desta vez tenha me enganado. Sabe como acontece. Não pude
esconder. Maria Lúcia, a mãe, meu pai notaram. Rezamos juntos.
— Vou rezar também. Nada acontecerá a ele. As duas recolheram-se para
dormir.
No dia seguinte, à tarde, a sineta da porta tocou com certa insistência. Maria
Helena entrou assim que a criada abriu. Egle recebeu-a gentilmente.
— Desculpe vir sem avisar, — disse ela após os cumprimentos. — Estou muito
nervosa. Posso falar com Luciana?
— Claro.
Luciana atendeu prontamente.
— D. Maria Helena, o que aconteceu?
— Preciso da sua ajuda. João Henrique desapareceu. Não voltou para casa
ontem à noite. José Luiz saiu para procurá-lo. Foi imediatamente em casa de
Antonieta e lá recebeu a informação de que a casa estava vazia. Ela
havia viajado sem dizer para onde. Estamos aflitos.
Luciana olhou para a avó preocupada.
— Ele teria viajado com ela? — perguntou Egle.
— Pensamos que não. Saiu com a roupa do corpo e sequer dispunha de dinheiro
para isso. Luciana, você pressentiu que algo ia acontecer. Pode nos ajudar?
— Sente-se, D. Maria Helena. Vamos pensar com calma, confiar em Deus.
Maria Helena sentou-se dizendo:
— Não sabemos o que realmente aconteceu. Se ela partiu sem avisá-lo, ele deve
estar desesperado. Infelizmente, nos últimos tempos, vive obcecado por essa
mulher. Temo que cometa alguma loucura.
— Deus não há de permitir — tornou Egle. — Talvez ele esteja em casa de
algum amigo, tenha bebido um pouco a mais, sabe como são essas coisas.
— Pensamos nisso. José Luiz esteve com seus amigos e ninguém sabe dele. — A senhora o viu ontem quando saiu? — inquiriu Luciana.
— Sim. Pedi-lhe para trazer Antonieta ao nosso sarau. Ele respondeu que
pretendiam ficar em casa conversando, estavam cansados, viriam na próxima
semana.
— Está claro que ele não sabia que ela pretendia viajar.
— Isso é o que me preocupa. Se ela o deixou dessa forma, ele deve estar
desatinado.
— Vamos pedir ajuda a Deus — sugeriu Egle. — Ele tudo sabe e tudo vê. Por
certo virá em nosso auxilio.
— Tem razão, vovó.
— Vamos para nossa saleta, — propôs ela.
Acomodadas em agradáveis poltronas na sala graciosa, Egle proferiu uma prece,
pedindo a ajuda de Deus. Quando ela se calou, Luciana levantou- se e
aproximando-se de Maria Helena colocou a mão direita sobre sua testa dizendo
com voz suave:
— Acalme seu coração. A desilusão é força que muitas vezes se manifesta com
violência, parecendo arrasar tudo por onde passa. Contudo, ela traz consigo a
revelação da verdade, que com o tempo fará renascer em seu lugar, as flores da
alegria e do bem. Guarde seu coração em paz. Confiemos em Deus.
Luciana sentou-se e abriu os olhos.
— Sente-se melhor? indagou EgIe.
— Sim, respondeu Maria Helena. A prece fez-me muito bem.
— Vamos tomar um chá. A mensagem foi de confiança —disse Egle saindo para
providenciar.
— O que ela quis dizer? — perguntou Maria Helena.
— Que precisamos confiar. Deus nos ajudará.
— Isso eu sei. Mas o que precisamos fazer? Quero encontrar João Henrique.
— Vamos tomar o chá — disse Luciana. — Se tivermos que fazer alguma coisa, Deus nos guiará.
Maria Helena olhou-a admirada. De que forma Deus as guiaria? Notou que
Luciana estava um pouco diferente. Seus olhos pareciam fixos em um ponto
distante. Guardou silêncio. Egle serviu o chá e ao estender a xícara para
Maria Helena disse:
— Beba, D. Maria Helena. Vai fazer-lhe bem.
Serviu-se por sua vez, mas não se dirigiu a Luciana. As duas tomaram o chá em
silêncio. Depois de alguns minutos, Luciana deu um salto do sofá.
— Eu sei onde ele está — disse.
— Sabe? — indagou Maria Helena, admirada.
— Sim. Vamos buscá-lo. Está com o carro aí?
— Estou.
— Então vamos.
— Vou com vocês — disse Egle saindo para apanhar a bolsa e o chapéu.
Com o coração aos saltos, Maria Helena as acompanhou. Parecia-lhe loucura
agir assim, mas Luciana estava decidida. Uma vez no carro, Maria Helena
perguntou:
— Onde ele está?
— Vi o lugar, mas não sei onde fica. Não se preocupe, mamãe está aqui e nos
guiará.
— E dirigindo-se ao motorista disse:
— Pode seguir até o fim da rua e virar à direita.
Maria Helena sentiu-se inquieta. Era loucura. Um morto não podia aparecer
assim, sem mais aquela e ensinar as coisas. Olhou a fisionomia de Egle e ela
estava calma. Acreditaria naquilo? Egle olhou-a e vendo-lhe o olhar perturbado,
disse com um sorriso:
— Não se preocupe. Luciana sabe o que está fazendo. Vamos ajudar com nossa oração e confiança em Deus. O mais importante é encontrar seu filho. Não é isso o que quer?
— Sim. É isso o que eu mais quero no mundo.
— Então reze e confie.
Maria Helena obedeceu. Rezou de todo coração pedindo ajuda para
João Henrique. Luciana imperturbável dizia ao motorista por onde deveria ir.
Passaram marginando as praias. O local era deserto e as casas tinham
ficado para trás. Luciana pediu:
— Bem devagar, por favor. Deve ser por aqui.
— Santo Deus, não há viva alma!
— Calma, D. Maria Helena. Vamos encontrá-lo. Pare aqui, por favor.
Vamos descer e dar uma olhada. Ele está sentado no chão, encostado em
uma pedra. — Santo Deus, — gemeu Maria Helena, assustada.
Luciana saiu do carro e as duas a seguiram. O terreno era irregular, e o mar
bramia com certa violência. Ao passarem por uma das rochas que havia no
local, elas depararam com João Henrique. Sentado no chão, encostado em uma
elevação do terreno, olhos fechados parecendo dormir, roupas em desalinho,
sujo e descomposto, lá estava ele.
Maria Helena não se conteve:
— Meu filho! Deus do céu, o que aconteceu?
Debruçou-se sobre ele chamando-o com insistência. Ele não acordava. Egle
tornou:
— Vamos chamar o motorista e colocá-lo no carro.
Luciana foi até o mar e tirando uma echarpe que trazia ao pescoço, molhou-a e
torcendo-a voltou colocando-a sobre a testa do moço. Ao contato da água, ele
abriu os olhos um tanto alheio.
— Graças a Deus. Meu filho, fale comigo, o que aconteceu?
Ele olhou-as incerto, e Luciana disse com voz firme:
— Está tudo bem, João Henrique. Tudo bem. Vamos para casa. Você precisa de repouso.
Ele fez menção de levantar-se, mas não conseguiu. Luciana passou seu braço sob
o dele dizendo:
— Apóie-se em mim. Vamos para casa.
Maria Helena ia dizer algo, mas Luciana fez-lhe sinal para que se calasse. Ela
obedeceu. Auxiliado pelas três, ele conseguiu erguer-se e caminhar lentamente
para o carro.
Luciana conversava com ele repetindo que tudo estava bem. Vendo-
o acomodado no carro entre a mãe e Luciana, Egle sentada na frente ao lado
do motorista disse com alegria:
— Em nosso coração só deve haver a satisfação do reencontro.
Os esclarecimentos virão depois, quando for oportuno. Não nos esqueçamos da gratidão. Vamos pensar em Deus.
Maria Helena fechou os olhos e silenciosamente começou a rezar.

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