Hidden In The Shadows

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     E assim eu segui minha vida... Me dediquei inteiramente como um shadowhunter, sem deixar os sintomas da doença me atrapalharem, já estive em mais Institutos do que posso contar. Mas não queria me destacar entre os outros, preferia viver escondida nas sombras onde ninguém poderia descobrir quem eu realmente era e meus poderes estavam em segurança. A quase cinco anos não vou a cidade do silêncio, principalmente por medo de a Clave descobrir que eles estavam abrigando uma shadowhunter com poderes especiais e não contataram nenhum representante. 

     Minha doença parece estar cada vez mais fraca, raramente uso Yin Fen, mas meus cabelos continuam quase tão brancos quanto a neve que costuma cair nos dias de inverno. Um antigo amigo meu dizia que não havia motivo para eu me esconder. 

"Você tem que ser você mesma." Dizia ele enquanto treinávamos com nossas espadas. "Todos os outros já existem, Katrina. E você... você é diferente. É especial."  

    Acredito que ele não era o único que pensava assim, já que o pai dele estava a minha procura, e isso estava longe de ser uma coisa boa.

     De qualquer forma, ele está morto e eu não pretendo me revelar a mais ninguém, afinal, não era nem para ele ter descoberto. Enquanto a doença se esvai, meus poderes e minhas habilidades aumentam, e foi exatamente isso que chamou a atenção de alguns institutos que solicitaram minha ajuda em casos que não conseguiam resolver. Ou seja, não fiquei escondida nas sombras tanto tempo quanto gostaria.

     Contornei mais forte a runa no pescoço da mulher que eu estava desenhando, enquanto sentia o ar frio da madrugada batendo contra meu rosto. A mulher era minha mãe, com seus longos cabelos negros soltos ao vento enquanto ela colhia uma rosa branca no jardim, usava um vestido branco, de renda, que ia até um pouco acima do joelho e estava descalça, ela adorava sentir a grama em seus pés. 

     Fui tirada de meus pensamentos quando a porta, que dava para o terraço do Instituto, foi aberta e fechada bruscamente. Um garoto loiro foi até a beira do terraço, parecendo irritado, e ficou ali olhando para as luzes da cidade enquanto respirava. Jace Herondale, que já teve tanto sobrenome que as vezes eu os confundo. Ele não pareceu notar minha presença ali, então voltei a desenhar.  

     --Não tinha visto você aí. -- Ouvi Jace dizer e ergui a cabeça. -- Acho que te assustei. Me desculpe.

    --Não tem problema. -- Sorri fraco, girando o lápis nos dedos.

    --Você é nova no Instituto? Não me lembro de ter te visto aqui. -- Soltei uma risada nasal enquanto ele se aproximava, com os braços cruzados.

    --Eu sou da época em que você ainda era conhecido como Jace Wayland. -- Digo com ar de riso e Jace pareceu meio surpreso. -- Mas acho que não nos conhecemos porque, a maior parte da minha vida, fui convocada para missões de outros Institutos pelo mundo. Esse ultimo ano que deu uma parada. 

    --Então você é a famosa Katrina Carstairs? -- Pegunta ele com um olhar que eu não consegui decifrar. 

    --Olha, Katrina Carstairs sou eu. -- Digo descendo da barra de ferro que eu estava em cima. -- Agora, famosa eu já não sei. 

    --A garota dos cabelos da cor da neve, com o passado misterioso e uma das maiores guerreiras da Clave. -- Diz Jace com ar de riso e eu rio fraco. O loiro a minha frente ficou sério do nada e franziu o cenho. -- Seu nariz tá sangrando... Você tá bem?

   --O que? -- Franzi o cenho guardando o lápis no bolso e levando a mão até o nariz. -- Droga.

    Um alerta soou em minha cabeça e eu saí em disparada em direção a porta, deixando meu caderno cair no chão

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    Um alerta soou em minha cabeça e eu saí em disparada em direção a porta, deixando meu caderno cair no chão. Desci as escadas correndo enquanto ouvia Jace me chamando, posso jurar que ele estava me seguindo. Cheguei no corredor dos dormitórios e praticamente atropelei uma garota ruiva, eu me desculparia se estivesse com um pouquinho mais de tempo.

    Abri a porta do meu quarto com um baque e fui até a cômoda onde estava uma caixa média, de prata pura, onde eu costumava guardar o Yin Fen. Fiquei tão acostumada em me sentir bem que acabei relaxando. Sempre tem um copo de água perto da caixa, coloquei a medida que estava acostumada a tomar e mexi com a colher. Senti meu peito queimando e prendi uma tosse, isso é mal. Peguei o copo e virei de uma vez, no momento em que Jace passou pela porta.

    --Katrina, o que que aconteceu? -- Pergunta ele enquanto vinha em minha direção. Fechei a caixa imediatamente e me virei para ele, a droga estava me deixando meio entorpecida. -- Você está bem?

    --Essa não é bem a palavra... -- Digo indo em direção ao banheiro para lavar o nariz, me olhei no espelho e fechei os olhos por alguns segundos.

    --O que foi isso? -- Jace pergunta se escorando no batente da porta e eu respirei fundo, o encarando pelo reflexo do espelho.

    --Eu tenho... Um tipo de doença,  que me deixa fraca e clareia meus olhos e cabelos. -- Digo secando meu rosto na toalha e me virando para ele, escorada na pia. -- Está mais fraca do que nunca, acho que isso me fez relaxar nos cuidados.

    --É grave?

    --Um dia já foi. -- Dou de ombros, voltando para o quarto e me jogando na cama, sentindo o efeito da droga no meu organismo. -- Agora nem tanto.

     --Tudo bem, agora eu não estou muito seguro em te deixar sozinha. -- Diz Jace, deixando meu caderno em cima do criado mudo.

     --Se vai ficar, então fecha a porta. Não quero que outra pessoa me veja assim. -- Suspiro fechando os olhos, não estava com sono, eles só estavam ardendo.

    Ouvi o barulho da porta se fechando e um lado da minha cama afundou, ele deitou? Abri um olho, a pessoa quase não é folgada...

    --Posso fazer uma pergunta? -- Jace se virou para mim e eu encarei o teto.

    --Pode. Pelo menos tem algo para eu fazer enquanto não amanhece. -- Puxei o ar, sentindo a sensação ruim e a dor se esvaindo do meu corpo.

    --Como contraiu essa doença?

    --Quando eu era criança, um demônio matou meus pais e... -- Suspirei antes de continuar. -- Fez isso comigo.

     --Sinto muito.

     --Tudo bem, já faz muito tempo. -- Olhei para Jace rapidamente e voltei a encarar o teto.

     O loiro tomou fôlego para falar alguma coisa, mas se interrompeu quando alguém bateu na porta, Jace e eu nos levantamos em um pulo e eu fui abri-la.

     --Você raramente me procura, então o que aconteceu? -- Pergunto ao ver Alec parado na minha frente, com uma pasta em mãos e seu típico olhar sério. Ele abriu a boca para responder, mas se interrompeu com o cenho franzido quando viu Jace sentado na minha cama.

    --O que você está fazendo aqui?

Filha do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora