Parte: 7

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Alec

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Na solidão do quarto era que eu mais sentia falta de Oliver, ali onde havíamos nos amado tantas e tantas vezes tentando sufocar os grunhidos que saiam de nossas bocas quando estávamos um nos braços do outro.

Como era difícil imaginar que agora aqueles mesmo grunhidos estavam sendo entoados com outra pessoa.

Isso me machucava e o fato de todos falarem que nós dois precisávamos conversar não facilitava em nada, Khris, meus pais, Mark, Jeff, Adriano sempre estavam falando sobre ele, sobre Oliver.

Contudo ouvir Anny dizer que sentia falta dele era o que mais me doía, compreendia afinal desde que nos encontramos na praça eu evito um encontro direto, isso inclui Anny que ele foi terminantemente proibido de se aproximar dele, ainda o via parado dentro do carro, as vezes até alta horas da madrugada.

Uma das manhãs Anny saía para ir a escola, eu a levaria, ele apareceu eu sabia que ele havia passado a noite dentro do carro por que todas as vezes que olhava pela janela lá estava o carro, parado no mesmo lugar de sempre. Ele vinha a pé, o carro estava estacionado do outro lado da rua, e ele vinha em nossa direção, quando Anny o viu correu ao seu encontro e por mais que eu a chamasse ela corria para Oliver.

Ele a abraçava erguendo -a do chão, beijava demoradamente suas bochechas, enquanto dizia:

_ Minha filhota cresceu, já é quase uma mocinha.

Aproximei dos dois e antes que pudesse abrir a boca para dizer quaisquer palavras ele me olhou:

_ Oi Alec, eu posso entregar um presente para minha filha?

_ Oi!

Vamos Anny, não quero que chegue atrasada na escola.

_ Eu posso levar vocês, assim ela não se atrasa.

_ Não precisa!

Logo rebati, mas Anny me olhou choramingando:


_ Vamos papai, por favor, a Kamylla vai morrer de inveja de me vê chegando nesse carrão.

Não pude deixar de rir e sorri para a menina, depois desfiz o sorriso ao ver que Oliver estava satisfeito quando abria a porta da frente para que eu pudesse entrar. 
                                                                 ***

Oliver:

****

Fazer aquilo com meu pai havia sido libertador, as minhas forças parecia que havia se revigorado, a primeira providencia que tomei foi procurar um advogado, eu queria o divórcio, não fazia sentido continuar um casamento que não tinha a menor chance de ter algum futuro, o difícil foi encarar meus filhos e dizer que a mamãe iria levar eles pra morar em outra casa, uma casa maior, com mais conforto, porém que não haveria espaço para o papai na casa. Confesso que me senti um lixo tendo que explicar que o papai não iria com eles para nova casa.

Eu não me importava de dar tudo o que havia conquistado durante os anos que fomos casados, a única coisa que eu almejava era uma droga de assinatura que provava eu estar separado.

Cyntia ficou com a maior parte dos bens, e seis meses depois eu enfim podia exibir minha carta de alvará estava livre.

Fui procurar Alec e mostrar-lhe a ele que eu estava enfim livre, e que meu coração ainda batia acelerado, mas fui retido pelo olhar frio que me lançou ao me vê, ele não apenas me mandou embora como proibiu que eu visse Anny.

Khris me aconselhou a agir com calma me garantindo que falaria com Alec, ele sempre teve muito jeito com o irmão, Alec o respeitava e por isso apesar de ficar no carro olhando-os de longe, passei a não aparecer na frente dele com frequência apesar dele saber que eu estava por ali.

Era tão difícil ter Alec tão perto de mim e ao mesmo tempo tão distante que certa manhã eu não resisti, eu tinha passado a noite toda em frente a sua casa segurando ambos os presentes na mão, eles eram iguais ao que eu usava, um seria para a pequena Anny, e o outro para Alec.

Enquanto segurava os presentes Oliver sorria esperando o portão da casa abrir-se.
Logo aparecia a pequena Anny de mãos dadas com Alec, uniformizada para a escola.

Sai de dentro do carro e assim que ela me viu soltou a mão de Alec correndo ao meu encontro e me deu um forte abraço tendo seus braços envolto ao meu pescoço, Alec vinha atrás tentando impedi-la mas inutilmente, eu a ergui no braços, beijando suas bochechas diversas vezes mais meu olhar estava sobre Alec que a apressava, eu o cumprimentei, e como resposta obtive um monossílabo "oi", foi então que eu perguntei:

_ Posso dar um presente a ela?

Ele não teve como negar e somente percebi ele morder o canto de seus lábios permanecendo em silêncio.

Entreguei um pequeno estojo a ela, que acolheu em sua mão rasgando o papel até conseguir ver o que era. Se tratava de um colar com uma pequena fotografia nossa dentro de um coração, ela bebezinho no colo de Alec e eu segurando sua pequena mãozinha, ela sorriu e novamente me abraçou pegando na mão de Alec sorrindo e dizendo:

_ Tenho os melhores papais do mundo.

Tenho certeza que foi isso que desarmou Alec pois o vi sorrir ao lançar um olhar cúmplice para mim como não via a muitos anos.

Eu segurava um pacote ainda em minhas mãos, porém resolvi guarda-lo pois nesse momento Alec aceitou levar Anny para escola de carona, e quando a menina já estivesse na escola eu poderia entregá-lo e quem sabe ter finalmente uma conversa com ele.
Como eu sentia falta de conversar com o meu Alec.
                                                                                           ***

 Alec:


****

Como era possível que a simples presença de Oliver mexesse tanto comigo daquela forma me fazendo querer se jogar nos braços dele assim como Anny fazia.
Ele era extremamente carinhoso com a menina, o que me fez pensar que tudo teria sido tão diferente se ele não tivesse sido tão covarde terminando comigo para poder agradar o pai dele.

Agora ele estava casado, e como podia ele ter dormido dentro daquele carro apertado sendo que a esposa estava o esperando em casa?

Anny eufórica me mostrava o colar que ele havia a presenteado, mesmo não querendo mostrar nenhum interesse visualizei uma foto nossa, uma foto de quando eu era tão feliz, meus olhos encontrou os dele e eu sorri.

Para que fui sorrir?

Eu me perguntava imediatamente vendo a satisfação no olhar dele, ele sabia que mexia comigo e sabia fazer isso acontecer.

Percebi que ele usava um colar igual ao qual havia dado a Anny, quando me aproximei para se acomodar no banco do carona, ele ainda me olhava, eu desfiz o sorriso com dificuldade, mas ele estava ali esperando eu me ajeitar para fechar a porta.

Talvez nem tenha sido de proposito mas ele abaixou-se colocando a cabeça para dentro do carro dizendo para Anny colocar o cinto de segurança nesse momento eu pude sentir a fragrância de seu perfume, ele ainda usava aquela marca que eu disse para ele que eu gostava.

Meu coração parecia que iria saltar pela boca.

Ele deu a volta acomodou-se no banco do motorista e seguiu para a escola, Anny olhava a fotografia:

_ Como eu era pequenininha né papai.

Ela não especificou qual dos papai que ela dizia então ambos concordaram arrancando da garota uma risada:

_ Vocês dois eram namorados?

Oliver olhou para mim, depois seu olhar se voltou para Anny sorrindo:

_ Sim, o papai Alec e eu éramos namorados nessa época.

_ Anny, filha você trouxe seu livro de português? ..., semana passada você esqueceu ele em cima da mesa.

Desconversei.

Linha do tempo (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora