Parte 14

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Oliver:

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As ultimas semanas não havia sido fácil para o meu lado, havia brigado com Alec por causa de ciúmes de Sarah e ele acabou por revelar que ainda me considerava um covarde, ele tinha razão por que eu mesmo me sentia assim as vezes, porém queria prova-lo que poderia mudar isso, a primeira coisa a ser feita era arrumar o que estava errado na sua vida, era hora de parar de olhar para o próprio umbigo e ser digno do amor de Alec, não queria de forma alguma que se um dia nós dois viesse a nos entender ficasse essa rusga entre nós, queria que Alec me visse como um homem não um moleque.

Então passei a ir atrás de Ricardo e Ronaldo meus filhos com Cyntia e ela se recusava em deixar eu ver as crianças alegando que os meninos não me viam como pai.

E foi por isso que eu procurei Arthur um outro advogado, mas sabia que Alec não concordaria em trocar de advogados já que Sarah e ele se davam bem, também antes de falar sobre a troca de advogados eu queria saber, qual a implicação de todos esses fatores poderia ajudar no caso de Anny.

Arthur me disse que seria bom que eu pedisse a guarda compartilhada dos meus filhos, já que o juiz iria com certeza perguntar sobre os meus filhos estarem com a mãe e eu estar requerendo uma criança que não tinha o meu sangue, então pedir a guarda compartilhada dos meus filhos ajudaria também no caso da Anny.

Estava esperando a hora certa de falar com Alec, pois nas ultimas semanas evitei conversar com ele, evitei até de olhá-lo, estava verdadeiramente envergonhado pelo fato de ser o grande culpado por tudo o que acontecia de mal na vida dele.

Mas fui surpreendido, maldita mente surpreendido, ele dizia estar indo embora e levando a minha filha.

Isso não podia ser real, encostei uma das mãos sobre a parede, voltando as costas para Alec, e soltei:

_ Então é isso, você quer voltar para casa do seus pais?

Dei uma risada de nervoso:

_ É isso Alec, esse foi o seu grande plano de vingança pelo que houve a dez anos atrás?

_ Do que você está falando Oliver?

_ Do que? _ Irei te explicar, você sabe que eu o amo, amo mais do que a mim mesmo, mas eu errei com você, e juro como eu me culpo por isso, por minha culpa Anny está correndo o risco de voltar para adoção, por minha culpa o seu irmão foi preso, por minha maldita culpa. Por ser filho de quem eu sou, e sinto muito mesmo por ser filho dele.
Você me chamou de egoísta, de covarde e sim eu sou tudo isso Alec, e eu mereço ficar sem você se é a sentença que acredita que eu mereço.
Mas eu tentei, desde que você voltou do coma eu tentei, eu lutei pelo nosso amor.
Você me acusou de covarde, de não lutar por você, e concordo Alec, mas desde que voltou do coma eu tenho tentado fazer parte da sua vida e você foi fechando porta á porta para que eu não entrasse por elas, agora chega, para mim já deu.
Fica na casa, eu irei para a casa do Mark passar uns dias até decidir o que fazer da minha vida, mas... não tira a única coisa que ainda nos une, não tire a Anny de mim.

Eu o deixei ali, e subi rapidamente aquelas escadas, coloquei algumas peças de roupas dentro da mochila e saí sem olhar para trás, não queria encarar o Alec e deixar que ele veja o quanto decepcionado eu estou, o quanto eu desejo ficar e arrastá-lo para aquele quarto e implorar que fique comigo. Isso seria demais humilhante e meu orgulho não permitiria.

Alec:

****

" Você só dá valor as coisas importantes quando as perdem"
Nunca na minha vida esse ditado coube tão bem.

Desde o dia em que deixei escapar aquelas palavras que magoaram Oliver, o clima entre nós dois é cheio de tensão eu podia notar a magoa em seu olhar pois desde então não nos falamos mais, não nos tocamos mais, e das poucas vezes que nós trocamos olhares ele logo os desviava.

Eu estava com raiva de mim mesmo, por ter dito aquilo, mas então ele começou a trazer Arthur com ele todas as vezes que retornava para casa, algumas vezes cheirando a álcool e eu ficava esperando ele chegar, afinal precisamos conversar, eu precisava pedir-lhe desculpas, precisava dizer que o amava, mas era como se houvesse uma parede que nos separava, e muitas vezes eu me via encurralado entre duas extremidades que me apertavam me fazendo sentir acuado. Oliver chegava, dava um beijo em Anny e subia para o quarto, nem um olhar me dirigia, as vezes a tortura era ainda maior quando ele resolvia ficar assistindo com Anny e eu ficava a contemplar os belos traços faciais que ele possuía sem poder tocá-lo, sempre que ele resolvia assistir um filme com Anny ele acabava adormecendo ali mesmo no sofá abraçado a ela.

Influenciado por um sentimento ruim que me consumia acabei por tomar a pior decisão da minha vida, iria voltar a morar na casa dos meus pais e comuniquei a Oliver minha decisão, e as palavras que ele me falou me fizeram enxergar o quão errado eu estava, e me senti ainda mais patético quando no dia seguinte fui procurar Arthur para uma conversa e ele me contou minuciosamente que Oliver estava procurando consertar a situação com os filhos.
Oliver saiu de casa aquela noite, Oliver não retornou para casa aquela noite em que fiquei as claras, Oliver não retornou os próximos dias. Anny me questionava sobre onde ele estaria e eu não sabia dizer, pois das tantas ligações que fiz para a casa de Mark não havia o encontrado.
Nesse momento você acaba por perceber que tinha a felicidade a sua porta e você a fechou de vez.

No fundo eu gostava quando brigávamos por que Oliver sempre me roubava um beijo, e passamos até brigar mais vezes, mas essa vez foi uma briga diferente, ele não me roubou beijos, ele não me olhou quando saiu porta a fora, ele não voltou para casa durante os próximos dias, ligava diariamente para Anny dizendo a pequena o quanto a amava, ao que ela respondia. "Também te amo papai."

Aquilo acabava comigo, era difícil pra mim ver os dois separados por um erro que era só meu. Então sorria para ela, era difícil pra mim suportar essa distância.

Às vezes, aparecia no portão da escola, dava um forte abraço em Anny e sempre dizia "amá-la":

_ Minha mocinha linda, seus irmãos vem passar o final da semana com o papai, você também quer vir para conhecer eles?

_ Quero sim papai, mas será que eles vão gostar de mim papai?

_Tenho certeza que sim minha princesinha linda.

Oliver fazia cocegas em Anny que se contorcia, eu acabava rindo chamando a atenção dos dois. Oliver me olhou, até então não disponível:

_ Oi Alec, é ... você me permite levar a Anny para conhecer os irmãos?

_ Claro Oli ... ver.

Ele desviou o olhar para Anny não permitindo que eu nem terminasse de falar:

_ Papai tem que ir, tem alguém me esperando em casa. Bom estudo pequena, tchau Alec.

Ele me dirigiu a palavra e caminhou rapidamente para fora do meu alcance.

O final de semana chegou e eu iria aproveitar a saída de Anny para embalar o resto das coisas nas caixas, estávamos voltando para a nossa casa.

Oliver, havia ligado na noite anterior dizendo o horário que a pegaria, ele dizia o que queria dizer e desligava o celular sem muitas palavras.

Na manha seguinte fiquei encantado ao visualizar ele com miniaturas dele, Anny correu para seus braços ficando tímida ao encontrar os meninos curiosos a olhá-la.


Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora