Na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol tocaram sua mão, ele abriu os olhos, mas não conseguiu levantar de tão cansado que estava.
Quando os raios tocaram sua pena, ela carregou sua força, envergou de um lado para o outro se espreguiçando e entrou em ação para acordá-lo.
Transformou-se num gancho com hélices, arrancou-lhe o edredom e os lençóis que o cobriam. Foi buscar os sapatos e o fardamento transmutatório. Transformou-se em um despertador e tocou. Do outro lado, Will também acordou. Sua pena fez o mesmo. Emílio apenas escondeu a cabeça debaixo do travesseiro lamentando ter que sair da cama. A pena teve que apelar até para uma sinfonia de banda militar.
Eles viram que não conseguiriam voltar a dormir e se levantaram às pressas, como no dia anterior.
Will pediu à sua pena a agenda de aulas do dia. Quando seu livro communicatione abriu-se no ar, a pena apontou para o que devia fazer borrifando com tinta fluorescente a mensagem do Prof. Theotônio Bloch, anaximandrino e auxiliar do Prof. Julius Santorum, informando que a aula seria nos arredores do lago de Narciso. Ele tomou um susto e pediu para Emílio olhar pela janela.
- O que é aquilo, Will? - perguntou, com uma mão segurando a pena em formato de binóculo e a outra na testa impedindo a luz do sol de ofuscar sua visão. Emílio viu o céu e a floresta além-muro todos repletos de animais míticos e de seu mundo, porém agigantados. Eles conduziam lumens fora da cidade-escola. Seu olhar ainda alcançou a visão de um lago turvo e inúmeros animais terrestres na margem cercados por lumens e professores.
- Não pense que é um passeio no parque - respondeu colocando a meia em um pé e saltando com o outro.
- Uma aula com animais. Nossa, incrível!
- Protetores, Emílio! Protetores de lumens. - corrigiu-o Will aproximando-se da janela.
- Eu sei. É só modo de falar - desculpou-se. Entendeu que chamar os protetores de "animais" poderia soar ofensivo para alguns professores e lumens.
- Óculos-binóculos! - exclamou Will desdenhando de Emílio. - São mais modernos, autoajustáveis, pequenos e não precisa segurar.
- É. Vai zoando...
- São mesmo protetores e nunca vi tantos juntos assim! - admirou-se. - E não é aconselhável que nosso protetor chegue antes de nós. Temos que correr.
- Por quê?
- Às vezes eles perdem o controle. Fazem alguma confusão. Esqueceu que eles captam nossos sentimentos? O que você sente, ele sente. E se você não estiver presente...
- E aqueles professores lá?
- Ah, são os anaximandrinos. É a segunda Ordem daqui. Muito antiga. Também surgiu antes de Sócrates.
- E estão usando roupas de guerra?
- Trajes de combate da Ordem. Temos que correr e ir pelo mercado. Só podemos sair da cidade-escola com autorização do professor-regente. Assim que ele encerrar a frequência, a gente já era. O anjo não deixa nenhum lumen passar por aquele portão sem autorização.
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Emílio e os Lumens: o Quinto Poder (Completo)
Fantasy#2 no ranking de mundos-paralelos (fantasia) em 28/05/18; #15 em dragões (fantasia) em 23/05/18. 2° Lugar Concurso Pena Dourada (Obra Completa para Degustação). Emílio D'Ara, estudante de 13 anos do Liceu, conhece um misterioso professor de filosof...