Diário de uma Semideusa

Mais problemas. Uma solução!

– Deixar vocês sozinhas é uma péssima ideia pelo que estou vendo! – reclamou Jason pela décima vez depois do susto no lago.
– Jason, já chega! – interveio Piper revirando os olhos para o namorado – Só foi um susto e nos descuidamos. Não vai acontecer de novo.

Já estávamos voltando para a área em que nos reunimos, mas o clima no ar ainda estava pesado. Se um monstro apareceu — no mar — outros poderão.

– Eles devem ter nos rastreado! – concluí para os três que estavam comigo.
– Pode ser que sim e também pode ser que não Louis – disse Percy – aqui também deve ser terra deles!

Em seguida, um som de uma bomba estourando chamou atenção de nós três. Veio da direção onde estava o restante do pessoal.

– Leo! – gritou Piper com a voz embargada e saiu correndo desesperada na frente.
– Piper! – chamou Jason correndo atrás dela.
Senti meu coração acelerando a cada passo corrido que eu dava para me aproximar de meus amigos. Se eu perder um deles...

E novamente o pânico tomou conta de mim. Um redemoinho de girpêras se aproximava de onde estava Leo e Nico. Grover já estava com sua flauta em mãos e já trabalhava com ela. Os seres feiosos e rastejantes que tentavam atacá -lo era imediatamente transformado em galhos de árvores. Um pouco mais afastado estava Nico conjurando um exército de mortos e atacando de uma vez a maioria das criaturas. Enquanto ele lutava diretamente contra uma girpêra que tentou se enrolar em seu pescoço da mesma forma que fez comigo. Ele ergueu sua espada e a fulminou em instantes. Aquela espada!
Então a espada preta que Grover me emprestou pertence a Nico di Angelo.

Ao contrário de mim ele atacava com muito mais eficácia. Sua expressão era calma e concentrada. Pude ver isso mesmo em meio a seus movimentos rápidos. Era como se ele calculasse cada passo de seu oponente.

–Louisy, você não vem?
Gritou Leo me tirando de minha distração. Agora todos já estavam na luta e eu me desliguei da terra e só olhei para Nico por sei lá quanto tempo.
Fui para cima de outra girpêra com toda a coragem que consegui reunir. Tinha que enfrentar meus medos. Tinha que ajudar meus amigos.
A minha força eu encontrei neles.
Com o meu aproximar a girpêra coral começou a cuspir fogo em minha direção, mas eu usei a lembrança das esquivas de Percy como exemplo e comecei a dar cambalhotas na direção contraria de onde ela mirava. Fui muito bem para uma novata — tenho que admitir. Mas logo ela me atingiu com a calda, me jogando um pouco longe. Agradeci aos deuses por não ter se repetido a sufocação.
Depois me repreendi quando reparei que estava sem espada. Droga!
Existe uma pessoa mais estúpida que eu?

Uma coisa feia com corpo de gente e cara de lesma veio até mim com uma enorme lâmina em suas mãos humanas. Mas dessa vez fui salva por Nico, que atraiu um de seus esqueletos para agarrar a caricatura mal feita enquanto ele cravava a espada de ferro esfígio bem no meio do peito do monstro.
Soltei o ar que estava prendendo com força.
– O... Obrigada mesmo! – gaguejei em agradecimento quase sem voz.
Nico se permitiu me encarar por um  breve momento antes de voltar atenção para os inimigos.  
– Não me agradece ainda!
 
Corri na direção de Piper e meu queixo caiu com o encanto que ela estava usando sobre os oponentes. Ela usava charme deixando eles confusos e atacando os seus.
– Incrível! – admirei em voz alta
– Você também pode fazer isso! – disse Percy que estava ao lado de seu meio irmão ciclope enfrentando uns 10 numa eficácia de cair o queixo.
Ele tem razão!
Eu sempre fiz exatamente o que Piper está fazendo agora. Em situações diferentes, é claro. Mas não deixei de fazer.
Agora eu entendo porque posso ser tão persuasiva quando preciso de "favores".

A minha frente vinha mais caras de lesmas me atacar. Inspirei e expirei com força para me preparar. Senti uma pontada de alívio quando vi que não havia mais sinais de girpêras ali. Nico deve ter destruído as poucas que tinham.
Quando a coisa feia se aproximou mais de mim, apenas uma pequena palavra que saiu alta de minha boca fez um efeito que fez com que todas as pragas ali presentes me encarassem paralisadas : – PAREM! —
Serviu para que parecessem estátuas. Até mesmo os semideuses que estavam comigo pararam de forma abrupta e não tiraram os olhos de mim esperando o que eu tinha a dizer... Ou fazer. Com exceção de Piper, é claro, que me deu um tapinha nas costas de um jeito reconfortante e incentivador,  que dizia que ela estava ali do meu lado.
Olhei para ela que sorriu de um jeito gentil e em seguida usei meu charme para as criaturas.
– Se matem!
Depois pensei bem. Quando eles estavam se mexendo para atacarem uns aos outros ordenei :
– Não, esperem! – eles olharam para mim confusos – Você! – apontei para a cara de lesma que estava parada a minha frente. Olhar para a cara nojenta daquele troço me dava embrulho no estômago. Mas naquele momento tinha que ignorar isso e usar a chance que tinha de salvar a namorada de Percy a meu favor. Ou melhor, a favor de todos nós!
– Você nos levará a sua amo!
A criatura arregalou os olhos de lesmas como se dissesse : "Não posso fazer isso. Ela não permite! " mas não estou nem aí para os protestos de uma criatura abominável dessas.
– Quanto ao restante! – voltei a olhar na direção dos outros – podem fazer o que mandei a um minuto atrás. Se matem!

Imediatamente as criaturas obedeceram as minhas ordens e em questão de segundos, já não se via mais vestígios de pragas no local. Apenas um ser deformado com cara de lesma hipnotizado para cumprir a missão em nos conduzir para o caminho que nos levará a Annabeth.