Henry Lee

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Não voltei para casa naquela noite, fui direto para o Instituto. Estava sendo covarde e fugindo do Ryan, porque não tinha coragem de encara-lo sem contar que Jongin estava vivo e aparentemente saudável. Praguejei em um sussurro e me joguei na cama, estava exausta então não demorou muito para o sono me atingir. 

--Ah, não. Não é possível umas coisas dessas. -- Eram mais ou menos umas quatro da manhã quando meu celular tocou, atendi sem olhar quem era. -- Eu não sei quem é você, mas para me ligar as quatro da madrugada acho bom você ter um bo...

--Katrina? Ka - Katrina Carstairs? -- Uma voz masculina soou do outro lado da linha.

--Quem é? -- Perguntei, me sentando na cama. 

--Meu nome é Henry. -- Percebi que ele parecia nervoso e sua respiração estava um pouco ofegante. Que estranho...-- Henry Lee.

--Como conseguiu meu número?

--V-Você pode me encontrar? É importante. -- Henry parecia ficar cada vez mais nervoso, o que estava começando a me preocupar. 

--Calma. Onde você está? -- Perguntei, já me levantando da cama. 

--Eu vou te mandar o endereço por mensagem. Por favor, venha rápido.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, um baque surdo soou do outro lado da linha e ele encerrou a ligação. Mais que diabos está acontecendo nessa cidade? Saí do quarto lendo o endereço no meu celular. Por estar de cabeça baixa, acabei esbarrando em alguém. Eu devo ter um imã para pessoas nesse tipo de situação, sempre que estou com pressa tenho que esbarrar em alguém.

--Desculpa...

--Tudo bem? -- Izzy perguntou, parecendo me analisar. -- Você parece nervosa.

--Ah... Você está ocupada? -- Perguntei, deixando transparecer que estava com um pouquinho de pressa.

--Não, por que?

--Vem comigo.

Puxei Izzy em direção a sala das armas enquanto explicava sobre Henry e o quanto ele parecia nervoso na ligação. Sabendo que já estava enrolando demais, segurei no braço de Izzy e girei o anel sem avisar. Tenho certeza de que o estômago dela não gostou disso. 

Estávamos em um prédio residencial, aparentemente simples, no Brooklyn. Pedi para Izzy ficar me esperando no corredor e qualquer coisa estranha que visse era para me ligar imediatamente. Henry havia escrito no fim da mensagem o número 23R, poderia ser o número do apartamento, mas eu percebi que era uma outra forma de achar ele.

2 = Segundo andar
3 = Terceiro apartamento
R = Direita

Não demorei muito para achar o apartamento dele. Bati algumas vezes na porta, até que ela se abriu sozinha. Por favor, que eu não tenha chegado tarde. Tirei minha espada do suporte e adentrei o pequeno apartamento em passos lentos, estava tudo estranhamente escuro e quieto. Passei a mão pela parede perto da porta, até encontrar o interruptor e acender a luz. Estava tudo bagunçado, não porque alguém chegou lá e saiu revirando as coisas, e sim porque aquela bagunça parecia fazer parte do ambiente a um longo tempo.

Depois de andar por todo o apartamento, percebi que não havia ninguém ali. Estranho... Por que ele marcaria comigo em um lugar onde não estava? Peguei meu celular e tentei ligar para o número que ele havia usado para falar comigo, não demorou muito para um toque começar a soar vindo de onde estavam três monitores e um monte de fios. Ele saiu sem levar o celular? Onde diabos esse garoto foi?

Mandei uma mensagem para Izzy, pedindo para ela vir até o apartamento já que aparentemente não havia nada de errado. Me sentei na cadeira em frente aos monitores, haviam tantos fios que eu quase fui de encontro ao chão quando tropecei neles.

--Ele não está aqui? -- Izzy perguntou, fazendo uma careta ao olhar em volta. -- O que diabos aconteceu aqui?

--Ele não é a pessoa mais organizada do mundo. -- Pendi a cabeça levemente para o lado após ligar os três monitores, algo me fazia pensar que aquele garoto saiu daqui as pressas. -- Izzy, vem ver isso aqui. Cuidado com os fios.

Izzy se aproximou, ficando atrás de mim enquanto eu apontava para os desenhos no monitor.

--Ele montava armas. -- Comentei, usando as setas do teclado para passar as imagens. Haviam desenhos de arcos e lâminas diferentes das que estávamos acostumadas, algumas podiam se transformar em cintos quando não estavam sendo usadas.

--Esse garoto é um gênio. -- Disse Izzy, indo em direção ao sofá e pegando um cinto preto que havia ali. -- Então isso aqui é uma espada?

--Testa. -- Dei de ombros, voltando minha atenção para os monitores, procurando por qualquer coisa que podesse me dizer onde Henry estava.

Acessei as imagens das quatro câmeras de segurança que haviam no apartamento, havia uma escondida no corredor, uma na sala, outra na parte de fora do prédio próxima as escadas de incêndio e a última no quarto dele, onde Izzy e eu estávamos. Estava prestes a assistir as imagens de algumas horas antes quando o celular do Henry começou a tocar.

--Só pode ser brincadeira. -- Sussurrei para mim mesma e mostrei a tela do celular para Izzy. -- É o Marcus.

--Atende e não fala nada. -- A morena orientou, se aproximando de onde eu estava.

Atendi a ligação e coloquei no viva voz, mas não disse nada.

--Henry? -- A voz de Marcus soou pelo quarto, fazendo eu e Izzy nos encararmos. -- Aconteceu alguma coisa? Caramba, cara me responde.

--Marcus? -- Silêncio. -- Marcus, eu sei que é você. Olha, o Henry me ligou, disse que queria me encontrar, mas ele desapareceu. O celular dele ficou na escrivaninha e o computador ficou ligado, parece que ele saiu daqui as pressas.

--O que? -- Marcus pareceu se desesperar do outro lado da linha. -- Katrina você tem que achar ele.

--Ah, jura? -- Izzy perguntou, irônica.

--Não, vocês não entenderam. Não é tudo que os olhos podem ver.

Arregalei os olhos.

--Ele é um...

--É. -- Marcus confirmou, fazendo Izzy me encarar com um olhar confuso.

--Você tá bem? -- Perguntei, depois de um tempo em silêncio.

--Estou. -- Marcus pareceu hesitar antes de continuar. -- E vocês?

--Também, mas você vai ter muito o que explicar quando voltar para casa. -- Izzy respondeu e uma risada fraca foi ouvida do outro lado da linha.

--Eu sei.

--Deixe o celular ligado, irmão. Eu vou te ligar de novo. -- Avisei, assim que vi algo estranho na imagem das câmeras de segurança.

--Tudo bem. -- Estava quase desligando a ligação quando Marcus me chamou. -- Ache o Henry. Ele é o único que pode ajudar vocês a acabar com tudo isso.

--Vou achar. -- Disse, fazendo uma promessa silenciosa para mim mesma e depois para Marcus. -- Eu prometo.

Filha do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora