II. 2

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Fui até o quarto 43 da UTI, subi como doutora, não como visitante, afinal, tinha que cumprir meu trabalho.

- Manu?

- Ah, você já acordou. Como está se sentindo? Alguma dor? - perguntei me aproximando.

- Manu, não finja que...

- Eu estou fazendo meu trabalho. - falei séria e tirei uma seringa com agulha da caixa. - Vou só fazer um exame de sangue.

Peguei o elástico, prendi o braço dele e me aproximei com a seringa.

- Quanto você vai tirar?

- Três tubos desse. - segurei o braço dele no lugar e coloquei a agulha na veia. - Pronto, a dor já foi, abre e fecha a mão.

- Tá.

Quando acabei, poucos minutos depois, fui sair do quarto mas ele me chamou com voz de choro.

- As crianças?

- Bem e com saudade do pai delas. - saí do quarto e fui para o laboratório.

Peguei todos os resultados mais ou menos uma hora depois, analisei os resultados e me assustei ao ver o número alto do colesterol e da glicose.

Já era de madrugada e eu não tinha nenhum paciente, voltei para o quarto dele e fiquei o observando dormir, me sentei na poltrona e fiquei em silêncio ali.

- Não... Manu, não! Por favor, para. - ouvi a voz dele e percebi que ele estava se mexendo.

- Ei... acorda. Está tudo bem, foi só um pesadelo, não se preocupa.

- Manu. - Ele tentou me abraçar mas não deu. - Você está fazendo o que aqui?

- Plantão. Não tinha nada para fazer lá no consultório então eu vim te ver, mas você estava dormindo. Acho que já vou, pode voltar a dormir.

- Fica. Precisamos conversar então... - Ele pediu e eu me sentei na maca.

- Melhor não, eu aceito que você quis terminar, pronto, terminamos. Quatro anos para nada.- falei baixo a última parte.

- Em momento algum eu disse que queria terminar. Eu te amo, Manuella, por favor, para com isso. - Ele falou e eu parei.

- Você tem que parar com esse ciúme doentio.

- Não foi minha intenção ter aquele surto, me desculpa. - Ele falou e eu pensei nas crianças antes de qualquer outra coisa.

- Tudo bem. Minha aliança está em casa, antes que você pergunte.

- Quanto tempo eu tenho que ficar aqui? - Ele perguntou querendo se mexer.

- Amanhã de manhã você vai para um quarto no andar debaixo, na verdade você só está aqui porque é famoso e amanhã a noite você pode ir embora.

- Tá. - soltei minha mão da dele e peguei o dreno.

- Vou tirar esse dreno e isso aqui. - apontei o tubo da bolsa de soro e ele mordeu o lábio.

Tirei o dreno e o tubo do soro, ele reclamou um pouco mas estava tudo bem, ele estava indo tomar um banho quando me puxou junto para o banheiro.

- Shawn, você não pode fazer esforço. Acabou de tirar um osso que furou seu pulmão, só toma seu banho e volta.

- Faz 6 meses que eu estou na seca... - Ele fez carinha de pidão e eu ri.

- Quando formos para casa eu deixo.

- Vou cobrar. - Ele me beijou por um tempão e eu saí sorrindo do banheiro.

Enemies//S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora