E o dia que voltaríamos para o Brasil havia chego. Enquanto arrumava minhas malas para voltar, lembranças de nossos momentos passavam em minha mente. Ter conhecido Christine, Fantine ter compartilhado sua vida na Holanda comigo, ter vivido momentos incríveis ao lado das duas, me fizeram ver que a felicidade está em pequenos detalhes, como um simples abraço, um sorriso. Elas completaram a parte que estava faltando em mim, e eu falo no plural, porque Christine era parte de mim agora.
A despedida foi cruciante, via nos olhos de Fantine a tristeza de deixar sua filha mais uma vez, por mais que ela soubesse que Kikish em breve se juntaria a nós, ainda assim era doloroso dizer até logo para aquela que despertou um lado desconhecido por mim, aquela que me fez querer proteger e abraçar a vida toda. Fantine a abraçou forte por um longo tempo, eu simplesmente repeti seu gesto. Senti em seu abraço a reciprocidade de um amor novo, um amor que descobrimos com o passar dos dias, e um amor que cresceria com o passar de mais outros dias. Um último aceno antes de caminharmos ao portão de embarque.
Sinto a mão de Fantine apertar forte a minha, a olho com lágrimas escorrendo por meu rosto e encontro o mesmo em seu olhar. Seguimos assim até nos acomodarmos em nossos lugares no avião. O voo foi feito em silêncio, poucas palavras trocadas, assim como ela, também já sentia falta de Christine.
Particularmente um assunto ainda me perturbava, as palavras de minha irmã ecoando em minha mente. Eu teria que conversar com ela assim que chegasse, queria que ela me compreendesse e me apoiasse. Eu estava feliz, isso é o que importa.
Finalmente em solo brasileiro, sinto o calor aquecer meu corpo, a brisa de verão me trazendo energia e coragem para enfrentar os novos desafios de uma nova etapa em minha vida. Depois de uma longa viagem e com nossas emoções no normal, chegamos ao meu apartamento. Fantine tinha seu braço sobre meu ombro enquanto me apoiava em seu corpo, meu braço em volta de sua cintura, ríamos das mensagens de Aline sobre como ela estava animada para começarmos tudo de novo. Sinto Fantine parar bruscamente tanto de rir quanto de andar, levanto meu olhar confuso para ela que está olhando apreensiva mais à frente, sigo seu olhar e encontro minha irmã apoiada na porta de casa. Minha garganta seca, respiro fundo não querendo ser recebida por ela agora.
Num ato de coragem Fantine nos guia em sua direção, ficamos frente a frente e o momento que eu temia havia chegado.- Olá, tudo bom? Eu sou a Fant.. - Fantine tenta mas é interrompida pela minha irmã.
- Eu sei quem você é.
- Liti, por favor. Não precisa ser rude com a Fantine. - Eu peço sem forças para brigar. - Nós estamos cansadas, foi uma viagem longa. Se for pra você vir aqui com desaforo eu acho melhor você ir embora.
- Eu quero conversar, eu quero entender. - Ela diz ainda incrédula, como se estarmos juntas fosse a coisa mais absurda do mundo.
- Não há o que entender. A Lu já te falou, nós nos amamos e estamos juntas. Só aceita, não tem nada que você faça que vai nos afastar. - Fantine nos defende, sua voz firme, cheia de confiança. Eu agradeço mentalmente por ela estar comigo nesse momento. Minha irmã a olha com indignação, e antes que ela pudesse revidar eu tomo a frente e abro a porta de casa, com as mãos ainda entrelaçadas guio Fantine para dentro, espero minha irmã fazer o mesmo e fecho a porta.
- Agora nós podemos conversar, sem agressões. - Digo fazendo com que elas me olhassem. Fantine respira fundo, para tirar essa nova Fantine do sério era preciso muito esforço, o que minha irmã estava fazendo com perfeição. Sento no sofá e Fantine me acompanha, ela segura minha mão como ela disse que faria. Me sinto protegida com seu gesto, ela me passa a força que eu preciso para enfrentar a situação. Minha irmã nos observa, sua expressão incrédula, como se tivéssemos afrontando sua presença.
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Against All Odds.
RomanceQuando um reencontro desperta sentimentos até então desconhecidos.