Após a cerimônia onilíngue, os cuidadores levaram os novatos para seus aposentos nas Três Torres, dividindo-os conforme a idade para a Torre do Fundamento, a Torre Média e a Torre Maior. Emílio ficou na Torre do Fundamento com grande parte de seu grupo, chamada pelos veteranos de Torre Menor.
No caminho, todos se cumprimentavam. A alegria era unânime: perguntavam eufóricos uns aos outros por seu país de origem, como haviam chegado à Acrópole, qual animal os protegia e se alguém já tinha visto uma pena-viva em ação. Somente os lumens veteranos não queriam muita conversa, apesar dos recém-chegados insistirem. Emílio viu cair por terra sua primeira impressão de que seria difícil fazer amigos ali.
Quando se depararam diante das Três Torres ficaram impressionados: três edifícios medievais gigantescos arredondados e iluminados por uma belíssima noite de lua cheia. As Três Torres eram equidistantes, dispostas de modo triangular e ligadas ao meio por uma passarela encoberta e ascendente da Torre Menor à Torre Média, da Média à Maior. Havia dezenas de sacadas, janelas e ameias iluminadas.
Ao entrar na Torre Menor, Emílio ficou espantado com a quantidade de lumens, professores, cuidadores, esculturas e alguns animais pequenos e exóticos que se despediam de seus donos e desapareciam nas sombras de objetos e móveis. Teve a nítida impressão que o espaço interno era incomparavelmente maior em relação à largura externa do prédio. O Prof. Wallace não exagerou ao afirmar que na Acrópole tamanho, forma ou espaço eram relativos.
"Nove andares!", contou Emílio. Eram separados de um lado e de outro. Havia alas, sacadas, corredores, elevadores panorâmicos e escadarias rolantes, mas de mármore, e enfeitadas com estátuas de gárgulas e de cavaleiros medievais. Uns em posição de saudação, outros com as espadas erguidas e cruzadas formando um arco logo na subida da escada. Emílio observou que as espadas eram bem afiadas, podia-se enxergar nelas o próprio reflexo. Um deslize e poderiam decepar a cabeça de quem passasse.
Como era noite, estavam imóveis. No entanto, quando o novato, René Bertrand, estendeu a mão e olhou por cima de seus óculos para tocar em um dos cavaleiros, este o surpreendeu agarrando-lhe pelo pulso. Ele gritou mais pelo susto do que pela dor.
Não se sabe de onde, mas Nathan, um dos cuidadores da floresta e zelador do livro de chegada, apareceu e bradou uma palavra em alta voz desfechando um raio de sua mão:
- Liberum! Essas estátuas não adormecem à noite. Cuidado! Muito cuidado! - Nathan preveniu-os. - Elas não têm, nem captam sentimentos como os protetores de vocês. Agora, subam. Vamos, subam!
- Sei que essa palavra de poder é usada para libertar pessoas - comentou Lawrence Benson com o novato Miguel Escobar.
- E como sabe?
- Minha mãe foi professora em Luminous.
- Ei, carro senhor! - gritou René ao subir as escadas. - Non deverria manter essas coissas porr aqui. Elas assustam os menorres, sabia?
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Emílio e os Lumens: o Quinto Poder (Completo)
Fantasía#2 no ranking de mundos-paralelos (fantasia) em 28/05/18; #15 em dragões (fantasia) em 23/05/18. 2° Lugar Concurso Pena Dourada (Obra Completa para Degustação). Emílio D'Ara, estudante de 13 anos do Liceu, conhece um misterioso professor de filosof...