Parte 10

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Quando a minha sanidade foi voltando foi que fui me dando conta de que havia me entregado a Oliver de maneira intensa. E como havia sido bom, mas sabia que a partir daquele momento o fato de estarmos separados seria ainda mais doloroso para mim.

Ele estava tomando banho, aproveitei para pegar minhas roupas espalhadas pelo chão e fugi, fugi dali antes de invadir aquele banheiro e amá-lo mais uma vez como se nada importasse.

Já estava quase amanhecendo e eu fiquei andando pelas ruas digerindo o que havia acabado de acontecer, fiquei pensando nas diversas vezes em que Oliver disse que me amava enquanto nossos corpos estavam unidos.

Ah como eu queria que isso fosse verdade, quando cheguei na frente da delegacia ouvi uma voz familiar atrás de mim que me fez tremer:

_ Onde esteve Alec, liguei para o seu celular e você esqueceu ele na minha casa, fiquei com medo de que você não tivesse ido pra casa ai não liguei para os seus pais, onde esteve?

Ele me perguntava:

_ Fiquei andando por ai.

Ele tentou me tocar, eu recuei:

_ Oliver nada do que aconteceu ontem mudou algo entre nós dois.

_ Não mudou Alec?

_ Não!

_ Olhe pra mim Alec, e diga que o que houve ontem não mudou nada dentro de você.

_ O que aconteceu ontem foi apenas.... apenas, oras apenas nada e pronto vamos acabar esse assunto.

_ Apenas nada? _ Tudo bem Alec, que você tenha ficado chateado com o que eu fiz a dez anos atrás eu entendo, que você me queira longe eu entendo, agora dizer que o que nós fizemos é apenas nada... quando sabemos que você treme toda vez que eu me aproximo.

_ Cala a boca.

_ Não, não calo, agora você vai me escutar ok.

Ele me segurou pelos ombros fazendo com que eu o olhasse:

_ Durante todos esses anos em que esteve em coma, eu estive presente na sua vida, constantemente estava ali no quarto daquele hospital vendo você ali deitado imóvel. A nossa Anny, a nossa menina era o único conforto que eu tinha e foi nela que eu me apeguei. Então você volta e me priva de ter você, de participar da sua vida e da de Anny, acha justo, o grande Alec justiceiro me priva de participar da vida de quem eu tanto amo. _ Você quer que eu me afaste depois da noite de ontem, tudo bem Alec eu irei me afastar, mas olhe para mim, olhe nos meus olhos e admita para você mesmo e para mim que você gostou tanto quanto eu gostei.

_ A noite foi difícil, eu estava vulnerável e você se aproveitou disso.

Oliver balançou a cabaça em silêncio, encostou as duas mãos sobre o capô do carro dizendo com a voz elevada:

_ Então eu me aproveitei de você! _Tudo bem Alec se acredita mesmo nisso, não há razão para continuarmos, vamos logo resolver isso do Khrys e depois...

Silêncio:

_ Depois? _ Isso vai me doer, mas... se é assim que quer nós iremos por caminhos distintos.

Eu disse aquilo, esperando que ele se conscientizasse que não conseguiríamos ficar afastado um do outro, mas ele não disse nada apenas me olhou em silêncio.

Conseguimos um habeas corpus e Khris foi solto com a recomendação de não sair da cidade.

Ele nos explicou que estava bebendo com uma moça que denominava-se de Melinda, ela se apresentou a ele e de repente o deixou com a desculpa de ir ao banheiro deixando uma maleta com ele, cinco minutos depois entraram os policiais e vieram em direção a ele já decretando que ele estava preso, ele disse não entender nada de inicio mas aí os policiais o algemaram o chamando de marginal foi que a ficha dele havia caído.

Ele foi arrastado até o camburão, estava sendo preso como traficante, quando os policiais abriram a maleta de Melinda ele viu uns papelotes de drogas ali dentro. Ele se dizia inocente.

Contratei uma advogada e expliquei o caso para ela pelo telefone mesmo, ela combinou de nos encontrarmos na delegacia, ela iria direto tentar falar com o juiz e assim foi feito.
Meia hora depois ela chegava com o habeas corpus de Khrys, mas para minha surpresa ela era exatamente a amiga de Alec a tal Sarah que no tempo de escola dava em cima dele.
Notei o sorriso dela para Alec quando se apresentou:

_ Oi, Alec, nossa como é bom te ver, soube do que aconteceu com você, poxa que barra. Eu sabia que conhecia esse sobrenome quando aceitei esse caso. Olá Khris, você se meteu em uma encrenca e tanto hein rapaz, e você deve ser o Oliver acertei?

Ela virou-se para mim:

_ Sarah, muito prazer.

_ É reciproco Sarah.

Ela já não olhava para mim e sim para Alec:

_ Vou pedir que o delegado nos dê uma sala para conversarmos antes de vocês voltarem para casa, preciso entender melhor o caso tudo bem Khris, e depois poderemos sair para almoçarmos para relembrarmos os velhos tempos Alec.

Odiei aquilo, mas não opinei, só dei uma olhada de Sarah para Alec que sorria para a moça:

Fomos informados que houve uma denuncia e quando olhei quem tinha denunciado Khris eu meio que paralisei era o nome do meu pai.
Meu pai havia armado para que Khris fosse preso. Com o intuito, machucar Alec.
Podia sentir minhas unhas serem cravadas na palma de minhas mãos quando cerrava a ambas. Alec me olhava, mas não era um olhar de acusação:

_ Oliver, eu sei que você não tem culpa.

Foi o que ele disse.
Evitei o olhar dele e o de Khris e pedi licença saindo deixando os três ali:

Tinha que resolver algo com o meu pai, eu sabia que aquilo era uma represaria pelo fato de ter me divorciado. Fui procura-lo e ele me recebeu como se nada daquilo que havia feito o abalasse:

_ Eu sabia que você iria me procurar Oliver. Sente-se, precisamos colocar alguns pontos sobre a mesa.

_ O que o senhor ganhou com isso?

_ Eu cedi todas as suas vontades Oliver, permiti que você ficasse no país, permitir que ficasse perto daquela criança que você insiste de chamar de filha, mas o que você faz, se separa de Cyntia, manda os seus filhos, os meus netos embora.
Pois bem Oliver, agora aguenta as consequências.

Temia perguntar o que ele havia de ganhar com essa brincadeira, mas nem cheguei a perguntar e ele já foi logo explicando suas razões:

_ Sabe bem que o juiz que está no caso daquela criança é meu amigo não sabe? _Seria tão triste o Alec perder aquela criança não é Oliver.

Olhei para o meu pai horrorizado com o que eu ouvia:

_ Não é possível que você não tenha coração, ela é apenas uma criança, mas o que poderia esperar de alguém como o senhor não é mesmo?

_ Você resolveu entrar em uma luta de braço comigo Oliver, e eu irei até o fim com isso. Ou você se afasta de vez daquele rapaz ou irei ter que avisar o meu amigo que aquela linda menina está morando com um traficante.

                                                                                                           ****

Os próximos dias não vi o Alec, sendo surpreendido com a visita dele em uma noite. Meu coração parecia que iria explodir ao vê-lo ali parado rente a porta:

_ Precisamos conversar Oliver.

_ Entre Alec, sente-se. Bebe algo?

_ Não, obrigado.

Um silêncio tomou conta do lugar até que ele disse:

_ Qual é a intenção do seu pai ao fazer isso com o Khris?

Fechei os olhos para falar:

_ Anny!

_ O que a Anny tem a ver com tudo isso?

_ Meu pai é amigo do juiz e ameaçou contar a ele que a Anny está morando na mesma casa que um traficante.

Alec permitiu que seu corpo caísse sobre o sofá levando a mão a boca:

_ Ele não pode, não pode fazer isso Oliver, nós temos que defender a nossa Anny.

Nós, nossa?
Aquelas palavras haviam saído da boca dele mesmo?

Balancei a cabeça em concordância o abraçando e pela primeira vez ele não se afastou deixando que sua cabeça apoiada no meu ombro enquanto chorava.

Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora