Capítulo 12

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Senti os olhares deles sobre mim, mas mantive a minha cabeça baixa, Juliana cochichou algo para ele mas nem me dei o trabalho de prestar atenção no que era. Estava começando a sentir um enjôo, não queria passar mal. Não agora. Levantei da poltrona não aguentando segurar e fui pro banheiro, fechei a porta passando a chave e fui para o assento sanitário. Coloquei tudo que havia em meu estômago para fora, ouvi o barulho da maçaneta mas não me incomodei. Continuei a vomitar até não ter mais o que por pra fora. Sentei no chão e encostei a cabeça na parede, pois a própria estava girando demais. Fechei os olhos e uma imagem de Chiara me veio a mente, abri um sorriso pequeno e senti as minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Minha princesa
Quanta beleza coube a ti
Minha princesa
Quanta tristeza coube a mim
Na profundeza
O amor cavou
O amor furou
Fundo no chão
No coração do meu sertão

Paro de cantar e enxugo minhas lágrimas, me levanto e acaricio minha barriga. Dou descarga, lavo as mãos e a boca e saio do banheiro. Vou para poltrona e me sento ao lado da Juliana, que me encarava.

- O que foi? - A olhei.

- Está tudo bem? Ouvimos uns sons estranhos vindo do banheiro.

- Tudo ótimo, melhor não poderia estar!

- Princesa?

- Oi? - O olhei.

- Podemos conversar? - Afirmo. Juliana se levantou e saiu do quarto. - Eu sei que ouviu a minha conversa com a Rê. - Fechei a cara na hora. - Manu, eu não quero nada com ela. Eu quero você.

- Por que? Você teve um passo incrível com ela. Virada de ano novo transando em Nova Iorque, transa na cachoeira. Não duvido nada de que já não tenham transado no hospital. Isso é um fetiche seu? Transar com as mulheres em vários lugares?! - Falei tudo sem pensar, sem pensar nas consequências e no peso das palavras.

- Tive um passado legal com a Rê, mas nada comparado com o nosso presente, Emanuelle. Eu amo estar com você, cuidar e mimar você. Ver o seu sorriso, ouvir você cantar durante o banho, dançar quando escuta uma música que gosta. Transei com a Rê em vários lugares sim, mas nosso relacionamento só era baseado nisso. Sexo. E eu não queria mais. Eu queria algo mais profundo, algo mais sincero e amoroso, assim como o nosso relacionamento. Eu buscava alguém para ser a mãe dos meus filhos e eu achei.

- Você disse que...

- Eu sei o que eu disse para Renata, mas o meu presente com você... Tudo o que estou vivendo com você, eu não troco por nada. Só quero você, uma casa e o nosso bebê. O meu presente com você é tudo o que eu preciso.

- Gui... - Ele sorriu e me chamou com o dedo, me aproximo dele e demos um selinho.

- Eu te amo garotinha. - Falou segurando minhas mãos, fiquei sem reação. Sem resposta.

- Gui... Eu... Eu. - Gaguejei nervosa.

- Não precisa me dizer isso agora, quando se sentir a vontade para falar você diz. Não vou te forçar.

- A primeira vez que senti isso, eu me joguei de cabeça. No final acabei cuidando de uma criança sozinha, porque o pai fugiu com a atual esposa. - Dei um sorriso de lado e o olhei - Sei que você é diferente e que não faria isso comigo. Estar com você me faz muito bem, você cuidou de mim e me fez rir quando ninguém mais conseguia. Me deu um outro motivo para viver, um motivo que vem crescendo aos pouquinhos dentro de mim. - Ele enxugou minhas lágrimas. - Eu te amo, Gui.

- Meu anjo, eu nunca vou te deixar. Nem quando você mandar eu sumir da sua frente, eu vou continuar e te fazer sorrir. - Sorrio. - Amanhã eu recebo alta e você então verá mais a Re...nata.

- Graças a Deus!

Ele riu, ficamos conversando e trocando carinhos por um longo tempo. Estava cansada e com sono, então me deitei na poltrona e acabei dormindo.

09 de Outubro de 2016

Já estava em casa com o Guilherme, decidimos que ele ficaria no meu apartamento, Juliana trouxe as coisas dele para cá e organizamos tudo juntas. Na hora do almoço fiz algo leve como o médico pediu, nós almoçamos e o Guilherme só reclamava e eu ria dele. Estávamos vendo um filme, o telefone dele começou a vibrar, ele olhou quem era e desligou.

- Atende Guilherme.

- Não é nada de importante.

- É a Renata, né? - Me levantei. - Atende ela logo!

- Manu..

- Atende!

Sai do quarto batendo o pé, fui para o quarto de hóspedes e me tranquei, fiquei deitada na cama ouvindo o Guilherme pedindo para eu abrir a porta, mas não queria falar com ele.

RefúgioWhere stories live. Discover now