Após a palavrinha mágica sair da boca de minha mãe na maior naturalidade, eu só consegui pensar : Pronto. É agora que ela me interna!
Já estava tentando formar na cabeça a cena de uns especialistas chegando na minha casa me levando numa camisa de força. Aquilo definitivamente não seria nada agradável.
Não consegui pensar em uma palavra se quer para responder a minha mãe. Eu poderia gritar, me espernear por ela está afirmando que eu era louca. Mas tudo o que consegui foi ficar paralisada por um tempinho que eu não calculei encarando-a boquiaberta.
Minha mãe também ficou em silêncio me observando por um tempo esperando que eu argumentasse, mas como não disse nada ela então começou a explicar.
– Você não vai para o hospício querida. Você vai conhecer adolescentes que assim como você são especiais!Assim como você são especiais.
Se minha mãe tentou me tranquilizar dizendo isso, eu não fazia a mínima ideia. Só sabia apenas que não funcionou como talvez ela pretendia.
–ÓTIMO! – eu berrei – Então agora está comprovado o que eu sempre suspeitei. Sou doida!
Minha mãe ergueu a mão e sacudiu a cabeça em discórdia.
–Não foi isso que eu quis dizer querida! – ela disse calmamente – Mas existem outras pessoas que assim como você, tem sensibilidade em ver coisas que outras pessoas não vêem. Coisas como...
–Monstros?Minha mãe deu um suspiro de leve.
–Sim.
Eu não podia acreditar que estava falando sobre isso com minha mãe. Quer dizer, então ela acreditava que era real? Que minhas visões não eram apenas visões?
–Mãe! O que exatamente faz com o que você acredite em mim?
Ela foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água.
–Bem... – começou minha mãe enquanto enchia o copo – Você é minha filha. Eu confio em você!
–Mas existe uma razão maior para isso! Você sabe de alguma coisa.
Eu interpretei lendo a expressão nervosa de minha mãe. Ela nunca soube disfarçar quando escondia algo. E ela agora balançava a água dentro do copo distraída mente como se fosse café.–Eu acho que essa parte eu vou deixar para eles explicarem a você. Eles vão te explicar e te preparar.
–Preparar para o quê?Antes que minha mãe pudesse responder a campainha tocou.
–Ah – ela deu um suspiro de alívio –devem ser eles!
Quando minha mãe abriu a porta meu queixo caiu com a paisagem que eu vi. Parado na porta esperando, havia um garoto de cabelos castanhos escuros meio despenteados, olhos verdes como o mar (minha nossa que olhos penetrantes são esses?!), ele deveria ter mais ou menos a minha idade, talvez um pouquinho mais... Talvez uns 17?
Só sei que não consegui desviar os olhos da porta enquanto ele estava parado ali.
–Você deve ser o filho da Sally. – falou minha mãe – Ela disse que você viria.
–É um prazer conhecê - lá senhora–disse o garoto estendendo as mãos e esbanjando um sorrisinho que eu achei para lá de atraente – Sou Percy Jackson!*******
Depois que minha mãe o convidou a entrar e se sentar eu não consegui prestar atenção em uma palavra do que ele dizia. Só fiquei apreciando aqueles olhos cor de mar. Aquele garoto era atraente, mesmo parecendo tentar não ser. A julgar pelas roupas simples que usava e o cabelo despenteado. Fiquei tão perdida em pensamentos que nem reparei que ele estava falando comigo.
–Louisy! – minha mãe chamou dando-me uma chacoalhada de leve.
–Ah desculpe-me... Eu estava pensando no meu trauma de hoje. – eu disse tentando disfarçar.
–Você tem visto monstros! – falou Percy – Só começou a vê -los agora?
–Não. Eu os vejo desde quando tinha 7 anos.Percy me deu uma olhada como quem estivesse me estudando. Fiquei tentada em perguntar o que um garoto adolescente estava fazendo bancando o psicólogo ou sei lá o que. Mas minha mãe respondeu minha pergunta silenciosa como quem havia acabado de ler meus pensamentos.
– O Percy assim como você também tem sensibilidades a ver esse tipo de coisa. Não é Percy?Percy assentiu.
– Nós conseguimos ver coisas que mortais comuns não conseguem– ele respirou um pouco enquanto pegava um mousse de morango que minha mãe lhe servia – Obrigado Senhora Dotts – agradeceu Percy antes de prosseguir. – Sabe a névoa, ela serve para distorcer a realidade. Ela costuma ter um grande efeito sobre os mortais.
Mortais comuns?! Névoa ter efeito sobre mortais?!
Nossa! Olha o carinha que minha mãe chama para bater um papo comigo? Exagerou legal! Percy estava muito melhor antes de abrir a boca. Ele falava tudo na maior naturalidade que eu fiquei até um pouco impressionada.
–Quando você disse nós você se referiu a...? –perguntei.
–Meus amigos – respondeu Percy – são meio sangues como eu... E bem... Como você também Louisy.Reprimi uma risadinha.
– Ah – bufei – então há centenas de loucos como eu por aí! –conclui o que já parecia óbvio – Que maneiro!Minha mãe me deu um olhar severo que me dizia: Isso não é jeito de tratar alguém mocinha!
Percy porém não pareceu se importar muito. Ele deu até um sorrisinho que parecia dizer: Sem ressentimento. E tomou mais uma colherada do mousse antes de tornar a falar.–Há cinco anos atrás quando descobri que era um semideus eu também achava isso. Que eu estava pirando e que minha mãe fosse me internar no hospital psiquiátrico por eu estar apresentando sinais fora do normal . Até eu descobrir que meu melhor amigo era um sátiro e meu protetor.
Eu não conseguia mais compreender uma única palavra do que Percy dizia.
– Semideus?! – perguntei confusa –amigo sátiro?! Eu ouvi direito?Percy devorou toda a tigela de mousse e deu uma pausa para respirar antes de falar.
–Isso mesmo Louisy! – afirmou ele seriamente – Eu poderia deixar essa parte com esse meu amigo já que ele veio comigo e está responsável em te levar daqui em segurança. Mas como ele está demorando para voltar da loja de doces, então acho que não há problemas em eu lhe contar o ponto X da história.
Ele deu outra pausa para me encarar com aqueles olhos penetrantes.
–Você é uma semideusa Louisy. – disse Percy – Assim como eu. E precisa ir hoje mesmo para o acampamento meio sangue!
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Diário de uma Semideusa
Fanfiction[Concluído] - Louisy Dotts é uma adolescente de 14 anos que se sente diferente de muitas pessoas ao seu redor. Em seu diário, ela revela ter visões de criaturas horríveis que sempre estão em seu caminho, que apenas ela consegue ver. Graças a ess...