Parte 4

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A viagem

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Lógico que com os meninos no quarto não podíamos fazer muitas coisas, e infelizmente  por um lado eles ficaram no mesmo quarto que Alec e eu impedindo-nos de ter nossas intimidades, contudo a farra ficou ainda mais animada com a presença deles.
E quando queria ficar a sós com Alec arrastava ele comigo lá para casa da árvore onde quando era criança tio Henrique construiu para Mark e eu brincarmos.


No quarto dia em que estávamos lá ouvimos um som de um gemidinho, eu e Alec nos olhamos assustados pois não havia sido nenhum de nós dois apesar de termos motivos para que gemidos saísse de nossas bocas, interrompemos o que estávamos fazendo e ficamos escutando de onde vinha os gemidinhos, fomos seguindo o som até que ouvimos nitidamente, o som vinha de trás de uma árvore próximo ao rio, e ao nos aproximar qual foi a grande surpresa quando vimos uma linda garotinha enrolada apenas em uma manta colorida, ela tremia, estava uma noite fria, ela estava em um cestinho, Alec pegou logo a criança em seus braços a acolhendo junto ao peito dele, olhando para mim assustado, não havia ninguém ali somente a bebê.

Ela tremia tanto que os seus pequenos lábios já começavam a ficar roxos, corremos para a casa principal onde meus tios se encontravam, ligamos para uma ambulância e fomos informados que se ela demorasse mais meia hora no frio poderia ter uma hipotermia, Alec me olhava com os olhos marejados.

_ Como podem deixar uma garotinha tão pequena sozinha?

Ele choramingava, eu queria abraça-lo e consolá-lo, queria poder dizer que estava tudo bem agora, mas meus tios estava ali, bem perto, perto o suficiente para ver que meu abraço seria um abraço não apenas de consolo mais de amor. 

Ao perguntar sobre o nome da criança, nós não tínhamos ideia de como era, Alec sugeriu Anny.

Anny aparentava ter uns três meses, mas não podíamos confirmar com precisão, ela passou por uma bateria de exames e foi diagnosticada com doença infecciosa denominada por Lectospirose, Alec ficou arrasado o resto da noite chorando no meu colo quando já estávamos no quarto com os rapazes, eu tentava consolá-lo, mas só consegui acalmá-lo quando enfim prometi que o ajudaria a adotar Anny.

Prometi, esse tenha sido talvez o grande pivô da nossa separação, pois entramos com a petição, mas devia imaginar que seria muito difícil conseguirmos já que éramos menores de idade, tínhamos dezessete anos e a burocracia para se adotar uma criança era enorme, e alguns quesitos nós não nos encaixávamos, ainda sim passamos a visitar constantemente Anny no orfanato.

Acompanhamos ela a aprender a falar, dar os primeiros passinhos, a dar os braços quando nos via, passamos a vê-la como nossa pequena Anny, mas o juiz ainda negava nosso pedido. Alias o pedido estava no nome apenas do Alec por que não éramos casados e não tinha como uma criança ser adotada por duas pessoas que não tinham laços consanguíneo com a criança, ou laços maritais e nós não nos encaixava em nenhum dos quesito.

Apesar de estar apenas no nome de Alec eu o apoiava em tudo. E foi assim que nos descobriram, foi assim que tudo começou a desmoronar como um efeito dominó.

O advogado que eu havia contratado, acabou ligando na casa de tio Henrique, como eu não estava, tia Claudia disse que me daria o recado:

_ Então dona Claudia, avisa para os meus clientes que eles conseguiram um final de semana com a criança.

_ Seus clientes? _Criança? _Que criança?

_ Sim o sr° Oliver Piacente e o sr° Alec Richter estão requerendo a guarda de uma menina que está no orfanato.

Ele ainda prosseguiu:

_O sr° Alec é o requerente, mas o sr° Oliver está dando o suporte pelo que entendi. Então dona Claudia apenas peça para que ele entre em contato para que eu possa passar as coordenadas para eles buscarem a criança ok.

Quando cheguei meus tios já estavam a minha espera, Mark me olhava com uma expressão estranha como se dissesse que nada estava bem.

Minha tia me olhou e ordenou:

_Sente-se!

_ Oliver, precisamos conversar com você. Que história é essa de que você quer adotar uma criança, junto com o Alec?

Abaixei a cabeça por um segundo, mas movi  em  concordância:

_ Sim, estamos na fila de adoção e vamos conseguir se tudo der certo.

_ Você quer adotar uma criança que loucura é essa Oliver? - Tio Henrique disparou a dizer:

_ Com o Alec?

Ele me olhava como se exigisse uma explicação:

_ O Alec e eu, nós estamos juntos a três anos tio, nós nos amamos.

Mark fechou os olhos e naquele instante eu entendi que nada do que eu dissesse, nada do que argumentasse iriam fazer meus tios entenderem esse amor. Isso ficou ainda mais claro quando tia Claudia se levantou:

_ Você está doido Oliver, onde já se viu estar apaixonado por um rapaz?

_ Seu pai está vindo te buscar, ligamos para ele mais cedo e ele está vindo para cá.

Tio Henrique não dizia nada apenas estava com a mão no rosto, depois virou-se para Mark exasperado:

_ Olha o que o seu amigo fez com a nossa família, levou nosso nome para a lama, eu não quero mais nenhum daqueles garotos aqui ouviu Mark?

_Tio...

_ Nada de tio, eu sei que não sou seu pai, mas eu não admito sem-vergonhismo na minha casa, o que você e esse viadinho fizeram é inadmissível.

_ Não chama o Alec assim tio.

Minha voz se alterava e eu só não parti para cima do meu tio porque fui impedido por Mark:

_ Hei, Oliver calma, não vale a pena. Meus pais estão nervosos e não sabem o que dizem, mas não vai adiantar brigar. É melhor se acalmar, CALMA!

Parte de mim sabia, parte de mim não queria saber que a chegada do meu pai seria impetuosa, e ele não fez por menos, ameaçou, xingou, esbravejou e quase me bateu, só não fez por que tio Henrique deu a ideia de me levar para fora do país.

Eu não queria ir lógico, que não queria ir, mas o meu pai não me deu opção.

Eu sabia que usaria o poder do sobrenome Piacente, para machucar Alec então aceitei fazer um acordo.

Se por um lado eu fosse deixar Alec arrasado, por outro eu lhe traria alegria.

Fiz um acordo com o meu pai, ele usaria o poder que tinha para ganhar a guarda da pequena Anny definitiva e eu aceitaria ir morar com ele fora do país, iria para longe de Alec.

O acordo foi assinado em cartório para que meu pai não voltasse atrás com sua palavra, ele conseguiria a guarda definitiva para Alec e prometia jamais prejudica-lo em nada, e eu iria com ele para fora do país e se casaria com alguém que ele escolhesse.

Jeff e Adriano foram proibidos de andarem na casa de meus tios e até Mark estava sujeito a ir para fora do país se desobedecesse seus pais.

Ficamos os dois intocáveis dentro de casa sem poder sair, sem poder falar ao telefone, sem celulares, sem computados sem nada que pudesse nos levar a Alec.

Assim como meu pai prometeu ele chegou com as documentações de Anny e jogou sobre a mesa dizendo:

_ Minha parte está feita, agora vamos arrume suas malas iremos depois de amanhã para os EUA, e não ouse mudar de ideia, sabe bem do que eu seria capaz de fazer com esse moleque que te desgraçou.

_ Sim eu sei, e eu tenho vergonha de ser seu filho, um homem que é capaz ameaçar o próprio filho é capaz de qualquer coisa.









Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora