A semana passou rápido, quando dei por mim, Fantine já estava me ajudando a arrumar as malas. Eu iria com ela para Holanda e eu não estava acreditando que esse momento chegaria. Fantine estava radiante, mal via a hora de poder ter sua filha em seus braços, ela me falava sobre sua menina com orgulho, me contava histórias das duas e de seus momentos preferidos. Eu a ouvi feliz, estava ansiosa, queria poder conhecer esse outro lado de Fantine de perto, queria poder ver ela sendo mãe.
Estávamos no aeroporto, quando ouvimos a chamada para nosso voo. Sinto meu coração acelerar, seguro a mão de Fantine quase em um ato de desespero. Ela me olha assustada.
- Você está passando mal? O que foi? - Ela pergunta agora preocupada, tem sua total atenção voltada para mim. Eu tento voltar minha respiração ao normal, mas sinto o ar me faltar. Desde que estamos juntas meu lado racional parou de funcionar, eu aceitava todas as loucuras de Fantine, e essa era uma delas. Tudo nesse momento me assustava, ir para outro país com ela, conhecer seu lar, conhecer o lugar em que ela viveu todos esses anos, onde há histórias e memórias, conhecer um pedaço de seu ser. Eram tantas coisas, que eu não raciocinei a proporção que isso nos levaria. Eu olho em seus olhos, procurando por algum tipo de dúvida, procurando algum motivo para eu desistir e eu só encontro amor, só encontro um olhar preocupado, me olhando com todo cuidado.
- Não, estou bem. Desculpa Fanta, eu sempre fico um pouco ansiosa antes de viajar. Só isso. - Digo tentando convencê-la. Sinto ela procurar em meu olhar algum vestígio de dúvida também. - Vamos, está tudo bem. Sério. - Digo passando mais confiança, começo a andar e a levo junto comigo. Nos acomodamos em nossas poltronas, agora um pouco mais calma, aqueles pensamentos se apagando de minha mente. Eu quero estar com ela, só isso em que eu mentalizo.
- Você está arrependida? - Fantine pergunta baixo, um tom de voz um pouco triste, sem contato visual. Em seu semblante uma leve decepção. Sinto meu coração apertar, eu não gosto de vê-la assim, não suporto ser a causa de sua tristeza.
- Não, claro que não. - Me apresso em dizer, seguro em sua mão, ela levanta seu olhar. - Arrependimento nunca se passou pela minha cabeça. Eu só fiquei um pouco nervosa, um nervoso bom, de algo novo. Nenhum sentimento ruim. É que com a gente parece que tudo é muito novo, eu só fiquei um pouco insegura.
- Lu, eu disse que seríamos você e eu contra o mundo certo? Não quero que você sinta insegurança ao meu lado. Eu estou aqui por você assim como você está por mim.
- Eu sei, me desculpa. As vezes é incontrolável, eu tenho medo que você se arrependa. Não sei, só que é uma história longa né. Você me entende?
- Entendo. Eu não fui das mais sinceras com você no passado. Mas agora eu sou, agora eu finalmente deixei esse sentimento tomar conta de mim, pode parecer precipitado tudo o que fizemos até agora, mas para mim não.
- Para mim também não. Eu amo você, e eu sinto isso de você. Eu acredito em você Fantine, eu confio em você. - Termino beijando sua mão. Ela sorri para mim, como eu posso duvidar de algo tão puro quanto esse sorriso? Afasto qualquer pensamento que possa atrapalhar nossa viagem, me aconchego em seu ombro, ela deixa um beijo em minha cabeça.
- Eu amo você também.
Depois de longas horas de viagem, desembarcamos em solo holandês. O clima frio me atingindo bruscamente. Fantine me olha rindo, ela já acostumada com essa mudança de temperatura. Segura em minha mão e seguimos para a saída. Fantine não consegue conter seu sorriso ao avistar sua filha, a mesma vem correndo ao encontro de sua mãe. Fantine solta minha mão e abre os braços para receber sua menina. Eu as observo com um sorriso bobo. Finalmente Fantine está completa. Ela se solta do abraço, segura em sua mão delicada, volta seu olhar para mim e fazendo com que sua filha me olhe. A pequena me olha com olhos curiosos, um pequeno sorriso no rosto, ela olha para Fantine, esperando uma introdução.
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Against All Odds.
RomanceQuando um reencontro desperta sentimentos até então desconhecidos.