The End

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POV'S Autora

--Katrina, acorda. -- Jongin praticamente implorava, segurando o corpo sem vida da menina em seus braços. -- Por favor...

O fogo celestial queimou as veias de Katrina uma última vez antes de a abandonar, as chamas deram uma espécie de giro em volta de si mesma e saíram cortando o ar até sumir do ponto de vista das pessoas que estavam ali. Quando tudo finalmente acabou, a garota já não respirava mais, seus cabelos estavam voltando ao tom escuro natural enquanto sua pele ganhava um pouco insignificante de cor. 

Ryan encarava aquela cena estático, sentiu como se um pedaço de si fosse arrancado fora, mas ao mesmo tempo se encontrava totalmente perdido com o fato de seu irmão caçula estar ali. Não fazia o menor sentido, mas ele se permitiria a pensar nisso mais tarde.

Jian e Henry, para o espanto de todos, caíram desacordados no momento em que o coração de Katrina parou de bater. Era  um efeito colateral da ligação sanguínea entre eles que ninguém sabia, nem mesmo os três.

A batalha havia se encerrado minutos depois, mas não houve nenhuma comemoração. Katrina não foi a única que perdeu a vida.

--Ela está... -- A voz de Marcus falhou enquanto se ajoelhava ao lado do garoto. -- Está...

--Morta. -- Jongin confirmou com lágrimas nos olhos. -- Me desculpa... Eu... 

--Não foi sua culpa... -- Marcus tentou sorrir de forma reconfortante, apertando levemente o ombro dele. 

O mais novo tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu por muito tempo, ninguém conseguiu. 

Dia Seguinte

Jongin não havia falado com os irmãos desde que chegaram em Pequim, nem se atreveu a olhar nos olhos deles. Ele não sabia, mas Ryan estava se sentindo da mesma forma. Assim que chegou no Instituto, foi direto para um quarto vago e se trancou lá. Nem Raphael havia conseguido falar com ele e consolá-lo. 

Jian e Henry ficaram na enfermaria do Instituto de New York, ainda estavam desacordados e ninguém sabia o que fazer para reverter aquilo. Ninguém sabia que a resposta para todas as perguntas havia ido para Pequim junto com os outros. 

Marcus sentia como se algo se quebrasse dentro dele cada vez que se lembrava da imagem de sua melhor amiga, quem ele pretendia tornar parabatai, perdendo a vida sem que ele pudesse fazer nada. Não entendia o motivo de o fogo celestial não ter conseguido curá-la. 

Miguel custou a acreditar que não iria mais ver Katrina, depois de tanto tempo que ficaram sem se falar e, quando finalmente se resolveram, ela foi tirada dele da maneira mais cruel possível.

Alec não estava muito diferente de Ryan e Jongin, a culpa estava começando a consumi-lo. Culpa por ter tratado Katrina como uma suspeita. Culpa por não ter dito o que deveria. Culpa por não ter chegado a tempo de salva-la. Izzy tentou consola-lo, mas ela mesma estava inconsolável. 

Jace e Clary também se abalaram, ele mais do que ela. Assim como Alec, Jace se culpava pelo que havia insinuado da ultima vez que se viram. Não acreditava que a ultima lembrança que tinha da garota era aquela maldita briga. 

Os Kim e os outros membros da família de Katrina estavam quietos, cada um tinha sua forma própria de lidar com o luto.

Os irmãos do silêncio, bom, ao contrário do que a maioria dos shadowhunters pensam, também sentiram a perda da garota de cabelos brancos. Afinal, ela foi a primeira filha do silêncio, a primeira que eles aceitaram deixar viver entre eles, indo a lugares que quase ninguém podia ir.  

Um irmão em especial se encontrava mais chocado. Não apenas pela morte da menina que ele criou, mas também pela consequência que isso havia trazido para si. Ele não era mais o Irmão Zachariah, graças a bola de fogo celestial que atravessara seu peito pela madrugada, ele havia voltado a ser um shadowhunter como qualquer outro, sem a doença que o estava matando na época. Havia voltado a ser James Carstairs. 

POV'S Jongin

Me sentei na beirada do terraço deixando minhas pernas suspensas no ar e fitei o horizonte. O funeral da Katrina seria no fim da manhã para que o cara que salvou ela quando era criança pudesse chegar a tempo.  

--Que droga... -- Sussurrei para mim mesmo coçando os olhos. -- Isso não pode estar acontecendo... 

O som da porta se abrindo fez com que eu levantasse e me virasse, na tentativa de enxergar quem era. Senti um aperto no peito assim que meu olhar cruzou com o do Ryan e com meus outros irmãos, eles haviam mudado tanto. Me senti fraco, como se a muralha que construí com o tempo tivesse desmoronado em segundos. Eles não eram apenas o meu ponto forte, mas também minha única e maior fraqueza. 

Respirei fundo e me levantei, dando alguns passos em direção a eles e parando a uma certa distância. Eu travei totalmente. Queria que Katrina estivesse comigo, espero que ela esteja vendo isso e que me ajude de onde quer que esteja. Ryan parecia incrédulo. Katrina me contou que ele se culpava pelo que aconteceu comigo e eu me culpava por ter deixado ele daquele jeito. 

--Me desculpa, *hyung... -- Minha voz saiu quase em um sussurro. 

Ryan não disse nada, não moveu um músculo, o que só contribuiu para que o meu nervosismo aumentasse. Depois de alguns segundos ele veio em passos largos em minha direção e eu jurava que estava prestes a me dar um soco, quando fui puxado para um abraço. 

Soltei o ar que nem percebi que havia prendido e retribui o abraço. 

--Eu sinto muito. -- Ryan murmurou entre o abraço. -- Eu devia ter protegido você... Eu...

--Hyung. -- Me separei dele, o olhando nos olhos. -- Esquece isso. Você não teve nada a ver.

Byun e Jae vieram me abraçar logo em seguida. Pelo menos uma pequena felicidade no meio desse caos. Valeu, Kat.

Estava explicando a eles tudo o que aconteceu comigo durante o tempo que acharam que eu estava morto, quando os celulares de todos nós começaram a apitar. 

O corpo da Katrina havia desaparecido. 










*Hyung: Meninos (na Coréia) usam essa palavra para se referir a outro quando é mais velho que ele, podendo ser amigo, irmão e etc. 

Filha do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora