Por Rebeca
Oliver está estacionado o carro, ainda são seis da manhã, estamos em frente ao orfanato Billy Jhonson, as lembranças vem como filme em minha mente, foi aqui que passei a maior parte da minha vida, dei meu primeiro beijo, ganhei minha primeira medalha, encontrei amigas. Não tenho apenas lembranças boas, tenho muitas ruins também, foi aqui que chorei por várias vezes me perguntando o porquê de ter sido abandonada, que fiquei desapontada por vários casais não me adotarem, e muitas vezes frustrada, aprendi que a família é as pessoas que te amam, que casa é aonde você chega e sente aquecer o coração. Parece que nada mudou, o portão de entrada continua velho, porém a tinta descascada mostra a ferrugem que o consome, a imensidão do lugar sempre me assustou, são três andares, o primeiro fica a cozinha, sala de jantar, sala de recreação, e a recepção. O segundo ficam a biblioteca, sala de informática, e duas salas de aula, apenas para reforço já que todas as crianças vão para a escola do bairro, o terceiro e último andar é aonde fica os dormitórios, tanto os das crianças quanto os das freiras. As paredes de fora são de um marrom avermelhado, grandes janelas, está exatamente como me lembrava.
- Querida você está bem?- Pergunta Carmen interrompendo minha viagem no tempo.
- Ah estou sim, muitas lembranças.- Falo dando um sorriso fraco.
Eu, Carmen, Paty e Geovana esperamos Oliver, cercadas de sacolas com vários presentes, provavelmente teremos que fazem umas duas viagens para levar tudo pra dentro.
Oliver chega, vamos em direção a porta, toco a campainha, não demora muito pra uma jovem freira aparecer e abrir, eu não a conheço, deve ser nova.
- Bom dia irmã.- Falo com meu melhor sorriso.- Sou a Rebeca, espero que a madre superiora tenha avisado que vinha.
- Bom dia, vamos entrem, a madre ja havia me informado, ela teve que sair, mas não deve demorar muito.
O restante a cumprimenta, entramos.
- Irmã aonde está a árvore de natal? Precisamos colocar os presentes em baixo.
- A minha querida, esse ano não foi possível montar a árvore.- responde com uma pitada de tristeza na voz.- Tivemos que cortar os gastos, para suprir outras necessidades.
A minha cara deve ter revelado o quanto aquilo me deixou triste, como assim natal sem árvore? Agora percebi o porquê de não ter visto nenhuma decoração natalina.
- Tudo bem, pode nos mostrar aonde podemos deixar os presentes?- Pergunto tentando não desanimar completamente, se eu estou me sentindo assim, imagina as crianças. Lembro que minha lembrança mais marcante de todos os natais era acordar e ver a sala do orfanato toda decorada, isso tornava o dia mágico, mesmo os anos em que não havia presente, tudo ficava melhor.
A irmã nos acompanha até a sala de recreação, vários sofás, cadeiras, puffs, algumas mesinhas, estantes com jogos de tabuleiro, brinquedos, tudo muito organizado, lembro das broncas que levava sempre que não guardava os que tinha pegado, não foram poucas.
Aparentemente todos estão triste, creio que por falta da decoração, Geovana e Paty conversam enquanto juntam algumas mesas para colocar o mundaréu de presentes, Carmen e Oliver conversam perto da porta.
Essa sala com certeza precisa de uma decoração, por mais que os desenhos pendurados pelas paredes sejam coloridos o bastante, parece não haver vida ou esperança nessa sala.
- Amor eu e minha mãe vamos resolver umas coisas e já voltamos ok?- Oliver me abraça por trás, isso trás um consolo que ele nem imagina.
- Vocês vão demorar?- Pergunto.
- Acho que em uma hora ja estamos de volta.
- Tudo bem.- Beija minha testa e sai.
Depois de uns quinze minutos que passei relembrando meu passado, resolvo ajudar as meninas que estão organizando os presentes em duas pilhas, as dos meninos e das meninas.
- Você está bem Beca?- pergunta Ge com cara de preocupação.
- Estou sim, meio triste é a primeira vez que me lembro que não tem decoração de natal nessa sala.
- Não fica assim cunhada, tenho certeza que as crianças ficaram felizes por ganharem presentes.- Paty coloca a mão em meu ombro e da um sorriso acolhedor.
- O natal não está perdido, nenhum espírito anti natal a vista.- fala Ge. Sorrio do seu comentário.
- Isso ai, nenhum anti natal vai estragar o natal dessas crianças.- Paty sorri para Ge. Elas conseguem me animar um pouco.
Conversamos enquanto organizamos os presentes e a sala.
Depois de uns quarenta minutos está tudo arrumado, sentamos em uma das mesas e mais conversa.
Não é querendo fala nada, mas ja falando, a Paty e a Ge parecem ter mais em comum do quê eu imaginava, a conversa flui com leveza e alegria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Maldita Tequila
RomanceO que esperar de mudança quando sua vida está finalmente do jeito que você planejou? Rebeca Marls é uma mulher que sabe como viver sua vida, sempre gostou de balada e tequila, em uma saída de comemoração por ter passado em uma faculdade de direito e...