#2 no ranking de mundos-paralelos (fantasia) em 28/05/18; #15 em dragões (fantasia) em 23/05/18. 2° Lugar Concurso Pena Dourada (Obra Completa para Degustação).
Emílio D'Ara, estudante de 13 anos do Liceu, conhece um misterioso professor de filosof...
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Nos dias de aprendizado livre, os lumens costumavam tomar banho no parque das fontes pela manhã e reunirem-se ao pôr do sol no teatro de Epidaurus para apresentações artísticas, esportivas e de técnicas de combate de aura de poder e penas. Um dos favoritos era o combate de flechas. O alvo, um veterano com espada ou escudo, ficava no centro do teatro. O objetivo: atingi-lo sem matá-lo. Novatos sempre acabavam congelados ou eletrocutados por uma "flecha perdida", o que vez ou outra resultava em confusão. Não sem razão que as disputas contavam com a presença de lumens-guias e monitores da Torre Média da Ordem Empedocliana, conhecidos por dominarem os quatro elementos, serem bons árbitros e excelentes nas artes médicas. Graças a eles, as enfermarias não ficavam lotadas. Entretanto, sabiam que naquela noite não haveria apresentações, pois o Prof. Trajanus reservara o teatro para anunciar à cidade-escola o time da Torre Menor e conhecer o time da Torre Média.
Naquela manhã, Emílio estava no parque das fontes dando gargalhadas pelas brincadeiras e peripécias de Will e Martin Mills. As águas do parque arremessavam os garotos de grandes canhões medievais adaptados aos canos das fontes nas bordas das ilhotas no centro das piscinas. Eles davam cambalhotas e faziam piruetas para as crianças que brincavam com golfinhos, sereias, tritões e outros seres mitológicos. Alguns eram protetores, distinguiam-se pelo uso do colar-brasão e pelos afagos e beijos que recebiam. As águas formavam ondas, dançavam, simulavam tornados, subiam e desciam por conta própria em cachoeiras e túneis. Algumas crianças muito pequenas ainda estavam aprendendo a nadar, mas nem por isso deixavam de se divertir. Elas submergiram e, às vezes, demoravam a voltar, o que preocupava os novatos. Tinham o cuidado de alertar os monitores que não demonstravam nenhuma inquietação. Apenas apontavam para o que ia acontecer em seguida: as águas os surpreendiam formando braços enormes e retirando as crianças com segurança...
— Mesmo assim, acho perigoso. Elas podem morrer afogadas — comentou Suzan Bauer com sua amiga Sarah.
Emílio virou-se e entendeu a preocupação da garota ao olhar para a criança que foi retirada de uma piscina pelas águas. Ela se refazia do susto de um mergulho profundo, mas em seguida, desmanchava-se em alegria. Ficou perplexo. Recordou-se de sua mãe adotiva ensinando-o a nadar nas margens do rio Amazonas quando ainda era um bebê e quase se afogou ao largar as mãos dela. Mas aquilo não chegava nem perto. As águas criavam mãos e retiravam as crianças como se fossem salva-vidas.
— Entenda. Ninguém morre aqui, Suzan. As águas são vivas — disse Pedro Coimbra.
— Imagine este lugar como um grande útero materno. Isso não é só banho. As águas tocadas pelo Sol nos protegem e nos alimentam. É uma verdade que não sei explicar, mas sei que acontece... — confirmou Gonzalez.
Emílio viu Suzan fazer uma cara de nojo. Não gostou da comparação.
— Pense numa lembrança ruim, Suzan, e coloque a mão na água — pediu Pedro aproximando-se pelas costas da garota de longos cabelos castanhos.