17- Somos Tão Inseguros...

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Todos nós dentro do carro, Jorge largado no banco com óculos escuros para disfarçar os olhos vermelhos, Sammy ao lado o pertubando.
Após alguns poucos minutos chegamos no lago:

- Amor, abre o porta-malas?! - Indaguei para Dan.

Fui pegar a cadeira de rodas de Paty, Danny pegou uma cesta com lanches e cerveja, nos sentamos de baixo, em uma das variadas árvores de eucalipto. Sammy e Dan apostaram corrida para ver quem chegava primeiro no lago, bom, e nosso grande engenheiro ainda dentro do carro com ressaca:

- Por que você escolheu essa vida? - Perguntou Paty.

- Como assim? - Indaguei em dúvida.

- Por que desistiu do Ben? Não amava o suficiente?

- Esse não é o caso, tenho que viver a minha vida. Sem me depender dele.

- Então prefere ignorar todos os sentimentos?!

- Sim, não há um dia que eu não sofro, não existe um momento cujo queria estar junto.

- Então pare de se enganar...

- Como já disse, preciso viver a minha vida, esperar Ben só me deixaria no mesmo lugar todo o tempo...

- Preste atenção no que faz. - Disse esta irritada.

Peguei uma cerveja da cesta e dei meu primeiro gole.

                                 ***

Todos estávamos dentro do lago nadando, Dan pega Paty no colo e a joga em suas costas, levando junto a nós. Me aproximo lhe dando um beijo. Este foi um bom dia.

                                 ***

Ao cair da noite, apenas eu e Danny no lago, todos estavam bebendo cerveja e tocando violão. Envolvi meus braços em seus ombros, tremendo por causa da água fria:

- O que achou de hoje? - Perguntei.

- Quase perfeito. - Falou como se quisesse algo.

- Huuuummm... Então falta?

- Falta falar que me ama, só isso.

- Não. Não posso.

- Entendi. - respondeu saindo do lago.

- Espera! Não posso falar, porém quero demonstrar. - Lhe agarrei e dei um beijo.

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Finalmente pude sair daquele hospital frígido e asqueroso, mamãe me esperava na entrada com a chave do carro na mão, eu com uma mochila das roupas que a mesma tinha trazido:

- FILHOO!!! - Gritou ela contente e animada por me ver.

- Nossa... Acho que faz muito tempo mesmo... - Afirmei dando um abraço.

- Vamos para casa Ben.

- O que aconteceu com Clara? - Pergintei em voz tremula.

- Mal tenho notícias dela, a última vez que a vi estava com um homem de cabelo preto.

Entramos no carro, aquele comentário partiu meu coração, lágrimas começaram a cair sem controle:

- Mãe, antes podemos ir comprar flores?

                                 ***

O dia estava ensolarado, passaros cantando e uma brisa fria. Cemitério vazio, apenas eu com um buquê de rosas vermelhas e apenas uma tulipa branca no meio de todas:

- Oi, Cris, trouxe flores e... Perdão por não ter ido em seu funeral, mal pude ir. - Disse em voz entristecisda. - Estive dormindo por um tempinho! Hahaha!

No momento em que me abaixei para colocalar as flores próximo a lápide, minhas prenas bambearam, caindo de joelhos em frente à sua foto. Na mesma hora, chorei instantaneamente, levantar não era uma opção, estava fraco de mais.
Minha mãe chega e coloca sua mão calorosa em meu ombro esquerdo:

- Perdão, foi tudo minha culpa... - Indagou ela.

- Tem razão. É TUDO SUA CULPA! SE NÃO ESTIVESSE FALADO PARA ME LEVAR VIR VER AQUELA VADIA! - Os meu olhos tranbordaram lágrimas. - Nad... Nada disso teria acontecido... - mamãe me abraça forte.

- Desculpa. Não queria isso... - esta disse me abraçando. -  Apenas vê-lo feliz. Mas parece que só criei confusões. - Olhou para mim culpada. - Me perdoe, agora, vamos para a casa.

                        
                                ***

Foram horas de silêncio constrangedor dentro do carro, o único som que se ouvia eram as fitas de Green Day, Soudgarden e Silverchair rolando no carro, vindo junto de maços e maços de cigarro. Finalmente chegamos em casa, peguei minhas mala e me joguei na cama, soltando um "Caralho! Que saudade de você cama!", retirei o colar de cristal e o admirei como se fosse a coisa mais valiosa do universo, para mim a única coisa que sobrára da verdadeira importante, Clara. Talvez fosse melhor acabar com esse sofrimento logo, me levantei indo para a cozinha, mamãe sentada em uma cadeira com uma garrafa de rum, dois copos cheios e mais um maço de meu cigarro preferido. Me juntei a ela:

- Sei como está se sentindo. - Indagou ela. - Uma hora está tudo bem, na outra, tudo se acaba como num passe de mágica, eles vão embora sem dizer adeus.

Apenas me calei e encarei seus olhos prestando total atenção:

- A única diferença é que eu sei onde seu pai está, porém nunca mais terei alguma esperança de sentir seus toques, beijos ou calor... - Falou toda amargurada depois de mais um gole.

Por mais que as situações eram diferentes, compartilhávamos os mesmos sentimentos, ambos sofriamos por um abando de nossas almas gemeas, mas papai não irá voltar. Agora está em um caixão frio, sem vida, decomposto e se esquecendo nas mentes cujo o conhecia.

                       

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