- Você tá bem? Ainda ta com dor? Como é ficar em coma? - perguntei preocupada e curiosa.
- Ele precisa descançar um pouco antes de qualquer coisa. - Chega um médico, cujo acompanhára todo o trajeto até agora. - Peço que se retirem agora, preciso fazer algumas perguntas.
- Sim doutor, vamos Clara. - Falou Dan me puxando pelo braço.
Espera! - Falei de forma rude. - Quero me despedir antes.
Aproximei de Ben, ficamos cara a cara, ainda estava com os olhos abertos, porém, a relutância para mantê-los era grande. Tão próximos, cujo dava para sentir seu calor exalando e se disolvendo no ambiente, encostei levemente os meus lábios nos dele, sussurrando "tchau, Beijamin".
Saí da sala sem olhar para trás, deixando meu amor junto a ele, na cama de hospital fria, solitária, porém com esperanças.***
Meu dia na universidade foi uma completa perda de tempo, mal consegui me concentrar.
Bati a porta do carro de meu pai, subi os degraus até quinto andar, no apartamendo ao lado, dois jovens conversam assuntos fúteis. Abro a porta de casa, Sammy fumava maconha sozinha, passei ignorando. Paty havia saído com Dan, já Jorge era um mistério.
Entrei no meu quarto e o tranquei, coloquei uma fita com músicas do Nirvana, a primeira que toca é Something In The Whay ( para uma melhor imagem e profundidade da cena, recomendo colocá-la). Deitei em minha cama olhado para o teto lembrando de tudo que passára em minha vida. Desde as brigas de mamãe com papai, sua morte, namoro com Ben, e o coma. Não conseguia, na verdade mal como reagir em relação à tudo isso.
Após um bom tempo estática, sem alguma reação, uma angústia veio a tona, acompanhada com uma dor no peito insuportável. Minhas lágrimas molhavam a fronha do travesseiro e meu ursinho de pelúcia esmagado envolto aos meus braços, eu em posição fetal:- Clara, abra a porta... - Pronunciou Danny preocupado. - Vamos conversar.
Abri a porta, este entrou, damos as mãos e sentamos à cama, começamos a conversar sobre os acontecimentos dos dias:
- E em relação ao... - Quando Dan falava, coloquei meu dedo indicador em seus lábios o interrompendo.
- Não quero falar sobre isso...
Dei um beijo afobado e desesperado, como se o mundo fosse acabar, retirei sua camiseta, este beija meu pescoço e me joga na cama.
***
(Acho que a música perfeita para essa parte da história seria Apple Shampoo - Blink 182).
No dia seguinte acordei meio... Cansada, porém nada melhor. Vesti um moletom e fui para a cozinha Dan preparava o café e Paty comia alguns biscoitos:- O de sempre? - Perguntou Danny.
- Sim, por favor - Indaguei.
Comi o mais rápido possível, papai me esperava dentro do carro, pronto para me levar ao hospital.
Cheguei ao quarto de Ben na esperança deste estar acordado, acabaram logo quando entrei, desacordado, novamente. Me aproximei com uma cadeira e peguei sua mão:- Ben, espero que entenda. - Me dirigi a ele. - Não posso mais esperar. É que... Mal sei quando vai acordar, e tenho que seguir a minha vida... - Abaixei minha cabeça, com olhos cheios de lágrimas e um sorriso amargurado no rosto. - Adeus amor...
Saí do quarto o mais rápido possível em prantos, entrei em um ônibus e fui para casa.
Pulei nos braços de Danny o abraçando apertado, este me recebeu com muito carinho. Após conversarmos um pouco, fui para meu quarto, peguei um caderno em branco começando a escrever tudo, todos os momentos com Ben e o que acontecera desde então, não queria esquecer, gostaria de lembrar cada momento, para sempre. Mas preciso seguir em frente com minha vida, me afastar o Whoterson, recomeçar.////////////////////////////////////////////////////////////
Setembro de 1994
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Acordei desesperado, como se estivesse sendo sufocado, mal conseguia me mover e todos os membros de meu corpo doíam, uma enfremeira saí do quarto com toda pressa o possível chamando o nome de um doutor. Olhei deitado pelos arredores do quarto, sem achar o que mais queria. Os abraços de Clara:- Como se sente, senhor Whoterson? - Disse o médico.
- Bem, mas... O que está acontecendo? - Perguntei desorientado.
- Faz longos meses cujo tu está em coma.
- Todo esse tempo? E onde está Clara?
- A senhorita Floyd? Faz dois meses que ela não vem.
Fiquei cabisbaixo, coloquei a mão no meu rosto tentando entender tudo. Será que ela desistiu de mim? Onde ela estaria? Por que ela desistiu de mim assim? Essas são perguntas que irei descobrir com o tempo:
- Vai ficar dois dias em repouso. - indagou o Doutor tentando quebrar o clima. - Sua mãe vem terça-feira para lhe buscar.
- ONDE ESTÁ CRIS? - Gritei lembrando do acidente.
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Um dia de domingo chuvoso e frio surge, acordo enrolado em cobertas, Dan ao meu lado nu, pulei em cima dele o acordando assustado:
- Clara, quantas vezes eu disse parar com isso?! - Falou Danny.
Isso me remeteu a uma lembrança de Ben, mas a ignorei. Me sentei em sua barriga:
- Sabe, obrigada. - Falei. - Por ser tão paciente comigo.
- Não precisa dizer isso, na verdade eu que tenho a agradecer... - Indagou Dan. - Eu te amo.
O abracei forte dando vários selinhos:
- Mas não podemos ficar na cama o dia inteiro, já são dez horas da manhã! - pronunciou este.
- Temos mesmooo... Tá tão gostoso... - Reclemei. - Quer saber? Não vou deixar você levantar. - O envolvi com os braços apertando forte.
- É mesmo?!
Me deu um golpe de judô jogando na cama, soltei um grito agudo de susto e após uma gargalhada.
***
Me sentei a mesa, Paty conversava com Sammy sobre a faculdade Jorge abre a porta da sala cheirando bebidas e cigarros, ainda um pouco bêbado:
- ESSES BANDO DE ENGENHEIROS QUÍMICOS ACHAM QUE SABEM TUDO!! - reclamou.
- Nossa! O que aconteceu? - Perguntou Sammy curiosa.
- Esses caras tem medo de misturar cocaína com bebidas, porque dizem que tem um grande risco de overdose. Vão se foder!
- Você sabe muito bem que isso não é verdade! Né? - Disse sarcástica.
- Sei! E não dá merda nenhuma!!! - Jorge irritado. - Tô com fome, tem algo pra comer?
- Hoje tem panquecas... - Falou Danny.
Todos reunidos na mesa como se fosse um daqueles seriados americanos clichê qualquer, conversando sobre coisas do dia-a-dia, dando gargalhadas. Até:
- Clara, já foi ver o Ben? - Questionou Paty.
Todos param de comer e me encaram:
- Não, parei de visitá-lo... - Indaguei séria.
- Qual será a programação de hoje pessoal? - Dan tentando quebrar o clima.
- Que tal irmos no lago? - Sammy animada falou.
- Boa ideia! - Falou o mesmo.
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Apenas Será
RandomUma historia ficticia de uma vida cotidiana contada em primeira pessoa por dois pontos de vista, com reviravoltas comuns para uma vida de jovens. Talvez nem tão comum assim. PS: Não é uma história de romance nem algo do tipo. Apenas a vida real con...