Mais um dia na aula de português, talvez seja mais difícil do que eu pensava conciliar o ensino médio e os cursos da faculdade. Além disso havia passado um mês que Ben estava em coma. Ia todos os dias para lá, minhas esperanças do garoto voltar diminuia a cada dia. Danny sempre me ajudara no que eu precisasse, papai estava mais presente, sempre fazia suas deliciosas tortas para eu levar ao apartamento. E Paty, me dando conselhos e me reconfortando de todas as maneiras possíveis, além de fazer companhia várias vezes no hospital. Já Sammy e Jorge ajudavam na casa quando estávamos fora, ocupados com algo.
***
Bateu o sinal para o almoço, finalmente. Saí do campus e Dan me esperava do lado de fora, com seu cigarro mentolado e suas calças jeans azuis rasgadas, como o combinado:
- Vamos? - Indagou este.
- Sim. - Respondi. - O que vamos fazer hoje?
- Então... Vai querer voltar estudar a tarde?
- Tá maluco?! Depois é matemática e Física!!!
- Se é assim, bom. Vamos em um fast food, pegamos dois lances cada, e iremos no lago.
- Okay... Mas quando iremos voltar.
- Antes de ir para o hospital de Ben.
- Pode ficar tranquilo, não irei. A mãe dele chegou, quero que ela fique sozinha com seu filho, deve estar querendo isso...
- Certo, entre no carro. - Disse Dan animado.
Pegamos o lanche e Danny resolve ir para uma loja de conveniência comprar algumas cervejas. Então fomos para o nosso destino.
O céu estava límpido, não havia uma nuvem no céu, exalava o cheiro dos eucaliptos no ar.***
Havia chegado o crepúsculo da noite, beirava a meia noite:
- Sabe. Nunca pesnsei que minha vida iria tomar um rumo desses... - Indaguei pensativa.
- Não entendi. - Dan falou dando mais um trago em seu cigarro.
- Nunca pensei ir tão cedo para faculdade, me apaixonar por meu melhor amigo. Tenho orgulho de mim, aconteceram várias coisas e eu, com ajuda de Ben e Cris, sempre fiquei de pé. Assumo estar pouco perdida agora.
- Entendi. Ambos podem não estar mais com você agora, mas pode ter certeza de que te ajudarei no que precisar.
O abracei forte, era reconfortante, caloroso. Comecei a contar várias histórias de tudo que passára com Cris. Dan, dava para ver alegria em seu rosto. Falar sobre seu amigo o fazia bem.
- Obrigada... - Falei suspirando.
- Por?
- Por estar comigo.
Me levantei puxando o corpo de Danny para perto de mim. Ficamos cara a cara, tão próximos cujo dava para sentir sua respiração pesada e confusa. Não disse nada, apenas o beijei. No final, não acabára apenas no beijo.
***
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Julho de 1994
////////////////////////////////////////////////////////////////Ben ainda não apresentava qualquer estado de melhoria, os médicos diziam que poderia demorar bem mais do esperado. Nessa época já havia desistido quase que totalmente deste, apenas o mínimo de esperança. Porém ainda o visitava.
***
- Que horas são? - Peguntei para Danny semi nua deitada em sua barriga.
- Sete e meia da noite, por que? - Perguntou ele.
- Vou visitar Ben hoje.
- A cara... Ainda é cedo... Não pode ir amanhã?
- Hoje pode ser o único dia que posso ir. Por favor me leva? Se não irei com meu pai.
- Infelizmente não vai dar. Tenho TCC para entregar hoje.
- Okay, amanhã eu juro que com quem vou passar a noite será com tigo. - Me dirigi a ele dando um selinho em sua boca.
- Então tá combinado.
Coloquei uma roupa e liguei para meu pai, a sorte é que este estava em sua casa. Depois de meia hora de espera ele chega, com uma fatia de torta de chocolate com creme:
- Pai, assim vai me engordar! - falei entrando no carro.
- Sabe que gosto de fazer... Me lembra sua mãe, quando ela chegava do trabalho e comia uma torta de limão, logo após me beijava, ainda sinto o sabor de seu beijo cítrico na boca, toda vez que faço uma.
- Sinto saudade dela.
- Eu também. E tenho certeza que ela ficaria orgulhosa da pessoa que se transformou.
Ficamos em silêncio ouvindo música o caminho inteiro, papai ouvia uma música qualquer do "The Police".
Finalmente chegamos, dei um beijo no rosto de meu pai e logo saí, com a boca suja de torta. Entrei no quarto uma enfermeira limpava Ben, fui ajudá-la:- Você é a garota que sempre vem aqui passar a noite com ele né? - Perguntou a enfermeira.
- Sim, sou.
- Por que? Por que sempre vem vê-lo?
- Sou o motivo para Ben estar assim. Ele vinha me visitar.
- Lembre-se, não foi sua culpa, apenas tinha que acontecer, agora cabe a você aceitar isso ou não. - Falou indo para o corredor.
Fui arrumar os cabelos longos e ruivos de Ben:
- Sabe... Já fazem alguns meses que você está em coma, queria apenas abraça-lo novamente. - Olhei para o armário onde estava as flores. - Parece que chegou a hora de trocar as flores, perderam até a cor. Meu pai fez aquela torta que você tanto gostava. Hahahaha! Lembrei daquela vez quando comeu tanta torta cujo chegou a engordar 5 quilos em uma semana... Ben... Volta, por favor.
Me sentei na poutrona do quarto o olhando. Acabei adormecendo por volta da meia noite.
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Acordei ofegante e assustado, parecia estar em um quarto de hospital. Por que eu estava lá? O que havia acontecido? Virei minha cabeça avistando Clara adormecida, tentei chamá-la, porém mal saía qualquer ruído. Então fechei meus olhos, apaguei novamente.
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Acordei atrasada para a primeira aula, Dan não havia chegado ainda, e Ben ainda sem qualquer reação. Peguei minhas coisas e fui tomar um banho no banheiro do quarto do hospital. Pedi para enfermeira ligar para minha casa.
O atraso de Dan me deixou furiosa:- Calma garota... Sua pressa não irá resolver nada. - Disse a mesma enfermeira de ontem trocando o soro.
Danny chega ofegante:
- Desculpe o atraso. Acabei acordando tarde. - Justificou ele.
- CARAMBA, QUE DEMORA!! Achei que já não ia vir mais...
Começamos a andar em direção a porta:
- Clara... - Ouvi um sussurro atrás de mim.
Virei assustada. Ben acordou! Corri para abraçar:
- Ai Ben!!! Que saudade! - Falei começando a chorar de emoção.
- Não me apertar tão forte... Ta me sufocando - Respondeu.
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Apenas Será
De TodoUma historia ficticia de uma vida cotidiana contada em primeira pessoa por dois pontos de vista, com reviravoltas comuns para uma vida de jovens. Talvez nem tão comum assim. PS: Não é uma história de romance nem algo do tipo. Apenas a vida real con...