Por Rebeca
Chego na casa da Geovana, por mais longe que fosse do apartamento do Oliver não demorei muito para chegar, devo ter corrido muito, estou dentro do carro, mando mensagem mas ela não reponde, resolvo entrar, toco a campainha e a empregada abre a porta, está havendo uma discussão, ouço Geovana gritar, e sua mãe também, entro empurrando a porta, vou ate a sala Geovana está chorando muito, sua mãe fala vários insultos, a Ge está com duas malas, ouço sua mãe dizendo que ela é uma vergonha pra família, isso faz meu sangue ferver, vergonha nada, Ge é uma mulher com mais carácter que muitas aí, ela sempre trabalhou, sempre foi esforçada, sempre deu orgulho para toda família, já vi ela deixar de fazer várias coisas por causa disso, ja vi ela se privar de muito, e agora isso, a não em, ela não merece estar ouvindo isso. Sua mãe percebe minha presença, ela está descontrolada.
- Essa é umas de suas mulheres Geovana? Você teve a capacidade de mandar ela vim na minha casa?- Geovana olha em minha direção ela esta acabada.
- Oie senhora Lopes, eu não sou mais uma das mulheres da Geovana, sou uma amiga, e se fosse mulher estaria mais do que feliz.- Falo tão alto que todos da sala param e me olham, acho que todos da família Lopes estão aqui.- A senhora devia era sentir orgulho da filha maravilhosa que tem.- Geovana me interrompe.
- Beca não.- Fala em meio as soluços.
- Não Ge, ela precisa saber, ela precisa ouvir, olha senhora Lopes- Falo com todo o sarcasmo possível.- Sua filha deixou de viver a vida dela para te deixar orgulhosa, e você diz que ela é uma vergonha? Me poupe ta bom, ela que devia ter vergonha dessa família hipócrita.- Pego as malas da Ge.- E outra coisa ela beijar homem ou mulher não muda o fato dela ser maravilhosa, não muda o fato de que até hoje você soube criar ela.
- Quem você pensa que é pra falar assim comigo?- Ela ta puta da vida.
- Eu sou a mulher que sempre admirou seu trabalho como mãe, e hoje a única coisa que admiro é sua falta de amor pela própria filha. Vamos Geovana, você não vai ouvir mais nenhum insulto.
Eu e Geovana saimos da casa, sua mãe gritando, jogando praga, foi um escândalo, estou tremendo de raiva. Entro no carro e respiro fundo, minha vontade é de voltar lá e falar poucas e boas pra todos.
- Obrigada por me defender lá dentro Beca.- Fala ela tentando diminuir o choro.
- Você não merecia ouvir aquilo.- Bufo de raiva.
- Eu, eu acho que não me esforcei tanto assim, eu devia ser diferente.
- Olha aqui Geovana Carla Lopes, você é maravilhosa do jeito que você é e nunca mais fale algo contrário, estamos entendidas?
Ela apenas balança a cabeça, ficamos em silêncio o caminho todo até o meu apartamento. Ela ainda chora um pouco, odeio ver ela assim, logo hoje que é véspera de Natal.
- Toma um banho descansa um pouco tá?- Falo assim que entramos no meu apartamento.- Pode ficar no meu quarto.
Levo as malas para o meu quarto, ela entra no banho. Preciso ligar para o Oliver, dizer que está tudo sobre controle na medida do possível. Ele atende no primeiro toque.
- Oi amor, estava ficando preocupado, está tudo bem?- Pergunta, ela parece mesmo muito preocupado.
- Oi vida, eu estou bem, a Ge, bem acho que ela não vai ficar bem por uns dias.
- Oque houve?
Explico tudo pra ele, digo todas as coisas que a mãe dela estava falando, falo sobre o meu ataque de raiva, de todas as coisas que falei pra senhora Lopes, ele ouve tudo em silêncio.
- Se você quiser ficar ai com sua amiga tenho certeza que minha mãe vai entender.- Droga com essa confusão acabei esquecendo da ceia.
- Amor eu tive uma idéia, preciso desligar, ja retorno ok?
- Tudo bem, vou esperar.
Eu não poderia faltar a primeira ceia, muito menos deixar minha amiga sozinha nessa situação, então vou levar ela para um lugar que vai estar cheio de amor, a casa da minha sogra. Ligo para a Carmen, ela atende no quinto toque, deve estar ocupada com o jantar.
- Oi Rebeca, tá tudo bem?- Pergunta.
- Oi Carmen então, aconteceu uma coisa muito chata hoje.-Conto tudo que aconteceu, da Geovana ter sido expulsa de casa por ser lésbica, digo tudo que ela acabou de passar.- Então eu gostaria de saber se eu posso levar ela pra ceia?
- Claro que pode minha querida, eu vou adorar, deve ser difícil pra ela, mas vou fazer de tudo pra ela se sentir bem.
- Muito Obrigada Carmen, por tudo.
- Sem problemas minha querida, vou estar esperando.
Desligo o telefone e vou até o quarto, ja são sete horas, Ge esta deitada, mas não dormindo, pelo menos ela parou de chorar.
- Oi, você está melhor?- Pergunto me deitando do seu lado na cama.
- Não muito.- Ela se vira e me olha, seu rosto esta inchado e vermelho.
- Vai ficar tudo bem.- Dou um beijo em sua testa.- Tenho um convite para te fazer.
- Se envolver tequila e música bad eu aceito.- Fala e da um sorriso fraco.
- Não envolve bad, mas posso providenciar a tequila.- Sorrio.- Você vai na ceia comigo e Oliver.
- Beca eu realmente não estou no clima.
- Eu sei que não, mas não vou te deixar sozinha, e não posso perder essa ceia, e outra ja falei com a minha sogra e ela falou que seria um prazer.
- Eu realmente tenho que ir?
- Sim, e trate de ficar divina. Se arruma que não vou deixar você aqui.
- Tudo bem, se não tem outro jeito.
- Não mesmo.
Ela se levanta e vai ate sua mala, pega a primeira calça jeans que vê, e um moletom de tricor com tema natalino. Começa a se arrumar, eu faço o Mesmo, oito horas estamos prontas, eu escolhi uma calça e bota preta, a noite está fria, visto meu moletom de tricor, diferente do dela o meu era vermelho com flocos de neve branco, sempre uso esse no Natal. Vamos para o apartamento do Oliver, tenho que busca-lo, já que estou com seu carro.
Geovana está bem melhor, conversa animada, mais sei que é so um disfarce, conheço minha amiga. Meia hora depois estamos nós três indo em direção a casa da mãe do Oliver. Não demora muito e Oliver para na garagem de um prédio antigo, mas muito bonito, sabe aqueles prédios de tijolos vermelhos iguais aos filmes, isso mesmo, ele é perfeito, eu moraria aqui sem nenhum problema.
- Esse prédio é lindo Oliver.- Geovana fala admirada.
- Meu pai que desenhou, ele era um arquiteto incrível.- Seu olhar fica triste, eu o abraço.
- Eu adoraria ter o conhecido.- Beijo sua bochecha.
- Ele também teria gostado muito de você.- seu abraço fica mais forte.- Vamos entrar, minha mãe não é fã de atrasos.
O prédio so possui três andares, e claro que a mãe dele mora no último, tocamos a campainha, Carmen abre a porta.Ceia
- Boa noite, vamos entrem, não fiquem ai parados.
- Boa noite mamãe.- Oliver entra e beija seu rosto.
- Boa noite Carmen, o cheiro esta delicioso.- Realmente estava, logo que entro sinto o cheiro de ervas e molho, é hoje que engordo tudo que perdi no ano todo.
- Boa noite minha querida.- Ela me abraça.
- Essa é a Geovana minha amiga.- Ge estende a mão, Carmen ignora, ela é mulher de abraços, então antes que Ge se de conta ja esta sendo envolvida por um.
- É um prazer conhecê-la minha querida.
- O prazer é meu senhora Carmen.- Fala Ge um pouco assustada, o abraço a pegou de surpresa.
- Me chame de Carmen. Vamos nos sentar, eu fiz gemada, acho que todos precisamos beber um pouco.
Vamos até a sala, Paty não chegou ainda, nos sentamos e começamos a conversar, Ge quase não abriu a boca, vinte minutos depois Paty entra no apartamento.
- Família cheguei.- Grita fechando a porta.
- Estamos na sala.- Oliver responde.
- A senhorita está atrasada.- Carmen fala.
- Desculpa mamãe, trânsito.- Ela para e olha diretamente para Geovana.- Oi muito prazer Patrícia.- Ela estende a mão. Será que lésbicas sabem quando a outra também é? Por que o olhar que a Paty trocou com a Ge foi como se tivesse trocado raios, e sinos tocassem ao fundo.
E pela primeira vez nessa noite vejo Ge sorrir de verdade, ela esta corando, sobre o casal, ja shippo e muito.
- Oi sou a Geovana, o prazer é meu.
Pronto seu humor havia melhorado, minha piranha deu sinal de vida.
- Oi cunhadinha.- me abraça, repondo seu oi.- Oie maninho mais lindo que eu tenho.
- Caso você não se lembre, eu sou o único.- Oliver sorri e a abraça.
Ficamos na sala um bom tempo conversando, o assunto nunca acaba, ta que a Paty queria saber mesmo era da Ge, elas trocaram olhares a noite toda. Fomos para a mesa jantar, a comida da minha sogra é maravilhosa, a melhor ceia que ja tive com certeza, ficamos sentados falando dos planos para o final desse ano, sobre as festas, quando finalmente criamos coragem de levantar, estavamos tristes de tanta comida, ajudo a recolher a mesa, os outros voltam para a sala. Quando eu e Carmen saimos da cozinha vejo Ge e Paty conversando perto da enorme árvore que ficava no canto da sala, o sorriso no rosto delas eram sinceros. A noite foi muito agradável, até Ge pareceu se divertir, mas vamos embora cedo, amanhã temos que madrugar no orfanato, Ge se auto convidou, isso é bom, pelo menos não vai ficar sozinha.
Oliver a contra gosto me deixa no meu apartamento, não quero deixar a Ge sozinha. Depois de fazer nossa higiene eu e Ge deitamos em minha cama.
- Eu adorei a noite Beca, obrigado por ter me obrigado a ir nessa ceia.
- Amigas servem pra isso, e tenho certeza que você faria o mesmo por mim.- Eu sei que ela faria, e ja fez, teve um natal em que eu estava tão triste pelo meu ex idiota ter terminado comigo que eu a Ge e a Luiza bebemos todas.
- E tenho que dizer que a mãe do Oliver é um amor, teve uma hora em que eu estava admirando a vista e ela chegou do meu lado, me deu o melhor conselho que recebi depois que sai do armário.
- E qual foi esse conselho?
- Pra mim ter paciência com minha mãe, ela também passou por isso, e é difícil ver que tudo que você planejou sua vida inteira para sua filhinha não é oque ela quer, é difícil.
- Ela tem razão, queria ter pensado nisso antes de gritar com sua mãe.
- Eu gostei de você ter me defendido. - Sorrimos.
- E oque você achou da Patrícia? Vi que vocês conversaram perto da árvore, e trocaram olhares a noite toda.
- Ela é linda né, linda demais, e tem uma voz tão fofa, e é inteligente, bem sucedida, um amor.
- So isso?- Pergunto fazendo cara de curiosidade
- Ela é perfeita, gostosa. E isso que você queria saber?
- Agora sim. Mas oque vocês estavam conversando? Estou curiosa.
- Nada demais, ela so estava querendo saber mais sobre mim, e eu também queria saber sobre ela. Você tem que entender que não estava no clima para dar em cima dela, e ela entendeu e também não o fez.
- É que vocês estavam com um sorriso tão fofo no rosto, cheguei a pensar que era por algo mais.
- É que a presença dela me fez bem, você sabe que não acredito em amor a primeira vista né?
- Eu sei disso, mas estou torcendo para dar certo.
- Você e sua mania de querer ser cúpido em doninha.
- Eu sofro desse mal.- Sorrimos.
Conversamos mais um pouco até o sono aparecer.
- Beca se você não se sentir a vontade posso dormi no sofá.- Ela fala com uma cara que parte meu coração, da onde ela tirou isso, ja dormimos juntas várias vezes, e não vai ser agora que isso vai mudar.
- Para de bobeira Geovana, eu ja dormi com você antes.
- É mas você não sabia que eu gostava de mulher, se você se sentir desconfortável.- Interrompo.
- Eu estou me sentindo desconfortável por você não calar a boca, agora dorme piranha o dia vai ser longo amanhã.
Adormeço.
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Maldita Tequila
RomanceO que esperar de mudança quando sua vida está finalmente do jeito que você planejou? Rebeca Marls é uma mulher que sabe como viver sua vida, sempre gostou de balada e tequila, em uma saída de comemoração por ter passado em uma faculdade de direito e...