Parte 6

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Eu ficava ali no carro observando ele brincar com Anny, mas notava que o olhar dele estava frio, e ainda que ria com a menina, por duas ou três vezes vi ele brigar com Khris quando eles estavam juntos.

Diariamente ele recebia uma visita, nunca a minha.

Era difícil o retorno para casa, Cyntia me cobrava atenção, as crianças me cobravam está mais perto delas, e eu sabia está errado, mas nada estava certo naquela relação, não era Cyntia que deveria está dividindo o espaço do outro lado da cama.

****

Aniversário da Anny:

****

Amanheceu um dia lindo, fazia uma semana que eu havia chegado de viagem e desde então ainda não tinha me apresentado para Alec, tinha medo que ele me rejeitasse, mas não podia mais adiar esse encontro, fosse o que fosse iria enfrentar isso de vez.

Coloquei o presente de Anny no banco do passageiro e segui para a casa de Alec, bati na porta e novamente Alec não estava lá, estava na praça com Anny, assim que minha pequena me viu, correu ao meu encontro em um abraço demorado mas ai vi Alec parado a minha frente, olhar duro, dizendo para me afastar da minha filha.

O olhei e apesar dele ser o meu Alec, estava com uma expressão fechada, carrancudo e me fuzilava com o olhar, aquilo me doeu. Eu apenas sorri:

_  Bom te ver também.

Isso era o mais sensato a dizer.

Anny corria com os amiguinho enquanto a tensão entre Alec e eu ficava mais acirrada, ficávamos ali parados um encarando o outro, eu querendo toma-lo em meus braços, ele me enviava um olhar distante que me impedia de tomar qualquer atitude, e no momento em que ele virou as costas para mim, não resistir e o abracei o prendendo nos meus braços, ele podia sentir minha respiração rente a sua orelha, ele não se moveu, ficou ali parado senti que ele chorava:

_ Me solta Oliver...

Foi o que ele disse a seguir, eu não queria soltá-lo mais ele desvencilhou dos meus braços, me olhou nos olhos e falou, falou com uma voz impiedoso:

_ Com que direito você vem aqui?

Ele me perguntava:

_ Com que merda de direito depois de dez anos aparece aqui, você casou, teve filhos, é o grande sr° Piacente, então vá viver a sua vida perfeita longe, longe de mim, longe da minha filha.

_ Ela é minha filha também.

_ Não, não é...
Você escolheu não ser o pai dela lembra, você escolheu ir embora então não me venha com essa de que é pai dela.

_ Alec...

_ Para Oliver, eu não quero você perto de mim, não quero você perto da minha filha.

_ Ela é nossa filha Alec, você queira ou não. Você ficou em coma durante dez anos, nesse tempo eu participei da vida dela, não me exclua agora.

_ Você escolheu se excluir Oliver. Eu não vou permitir que se aproxime, eu quero você bem longe de nós.

Alec me deixou ali, pegou a mão de Anny e saiu em direção a casa dele.
Eu simplesmente fiquei ali, vendo ele se afastar mais uma vez de mim.
                                                            ***

 Alec
****


Como era difícil ver Oliver e não poder tocá-lo, como era difícil ver que ele já não me pertencia, a cada minuto que pensava que ele estava casado e com filhos isso me machucava e eu não permitiria que isso atingisse Anny. Ele não tinha esse direito.

Percebi que Anny tinha um carinho por Oliver ao vê-la abraça-lo, tinha conhecimento que ele foi bem presente na vida dela durante o tempo em que eu estive em coma, mas agora ela não precisava mais de Oliver, eu estava ali para dar todo o carinho que ela precisasse.

Ela era minha filha e ele não tinha nenhum direito sobre ela, era difícil para eu mesmo admitir que usava Anny como pretexto para machucá-lo assim como ele  havia me machucado.

Pedi para que ela voltasse a brincar após ter retirado ela dos braços de Oliver deixando claro que não queria ele por perto, mas assim que me virei ele me abraçou, eu quase sucumbi tendo que reunir toda a força que eu tinha para pedir que me soltasse com a enorme vontade que ele não fizesse.

Aos poucos senti ele afrouxando os braços que ainda mantinha envolto ao meu tórax e quando já livre daqueles braços eu o acusei, esbravejei que ele não tinha o direito, não tinha o direito de estar ali, ele não tinha o direito de me olhar daquela forma como se eu fosse importante quando foi ele quem me excluiu da vida dele, quando foi ele que terminou comigo aquela noite, quando foi ele que se casou assim que teve oportunidade, não era justo ele agora querer reivindicar quaisquer chance de aproximação. Já havia o visto em frente da casa onde morava, ele ficava horas dentro daquele carro, e por duas vezes brigara com o irmão quando ele insistentemente dizia que eu deveria ir até Oliver resolver de vez o que havia entre nós.

Nós.... essa era uma palavra que não existia mais.
                                       ***

 Oliver:
    ****

Demorei para voltar para casa aquele dia, fiquei por horas dando voltas e mais voltas de carro, não conseguia acreditar que Alec me repudiava daquela forma tão cruel, e ainda assim fazia com que eu sentisse vontade de vê-lo, de tocá-lo de senti-lo.

Quando abri a porta me deparei com os pais sentados no sofá conversando com Cyntia que olhou em minha direção.
Senti os braços de minha mãe me abraçar forte, eu não a abracei de volta, meu pai me olhava e logo me chamou para uma conversa:

_ Soube que aquele rapaz acordou?

_ Sim, ele não está mais....

Não terminei a frase por ouvir a voz dele mais altiva:

_ Já sabe o que vai acontecer se você se aproximar dele.

Dei risada mas quando o meu olhar encontrou o do meu pai eu disse:

_ Não se preocupe com isso sr° Piacente, o Alec não quer que eu me aproxime, então pode dormir sossegado a sua reputação não será manchada pelo seu filho viado, não é isso o que teme, eu sou um homem casado, tenho dois filhos com a mulher que meu pai escolheu para ser a minha esposa, mas eu sou extremamente infeliz. Parabéns papai você conseguiu fazer de seu filho um fracassado.
O Alec me odeia e com razão por que eu mesmo me odeio por ser filho de quem sou, agora se me der licença eu quero que saia da minha casa agora mesmo.

_ Oliver....

_ AGORA.

Fechei meus olhos observando meus pais irem embora sobre o olhar julgador de Cyntia.

Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora