#2 no ranking de mundos-paralelos (fantasia) em 28/05/18; #15 em dragões (fantasia) em 23/05/18. 2° Lugar Concurso Pena Dourada (Obra Completa para Degustação).
Emílio D'Ara, estudante de 13 anos do Liceu, conhece um misterioso professor de filosof...
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No intervalo da noite, quando vinham da Casa do Sabor, agarrados uns aos outros contando piadas e cantarolando nos becos quase vazios da cidade-escola, a alegria contagiante de Will fez com que Emílio e os amigos do Liceu recordassem as aventuras que viveram na escola do diretor Hugo Casto.
No meio de tanta nostalgia, inevitavelmente, a saudade bateu-lhes no peito. Emílio trouxe-lhes ao ouvido o palavreado dos professores que mais detestavam e à mente os momentos de ouro da vida no Liceu. Aqui e ali, uma lágrima ousava minar do canto dos olhos castanhos claros da britânica Margareth, a quem chamavam patricinha trágico-romântica, mas era imediatamente afogada no mar de gargalhadas que soltavam pelo caminho. A italiana Bianca Bravo, brincalhona e desbocada, fazia-se de forte, mudava logo de assunto para que ninguém ficasse triste e alargava o sorriso dos alunos do antigo 8º ano do Liceu.
Entraram na Torre Menorainda fardados como talesianos. Nas vestes de Ordem, sobressaía-se a faixa azul amarrada à cintura ou atravessada no peito. Martin dizia que aquela faixa azul representava as águas dos oceanos e que a qualquer momento sairiam de seu peito com o sério risco de afogá-los. Se não fosse a faixa a afogá-los, poderiam se preparar que o próprio Prof. Victorius viria na calada da noite em seus sonhos para atormentá-los. Eles o reconheceriam pelo horroroso cavanhaque que usava.
Nas mãos, sacudiam os livros pendurados por uma cinta de couro que, de vez em quando, colocavam nas costas com um movimento brusco. Era por volta da terceira hora da noite. Havia muito movimento na Torre Menor.
Nas escadas rolantes de mármore não cessavam de subir e descer lumens, exceto a das gárgulas, que era para onde iam. Estava parada. Algo raro nas Torres. Lamentavam por ter que subir nove andares.
Enquanto se despediam, Margareth Green segurou a mão de Emílio, elevando os olhos para denunciar que, lá do primeiro andar, Ala Ômega, encostada no parapeito, uma veterana ao lado de uma colega disfarçava a vontade de vê-lo. Disse que nem era preciso usar sua aura de poder para captar os sentimentos que vinham lá de cima. O coração de Emílio veio à boca. Era Katherine Carther. Não queria parecer convencido. A humildade e o bom senso diziam-lhe que podia ser apenas coincidência. Talvez Margareth estivesse exagerando. Contudo, temia bem mais as brincadeiras dos amigos. Dependendo do modo como reagisse, sabia que seria assunto suficiente para uma vida inteira de amolação, sem falar que uma brincadeira descabida poderia afastar Katherine e estragar a amizade que surgia.
Ao subir os primeiros degraus, uma estátua viva: um cavaleiro medieval de armadura de aço com um pouco mais de dois metros elevou sua espada para atacar Emílio.
Katherine gritou para avisá-lo.
Ele pressentiu o perigo, sua aura de poder manifestou-se. Só teve tempo de empurrar Will e desviar-se, caindo na escada. A águia-dourada apareceu impedindo que Emílio fosse atingido pelo golpe mortal deflagrado pela estátua de metal.
Ele ganhou tempo.
— Espada! — gritou Emílio. Instantaneamente, a pena transformou-se em uma espada de luz dourada com um som cósmico que a acústica da Torre cuidou de fazer chegar aos ouvidos dos jovens guerreiros espalhados pelos andares.