Parte 19

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_ Rapaz, não se acusa alguém sem prova, ainda mais alguém como eu.

_ Você mexeu com a pessoa errada, você mexeu com a minha filha, quase três anos ela está ali naquele abrigo.

Olhei para Oliver e ele estava com uma expressão fechada, não esperou e saiu da sala, nesse momento o juiz fixou o olhar sobre o meu:

_ Garoto, você acabou de perder a última chance de ter essa criança de novo, por que agora se depender de mim, ela irá para fora da cidade, será levada para outro abrigo e você será proibido de ser informado para onde, em quem esses internautas que fazem barulho mais não tem poder nenhum acreditará se eu der uma entrevista dizendo que você não tem condição nenhuma para criar uma criança. Que sua estabilidade emocional está abalada ao ponto de atacar um juiz da vara infantil.

Você acaba de perder a sua filha.

Imediatamente me virei para trás quando ouvi a porta ser escancarada dando acesso a entrada de Hanna e Arthur em seu encalço. Alguns policiais também estavam atrás deles e decretavam:

_ Pela legislação do estado decreto que nesse momento o excelentíssimo perde o direito de legislar por ter a prisão decretada por abuso de autoridade, ameaça verbal, tudo isso será escrito e atado nos autos e eu o convido para que me acompanhe até a presença de uma autoridade da magistratura onde a ele caberá a sua sentença.

Olhei para Hanna sem entender nada, mas o juiz apenas ria ao dizer:

_ Policial não seja tolo, primeiro sabe bem que não posso ser preso por um mero policialzinho pé de chinelo.

Não vejo nenhum documento assinado por algum presidente do tribunal ou algum procurador geral de justiça, sabe bem que não se pode decretar prisão para uma autoridade judicial ainda que o pegue em flagrante qualquer indicio de prática de crime devem ser remetidos a autoridades magistrados ou membro do ministério público que devem apura-los, você não pode decretar prisão para mim.

Cessa, portanto, qualquer atribuição da autoridade policial para presidir o auto de prisão.

Tudo estava muito confuso ainda, e eu somente olhava tudo aquilo sem entender, Oliver havia sumido, Hanna e Arthur invadiram a sala onde o juiz e eu estávamos, os policiais decretaram prisão ao juiz que dizia não poder ser preso por eles, o que tudo aquilo significava, nesse momento uma multidão invadiu o lugar e uma gritaria era ouvida de repente o silêncio, as pessoas se jogavam no chão apavoradas se escondendo onde podia, outras corriam para um lado e outro procurando uma saída um tiro havia sido efetuado, só senti alguém me puxar, para trás de um dos bancos e de repente eu vi sangue, muito sangue, procurei Oliver no meio daquela multidão, ele não estava por ali, tentei levantar novamente fui puxado para me acolher atrás do banco, novos tiros, nove no total, e olhei para ver quem me puxava era Arthur. Quando tudo já havia cessado, com as coisas mais calmas notei que alguém havia sido ceifado naquele tiroteio, o juiz Leonel Grimald estava morto, alguém havia matado ele.

Mais tarde vim a saber que o rapaz estava lá fora esperando o resultado do caso da Anny, ele torcia muito que a Anny retornasse para casa, e quando ele ouviu as palavras que o juiz dizia muito se indignou, como ele soube, Hanna sem que eu notasse havia colocado um microfone em um acessório que ela me deu antes que eu entrasse na sala, acreditei que era apenas um broche mas era também um mini microfone onde ela controlava pela outra sala, no momento em que falava com o pai de Oliver e depois com o juiz imediatamente era visualizado por milhares de pessoas no canal de Hanna.

O pai de Oliver indiciado por suborno e ameaça, e o juiz estava morto.

A juíza eleita dois meses depois deu a notícia que tanto precisávamos ouvir.
                                                                                              ***

Oliver

****

Alec invadia o lugar já dizendo os desaforos que aquele homem merecia, no inicio eu não havia entendido o que se passava, mas fiquei enojado assim que me dei conta que por trás de todo o tempo em que ficamos separados de Anny tinha o dedo do meu pai metido, eu já sabia mas no fundo ainda queria ter esperança que por trás daquela casca de ferida existia um coração pulsando dentro daquele peito, mas nada de bom poderia sair dali, tinha que admitir que meu pai era uma pessoa ruim. Até aceitava o fato dele não me aceitar homossexual já que ele não havia sonhado isso para mim, mas usar uma criança indefesa para ferir aqueles que ele tinha por desafeto era demais para engolir até mesmo de alguém que chamamos de pai.

Precisava ficar cara a cara com ele, precisava mostrar a ele a minha indignação pelo ato tão mesquinho dele e saí daquela sala a procura dele, minha primeira reação ao olhá-lo foi perguntar:

_ O que te leva a fazer isso? _ Ser esse ser tão mesquinho que só enxerga o próprio umbigo. Acha que pode manipular, e governar a vida de todos porque tem dinheiro, por acaso algum dia você soube o que é felicidade, acredito que não, porque se conhecesse não impediria as pessoas de serem, só pessoas infelizes como você age tão baixo e nefasto como você, eu tenho nojo de ser seu filho, tenho nojo de olhar para você, porque eu não, eu não quero ter parentesco nenhum com alguém como você, e quer saber sr. Bernardo eu não permito que entre mais na minha vida e nem na vida dos meus filhos, eu quero você longe dos meninos, longe da Anny, longe do Alec e longe de mim, ou eu não respondo por mim ouviu bem, quero você bem longe.

Nem demorou muito e alguns policiais entraram na sala, indiciando o meu pai ele seria encaminhado a delegacia.

Já estava retornando para encontrar Alec quando ouvi um tiro.
Corri para o local, mas fui impedido de entrar, Alec estava lá dentro, Alec estava em perigo, um, dois, três, nove tiros eram efetuados e os policiais não me permitiam entrar, de repente eu vi Alec e corri ao seu encontro o abraçando forte, o juiz havia sido assassinado, e um rapaz estava sendo algemado, eu continuava abraçado a Alec enquanto fomos informados que tudo havia sido gravado e postado na internet, agradeci Hanna, mas voltei a atenção a Arthur que nos avisava que logo um outro juiz seria eleito para aquela comarca e dependesse da posição que ele tomasse Anny retornaria para casa, nos enchemos de esperança, aquele dia não foi o dos mais fácies , tivemos que ir á delegacia fazer um habeas corpus e depois ainda prestamos depoimento só fomos liberados a noite, Hanna teve que se explicar pelo microfone sem autorização, isso seria um crime virtual, porém eu não a denunciaria e a outras partes um não podia mais fazer isso, e o outro acabou sendo desmascarado mesmo que quisesse seria achincalhado pelos internautas e o grande sr° Bernardo só queria abafar o caso e não incendiar a ira dos internautas ainda mais.

Voltamos para casa, cansados, na verdade exaustos tomamos um banho demorado, e Alec aquela noite dormiu nos meus braços colado ao meu corpo.

Duas semanas já haviam passado e nada de termos notícia sobre o caso da Anny, eles ainda estavam escolhendo quem seria o novo juiz. Um mês e nada, dois meses foram o total de dias em que finalmente elegeram uma mulher para o cargo de juíza daquela comarca, Arthur nos ligou aquela manhã para nos avisar que entraria com o pedido novamente, uma semana se passou e novamente a ansiedade tomava conta de nós.

Alec mais ainda, eu ainda conseguia controlar a minha. Então a ligação veio, dizendo que poderíamos trazer Anny para casa, que agora ela era nossa por definitivo que ninguém mais a tiraria de nós, Anny voltaria para nós.

Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora