João Henrique estugou o passo, dizendo a Jarbas:
— Vamos que não é delicado chegarmos atrasados. Logo ao jantar! É horrível.
Jarbas sorriu e considerou:
— Foi você quem demorou para se arrumar. Agora fica me apressando!
— Os Albuquerques são pessoas de classe, estão nos fazendo uma gentileza.
— Você parece muito animado com este jantar. Faz tempo que não o vejo tão
bem-disposto.
— Minha mãe ensinou-me as normas da boa educação. Esse jantar é em nossa
homenagem.
— Está bem. Vamos lá. Tocaram a sineta e o criado abriu, convidando-os a
entrar.
Na sala de estar, o coronel e Pérola apressaram-se em abraçá-los.
— Sejam bem-vindos, meus filhos. Que prazer! — disse Pérola com alegria.
— Espero não estar muito atrasado! — desculpou-se João Henrique.
— Não está não. Aceita um estimulante?
— Obrigado, coronel. Aceito.
Ele os serviu com prazer. Era especialista em vinhos e adorava apreciá-los com
os amigos.
— Sentem-se por favor. Os dois acomodaram-se e a conversa fluiu agradável.
Minutos depois, Marianinha e Ester apareceram na sala. Os rapazes levantaram-
se para cumprimentá-las.
— Então — perguntou João Henrique — já se recuperou?
— Estou tentando. Não nego que foram maus momentos. Gostaria de poder esquecê-los.
— Marianinha sempre foi a corajosa e eu, a medrosa — disse Ester com um sorriso — Mas agora, ela não gosta de dormir sozinha no quarto.
— Depois do que ela passou, é natural, — disse João Henrique.
— Se fosse comigo, nem sei como estaria! Só de pensar nisso, fico apavorada.
— Não há perigo de nada — garantiu o coronel. — Ulisses está preso e cuidarei
para que não saia de lá tão cedo.
— Pelo menos até que ele esqueça o que aconteceu — disse Jarbas.
— Por que diz isso? — indagou Mariana.
— Ulisses não gosta de perder. Sempre vai à forra. Desta vez chegou a perder até
a liberdade. Pelo que sei sobre ele, é bom mesmo que fique lá, pelo menos até
esquecer o que houve.
— Pensa que ele tentaria alguma coisa mais? — indagou Pérola, assustada.
— Não sei, D. Pérola. Pode ser que a lição tenha sido suficiente. Em todo caso, é
bom não facilitar.
— Pode crer que estou vigilante. Ficará lá por uns tempos. — garantiu o coronel
determinado.
— Falemos de coisas mais agradáveis — propôs João Henrique. — Esqueçamos
aquele lamentável incidente.
— Não esquecerei nunca — disse Mariana com um brilho emocionado nos olhos.
— Foi isso que nos aproximou e fez-me perceber quem são os meus verdadeiros
amigos.
— Tem razão — aduziu Pérola. — Pelo menos, esse foi o lado bom.
Recebemos vocês dois em nossa casa e nos tornamos
verdadeiramente amigos. Os rapazes sorriram satisfeitos. O ambiente dos
Albuquerques era tão agradável que eles se sentiram muito bem lá. O jantar foi
magnífico e João Henrique pensou em sua mãe. Ela sabia escolher muito bem
seus amigos.
Depois do jantar, os dois rapazes foram com as duas moças para sala de música,
enquanto o coronel e Pérola jogavam uma partida de xadrez. João Henrique
estava alegre, animado. Enquanto Jarbas e Ester colocavam discos na vitrola, cantarolando as músicas em voga, João Henrique conversava com Marianinha.
Olhando para ela, ele não podia esquecer a beleza do seu corpo semidespido. Ela
era realmente bonita. Tendo-a tão próximo de si, sentiu vontade de tocá-la, beijar
seus lábios carnudos e entreabertos. Conteve-se a custo. Ela era moça de família.
— Compreendo porque Ulisses se apaixonou por você! —disse quase sem pensar.
— Por quê?
— Você tem muita força de atração. Ele não resistiu.
— Espero que não pense que eu tentei conquistá-lo. Nunca senti nenhuma
atração por ele.
— Ele ficou louco por você!
Ela sacudiu a cabeça.
— Não sei, não. Pelo que soube a respeito dele, penso que o dinheiro de meu pai
foi que despertou essa paixão louca.
João Henrique riu francamente. Ela estava certa em parte. Conversaram sobre
outros assuntos, e João Henrique encantou-se quando descobriu que o coronel
sonhava em melhorar o Rio de Janeiro, tinha alguns projetos e que ela o ajudava
muito nesse mister.
Era estudiosa dos costumes e sonhava poder melhorar a cultura, a vida do povo,
fazer do Rio de Janeiro um lugar maravilhoso como as grandes capitais do
mundo.
— Quando eu estudava na França — comentou ela — aprendi muito com a
educação do povo, seu amor pela cidade, e sonho tornar o nosso Rio
tão privilegiado, tão lindo, uma cidade limpa, educada, como Paris, para
a admiração e a alegria de todos. É muito agradável morar em uma
cidade civilizada. Sou admiradora ardorosa da nossa cidade que considero uma
das mais belas do mundo.
João Henrique não escondeu seu entusiasmo. Encantado, falou de seus projetos e
os dois empenharam-se no assunto que nem perceberam o adiantado da hora. Foi
Jarbas quem lembrou ao amigo que precisavam ir embora. Ao despedir-se, Marianinha lembrou:
— Gostaria de continuar nosso assunto. O tempo passou tão depressa! Que pena! Papai adoraria falar com você sobre isso.
— Voltarei um outro dia — prometeu João Henrique com prazer.
Uma vez na rua, Jarbas considerou:
— Foi uma noite muito agradável!
— Maravilhosa!
— Pelo jeito, pretende voltar logo.
— Claro. Você não?
Jarbas olhou o amigo, pensou um pouco, depois disse:
— Não. Sinto-me bem, vendo-o tão animado. Fez-lhe bem. Marianinha é uma
moça muito atraente e culta. Mas eu preciso confessar-lhe uma coisa.
— O que é?
— Você é meu melhor amigo, meu companheiro no trabalho, não
posso esconder a verdade.
— Fala logo, o que é?
— Estou apaixonado por Maria Lúcia. Desde nosso baile de formatura que eu
gosto dela.
— Você! Por que nunca me disse nada?
— Porque eu pensava que ela gostava do Ulisses. Mas agora, ela está gostando de
mim, e eu estou mais apaixonado a cada dia.
— Tem certeza disso?
— Tenho. Gosto do seu olhar, do seu sorriso, do seu jeito doce. Se ela me aceitar,
eu pretendo casar-me.
João Henrique abraçou o amigo emocionado.
— É mesmo sério!
— É. Vou esperar um pouco mais. Ela está despertando para a vida.
Não pretendo aproveitar-me da sua ingenuidade. Se ela me amar de verdade,
serei o mais feliz dos homens. Por isso, pretendo estar ao lado dela o mais
que puder. Pretendo conversar com seus pais e pedir permissão para isso.
— Aminha você já tem. Se vocês se casarem, será a felicidade total. Meus pais
adoram você.
— Obrigado, amigo.
— Vamos acabar parentes.
— Deus o ouça!
José Luiz chegou em casa e encontrou Maria Helena na sala de estar.
Sentia-se magoado e triste. Como ela se deixara enganar desse jeito? Por que não
lhe contara nada e ainda lhe mentira? A injustiça com Luciana doía-lhe. Ela
havia se dedicado em ajudá-los e não merecia essa desconfiança. Graças a ela,
Maria Lúcia saíra da depressão, João Henrique superara sua crise e até os dois,
ele e ela, haviam aprendido a se amar e a viver melhor.
Ele sentia-se ferido. Apesar de seus erros passados, sempre respeitara a família.
Julgá-lo capaz de tanta desfaçatez machucava-o.Maria Helena, vendo-o, notou
que ele não estava bem. Porém, não disse nada. Foi ele quem falou com ar sério:
— Venha, Maria Helena. Precisamos conversar.
Dirigiu-se ao quarto, ela o acompanhou com o coração aos saltos. O que teria
acontecido? Teria ele descoberto que ela sabia de tudo? Uma vez no quarto, ele
fechou a porta a chave, puxou-a para a cama, fazendo-a sentar-se a seu lado. Ela
não disse nada. O ar sério do marido fazia- a sentir que precisava acautelar-se.
Ele começou:
— A nossa conversa será franca e sincera. Já é tempo de esclarecermos o que
vai em nosso coração e sinto que não dá mais para vivermos juntoscomo até
agora, escondendo nossos sentimentos, numa situação falsa que nos distancia e
separa.
Maria Helena, pálida, pensou angustiada: — “Ele vai dizer que ama outra mulher.
Que não me ama mais e que vai embora! “Sentiu as pernas trêmulas ecoração
batendo descompassado. Não desejava perdê-lo! Mesmo sabendo que ele tinha
outra, pelo menos queria tê-lo ao lado, cuidar dele, ter a ilusão de ser amada.
— Não faça isso. — balbuciou com voz apagada. — Deixe tudo como está. —
Não posso. Não é esse o tipo de vida que eu desejo para mim.
Descobri que estou vivo. Que posso amar e ser feliz. Pensei haver
encontrado tudo isso. Agora, porém, sei que estava enganado. Você disse que me ama, mas me julga um canalha. Não posso aceitar isso. Sempre a admirei pela
sua dignidade, sua postura, sua honestidade e agora, descobri que isso não
era verdade. Você me enganou e não confiou em mim.
— Por que me censura? Você a quem dei tudo de mim e que me humilhou tão
cruelmente?
— Nunca a humilhei. Confesso que nosso casamento foi um erro. Que eu amava
outra mulher a quem preferi deixar, interessado em posição social, poder,
dinheiro. Nessa hora, Maria Helena, estou cansado de mentiras e quero que me
veja como sou. Fui falso, cruel, usei você para alcançar meus fins. Claro que
você me atraia, senão não teria sido possível a união. Mas amar, eu amava outra.
Era jovem e cheio de ilusões. Pretendia casar e continuar meu amor com
Suzane.
Maria Helena, braços caídos ao longo do corpo, ouvia calada e as lágrimas
desciam-lhe pelas faces pálidas. Ele prosseguiu, não se poupou,contou tudo.
Como procurara Suzane, seu tormento, seu remorso, seu amor infeliz, sua busca
incessante.
— Eu não vivi. Fiquei parado no tempo, cheio de remorsos e me culpando a cada
dia. Até que eu soube que ela havia morrido. Consegui o endereço do túmulo e,
numa tarde de domingo, fui até lá. Levei flores, ajoelhei-me e chorei sobre sua
sepultura. Foi aí que encontrei Luciana. Estava intrigada porque eu chorava no
túmulo de sua mãe. Conversamos. Pelas datas, cheguei a conclusão de que ela
era minha filha.
Maria Helena deu um pulo sobressaltada:
— Filha?
— Sim. Minha filha. Acompanhei-a à casa e tive a certeza. D. Egle não pôde
esconder a verdade. Pedi-lhe perdão. Falei do meu arrependimento. Mostrei-me
disposto a reconhecê-la publicamente como minha filha. Ela delicadamente não
aceitou. Não desejava molestar minha família.
— Meu Deus! Quem podia supor isso?
— Concordei. Mas não podia deixar de fazer alguma coisa. Comprei uma casa,
dei-lhe uma mesada. Cedo descobri que tinha uma filha de alma nobre
e bondosa, inteligente e linda. Se quer saber, foi ela quem mudou minha
vida. Transformou-me. Com ela voltei a viver. Eu estava parado no tempo. Preso ao passado, a um amor impossível. Foi ela quem me fez perceber o quanto estava cego. Foi ela quem me mostrou a felicidade que eu não via e que tinha
nas mãos; o amor dos nossos filhos, o seu amor, a alegria de viver, o prazer de
me sentir digno. Sabe, Maria Helena, depois que me casei com você por
interesse, sentia-me desprezível. Não conseguia me ver como um homem de
bem.
Luciana mostrou-me que eu podia reaver a dignidade perdida, amando-
a verdadeiramente e sendo um pai extremoso para nossos filhos. Dedicou-se a
Maria Lúcia com afeto e ajudou-a a despertar para a vida. Até João
Henrique, ela ajudou. Trata-se de uma moça nobre o bondosa, digna. D. Egle é
uma lady”. Dói-me saber que aceitou a calúnia sem titubear, depois de
haver recebido tanto delas. E eu? Está certo que estava cego. Parado no tempo.
Mas, quando descobri que a amava, fui sincero. Dói-me pensar que você
foi capaz de aceitar que eu houvesse sido tão leviano. Nós confessamos
nosso amor. Por que me ocultou essa calúnia? Por que preferiu acreditar
naquele patife do que esclarecer tudo comigo?
Maria Helena deixou o pranto correr livremente. Cansara-se de reprimir seus
sentimentos. A confissão do marido, sincera e comovida, tocava fundo seu
coração. Por que fora tão cega? Por que se deixara envolver?
Começou a falar sentindo cada palavra:
— Eu acreditei porque vi vocês dois abraçados. Apesar de me dizer que me
amava, eu me sentia insegura do seu amor. Quando nos casamos, eu estava
loucamente apaixonada por você. Delirava de felicidade. Contudo, aos poucos fui
percebendo e sentindo seu desinteresse. Agora compreendo o que acontecia
então. Eu sentia que apesar de casados, você nunca foi meu. Havia uma barreira
entre nós, separando-nos. Todas as noites, aguardava ansiosamente sua visita em
minha cama e muitas vezes chorei a minha solidão até a madrugada.
Surpreendido, ele perguntou:
— Por que nunca me disse? Pensei que não se importasse.
— Um pouco por orgulho, outro pouco pelo receio de perdê-lo.
— Mas isso nos distanciou ainda mais.
— Fui educada severamente. Era o homem quem deveria tomar as iniciativas. A
mulher nunca. Muitas vezes temi sucumbir e mostrar o quanto o amava. Eu me sentia feliz em vê-lo todos os dias, cuidar de suas coisas, de sua alimentação, sair
com você, têlo ao meu lado.
— Você mostrava-se tão fria, tão distante!
— Era minha defesa. Estremecia quando me tocava. Temia revelar o que sentia.
Foi isso que me fez acreditar. A barreira que havia entre nós e que eu não sabia
derrubar, a insegurança de me sentir desprezada, o fato de eu haver ousado
dizer-lhe que o amava, tudo me perturbava e quando Ulisses me escreveu a carta
anônima, pareceu-me verdade. Sempre me perguntara como você se tinha
arranjado. Fazia anos que não me procurava. Um homem não pode ficar sem
mulher. Eu suspeitava que haveria alguma outra. Eu poderia perdoar isso, como
coisa do passado. O que me chocou foi pensar que fosse Luciana. Fiquei louca de
ciúmes. Ela era jovem, linda, como competir? Fiquei desesperada.
— Por que não me disse nada?
— Tive medo. Pensei que estivesse loucamente apaixonado por ela. Se eu
falasse, poderia deixar-me e isso eu não suportaria.
— Preferiu sofrer em silêncio.
— Sim. Não queria prejudicar nossa família. Agora vejo que agi mal. Deveria
ter conversado com você francamente.
— Maria Helena, há muito que deveríamos ter sido sinceros um com o outro.
Agora sei que uma vida em comum precisa ser solidificada na confiança mútua.
Há que haver sinceridade. Durante anos, convivendo, éramos como dois
estranhos.
— Lamento o que aconteceu. Você se diz magoado, mas eu também estou.
Ambos nos enganamos, agimos de forma inadequada, nos machucamos e
sofremos. Mas agora, só uma coisa me preocupa. O que vamos fazer daqui para
frente? Apesar de tudo, meu amor por você continua mais forte e vivo do que
nunca. Tenho medo de perdê-lo. Eu o amo, sincera e apaixonadamente. Você é
digno, bom e inteligente. Eu o admiro. É o que eu sinto de coração. Gostaria que
fizesse o mesmo. Que me dissesse o que sente de verdade. Preciso saber. Não me poupe. Seja honesto.
José Luiz olhou-a nos olhos e colocou as mãos nos braços dela dizendo:
— Eu também a amo. O passado está morto. Suzane tem seu lugar em meu
coração como uma coisa bonita em minha juventude. Mas é você que eu quero agora, que me emociona e faz meu coração bater mais forte. A quem respeito,
admiro, desejo beijar, abraçar, viver junto. Eu quero você. Acho que sempre
quis, sem saber. Maria Helena olhava-o com paixão, e ele a apertou em seus
braços beijando-a repetidas vezes apaixonadamente.
— Esqueçamos o passado — disse ela. — Comecemos uma vida nova daqui para
frente. Podemos ser felizes. Agora, nenhuma sombra há entre nós.
— Penso em Luciana.
Maria Helena ficou pensativa durante alguns instantes, depois disse:
— Estou envergonhada. Devo pedir-lhe que me perdoe. Pobre Maria Lúcia.
Sofreu muito a separação. Houve momentos em que temi que voltasse ao que
era antes. Faltou pouco. É preciso contar-lhe a verdade.
— Ela já sabe. Jarbas levou-a ontem ver Luciana. Foi ela quem lhe contou tudo.
Luciana não sabia de nada.
— Maria Lúcia também sofreu. Mostrou-se solidária comigo. Tivemos uma
conversa. Queria que ela se afastasse de Luciana. Temia que se
recusasse. Surpreendentemente, foi mais fácil do que pensava. Ela atendeu-me
prontamente. Mas, sei que ela sofreu.
— Não foi só a você que Ulisses iludiu. Envolveu Maria Lúcia também. Ela
estava enamorada, e ele fingiu que a amava.
Maria Helena indignou-se:
— Que canalha!
— Queria evitar que ela procurasse Luciana e esclarecesse tudo. Fez-
lhe promessas de casamento, além de dizer-lhe o mesmo que a você, disse que
Luciana o amava e desejava a todo custo impedi-lo de namorá-la.
Estava comigo por dinheiro e o queria para o amor.
— Que ousadia! E pensar que freqüentava nossa casa há anos! Que mau-caráter.
Pobre Maria Lúcia, como deve ter sofrido. Por isso foi tão dócil quando lhe pedi
para não ver Luciana.
— Felizmente ela deu-se conta do seu engano. O noivado de Luciana e o caso de Marianinha ajudaram-na a perceber a verdade. Quando Jarbas a convidou para ir ver Luciana, ela aceitou. Estava cheia de dúvidas!
— Então eles foram lá!
— Foram. Jarbas sabia que ela era também minha filha. Luciana pediu- lhe
ajuda. Sentia que algo de muito grave havia acontecido e desejava saber o que.
Chamou-o, contou-lhe sobre o nosso passado.
— Eu pensei que eles estivessem namorando.
— E estão. Jarbas é apaixonado por nossa filha há tempo. Ela andava iludida com
Ulisses.
— Que horror!
— Agora, está tudo bem. Eles estão se entendendo.
Maria Helena ficou pensativa por alguns instantes, depois disse:
— Como fui tola!
José Luiz aduziu:
— Todos nos enganamos. Agora, não adianta lamentar o passado. Chega de
desencontros. Luciana está certa. Ela diz que a felicidade está no presente. É
preciso aprender a senti-la, valorizá-la. Nós nos amamos, temos uma
familia adorável, conforto, não nos falta nada. Estou cansado de viver no
passado, lamentando por atitudes e decisões que agora já não posso mudar. O
passado já acabou e não volta nunca mais. É tempo de vivermos nossa vida com
a alegria de estarmos juntos, de podermos conviver e tornar nosso tempo
mais agradável. É o que pretendo fazer de agora em diante. Apreciaria que
você fizesse o mesmo. Deixasse de lado os enganos do passado. Passasse
uma borracha no que ficou para trás e sentisse como é bom nos
amarmos, confiarmos um no outro, colocando nossos sentimentos reais e
verdadeiros em nossas atitudes.
Maria Helena olhou-o com olhos brilhantes.
— Sei que tem razão. Também desejo viver a alegria que sinto em perceber que
ainda temos tempo para usufruir do nosso convívio. A imagem que criei de você,
quando nos casamos, não era verdadeira, mas a que imaginei todos esses anos
também não. Hoje conheço você como é e confesso que me agrada muito. Nada pode ser melhor para mim do que estar aqui, com você, agora. Você falou em viver o presente, a felicidade, é isso o que estou sentindo agora. De fato, sou muito feliz.
José Luiz abraçou-a com efusão e sentiu a voz embargada. Seu coração também cantava de alegria e ele prazerosamente deixou-se ficar.
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Quando a Vida Escolhe
SpiritualConheça a história da doce Luciana e aprenda, por meio dessa adorável personagem, que cada um de nós é a própria vida tornando-se realidade. Isso quer dizer que, quando escolhemos, é a vida escolhendo em nós. A vida jamais erra. Assim, seja qual for...