Capitulo 17

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Steve

Kayanne me mandou mensagem para ir à casa dela e aqui estou eu, batendo na porta dela.

Ela mora sozinha, os pais não são legais, se envolveram com drogas e várias pessoas erradas e nunca ligaram pra ela, a avó deixou um dinheiro mas faleceu então ela usa uma parte e deixa a outra guardada para emergências. Consegue se virar bem sendo emancipada aos 17 anos.

Sorrio quando a porta se abre mas noto seus olhos vermelhos e inchados e fico preocupado.

- Você tá bem? - Beijo seus lábios e ela me puxa para dentro, fechando a porta.

- Olha, eu juro que não queria, foi sem querer e agora eu não sei o que fazer - ela diz me puxando para o quarto e eu fico confuso.

- Não queria o que?

Quando entramos no quarto ela pega algo na cama e para na minha frente.

- Isso é...?

- Estou grávida.

Puta merda! Tô ferrado.

Meus pais vão me matar, vou ouvir tanto os gritos da minha mãe que meus tímpanos vão estourar, isso se não me bater e é provável de até o James falar no meu ouvido.

Ela percebe meu susto e começa a chorar.

- Me desculpa, Steve. Juro que não queria isso...

Respiro fundo e disfarço meu desespero o melhor que posso, então eu a abraço.

- Calma, não tem que se desculpar, você não fez nada sozinha. Vamos resolver juntos, ok?

- Jura? Eu não tenho ninguém, seus pais com certeza vão surtar, vão pensar mal de mim.

- Ninguém vai pensar mal de você, se acalma.

- Eu não queria, nem pensava nisso mas agora eu quero. Não quero ser como meus pais foram pra mim.

- Anne, você vai ser maravilhosa e eu vou estar com você o tempo todo, não se preocupa.

Ela chora mais e eu apenas a abraço. Somos muito novos pra isso mas não vou deixá-la sozinha. Sou tão responsável quanto ela, vamos cuidar de tudo juntos.

Depois que ela se acalma nós vamos no médico, não fazemos a mínima ideia que temos que fazer mas ir ao médico deve ser o melhor. A médica conversa um pouco com a gente, faz recomendações e com certeza está nos julgando mentalmente por termos um bebê tão cedo, acho que vamos ter que nos acostumar por que muitas pessoas vão pensar a mesma coisa.

Ela diz que vai fazer uma ultrassonografia para ver se está tudo bem.

Fico ao lado dela enquanto a doutura nos mostra a tela.

- Estão vendo isso? - ela pergunta.

Olhamos mais atentamente, eu não vejo nada além de um borrão então olho pra Kayanne que faz a mesma cara de confusa que eu. A médica ri e aponta na tela.

- Um bebê - e depois aponta um pouco mais ao lado. - Outro bebê.

Kayanne fica pálida, meus olhos arregalam. Se eu já ia ouvir dos meus pais, imagina agora que são dois.

- Tem certeza, doutora? - Anne pergunta. - Não pode ser só um erro? Parece uma manchinha, deve estar confundindo.

A médica sorri.

- Tenho certeza absoluta, um dos dois tem caso de gêmeos na família?

- Eu tenho um irmão gêmeo .

- Então as chances já eram grandes. Parabéns?

Eu e Anne nos olhamos assustados e depois rimos.

- Obrigado - falamos juntos.

Quando saímos com a ultra na mão, eu a deixo em casa prometendo não demorar a voltar, só preciso falar com meus pais sozinho para ela não se assustar, não quero que pense que ela e nossos filhos não são bem vindos.

Meu Deus, são dois!

Quando estou indo pra casa recebo mensagem no grupo dos primos avisando que estão todos indo para casa da Isa, os pais dela saíram e ela está chamando pra assistir filme, então é pra lá que eu vou.

Assim que chego, entro sem bater. Acho que se assustam com a porta pois estão todos me olhando.

- Vou ser pai! Alguém me dá água, de preferência com um calmante.

Vejo a boca de todos abrirem e olhos se arregalarem.

Olho para James em busca de ajuda e vejo nele a reação que eu tive, de susto. Meus olhos enchem de lágrimas e ele limpa a garganta.

- Isso é sério? - James pergunta.

- É, Kayanne me contou e fomos no médico, querem saber o que mais? - todos continuam calados esperando eu terminar. - Gêmeos.

- Porra, Steve! Custava encapar? - James pergunta, acho que nunca o vi tão sério e isso só me dá mais vontade de chorar, ele percebe e suspira, depois me abraça - Calma, estou do seu lado.

Eu o abraço e permito que minhas lágrimas caiam.

- Nossos pais já sabem? - ele pergunta e eu nego.

- Estava indo pra casa mas vocês mandaram mensagem e eu vim. Não sei como falar com eles, vai comigo?

- Claro que eu vou, deu mole, tô preocupado com a bronca deles e como vai ser daqui pra frente mas feliz por você, vai ser ótimo e ela também.

Ele me acalma. No fim, fico até um pouco aliviado de serem gêmeos, sei que sempre vão ter um ao outro pra tudo, como eu e James que apesar da implicância de sempre não conseguimos viver longe um do outro, ser gêmeo é tão bom que é inexplicável.

- Ela está sozinha, preciso falar com nossos pais pra ir ficar com ela.

- Então vamos lá.

Olho para meus primos que as vezes nem lembro que não temos o mesmo sangue e ainda estão nos olhando.

Kay, fofa como sempre, me abraça e diz que vai ficar tudo bem, Noah e Mat me desejam sorte e dizem que estão comigo para o que precisar, mas a Isa... essa deve ter sido gêmea do James em outra vida.

- E eu achando que quem ia desencapar primeiro fosse o James - Eu rio. - Relaxa, vamos ser babás quando você precisar e é melhor eu ser a tia preferida, o James entrar na competição é injusto.

- Claro que não é, sou o tio gêmeo, é obrigação deles gostar mais de mim - James reclama e ela revira os olhos, me fazendo sorrir.

Nos despedimos deles e vamos para a casa. Paro na porta começando a tremer.

- Calma, Steve. Eles são doidos mas nos amam, vão te apoiar, ajudar em tudo.

- Acha?

- Tenho certeza. Vamos entrar?

Respiro fundo e assinto. Entramos e a Lisy está na sala vendo TV, deve perceber que tem algo sério porque não fala nada, não corre para a gente ou diz alguma palhaçada como sempre acontece. Encontramos os dois na cozinha, conversando e rindo mas bastam me olhar para ficarem calados com olhar de preocupação.

- O que houve? Estão bem? Se machucaram? Foram assaltados? - Minha mãe se aproxima e nos olha da cabeça aos pés, nos vira e até aperta um pouco. - Não estou vendo machucado.

- Não tem machucado, mãe. Estamos bem mas o Steve tem algo pra contar.

Ela me olha preocupada.

- Fala, Steve - meu pai diz e respiro fundo.

- Melhor sentar, mãe.

- Já tô mais nervosa, fala logo.


Olho para James e ele me incentiva a falar. Olho meus pais.

- Vou ser pai, a Kayanne tá grávida.

Meu pai parece sem reação, minha mãe fica surpresa de primeira, mas a ficha cai e ela fica brava.

- É melhor eu ter entendido errado - ela diz.

- Não, mãe. É isso mesmo e tem mais. São gêmeos.

Agora até meu pai está bravo e eu só quero chorar.

- Nós já não conversamos sobre sexo, Steve?! Quantas vezes conversei com vocês dois sobre isso?

- Desculpa, pai...

- Agora é desculpa? Vocês foram irresponsáveis! - ele briga e eu me mantenho calado .

- Que vontade de arrancar suas orelhas! - Minha mãe diz. - De onde você tirou que podia transar assim? Do nada? E sem se cuidar?

- Desculpa... - meus olhos enchem de lágrimas.

Meu pai relaxa a expressão e olha pra minha mãe.

- Amor - ele chama e ela o olha. - Nós também tivemos eles cedo, não somos o melhor exemplo.

- Por isso mesmo eles deviam ser mais conscientes. Sempre falamos que foi complicado estudar e cuidar de dois bebês mas nós estávamos na faculdade, os dois estão terminando a escola e já vão ter dois bebês!

- Mas já foi, não podemos fazer mais nada. Steve, nao vou dizer que estou feliz com isso mas sei que com o tempo vou acostumar, só não esquece que tô aqui pra você sempre - meu pai me abraça e eu relaxo um pouco ao saber que ele não está com raiva de mim. Minha mãe me olha quase chorando e eu volto a me preocupar.

- Eu sou tão nova pra ser avó!

- Relaxa, vai ser uma avó gata, se forem divertidos como eu vai poder levar pra tomar uma cerveja quando crescerem - James fala e ela da um olhar bravo pra ele que dá de ombros.

- Cadê ela?

- Na casa dela. Queria falar com vocês sem ela justamente pelo que estão fazendo agora.

- O que?

- Brigando, não dando apoio. Ela é sozinha, não queria que se sentisse rejeitada por vocês.

Minha mãe suspira.

- Não estamos rejeitando, só estou surpresa, um pouco brava mas muito surpresa, esperava isso do James, não de você.

- Poxa, obrigado - James diz com ironia e minha mãe o ignora.

- Vocês são novinhos demais, vai ser complicado mas nem pense em parar de estudar, nenhum dos dois. Estamos aqui pra isso, cuidar de vocês, ajudar em tudo.

Eu abraço minha mãe e choro junto com ela.

- Me desculpa.

- Está tudo bem, meu amor. Vou acostumar que vou ser a avó mais nova, mais linda, mais engraçada e mais tudo do mundo - Eu sorrio. - Sei que ela é sozinha e deve estar se sentindo perdida agora, trás ela pra cá, vamos ter uma conversa de mulher pra mulher.

- Conversa boa?

- Sim, relaxa.

- Amo vocês.

- Nós também - meu pai diz.

- Falei que ia dar tudo certo - James fala e sorrio para ele, então vou buscar Kayanne mas quando saio da cozinha vejo Lisy encostada na parede e como a boa fofoqueira que é, ouviu tudo e nem tenta disfarçar.

- Vou ser tia?

- Vai - respondo e ela sorri.

- Que legal!

Eu rio e vou buscar minha namorada e mãe dos meus filhos.

Meu Deus, são dois!

***

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Amor conturbado- 1°  Livro Da série: Amizade colorida. CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora