Capítulo 14

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Lua tinha acordado mais cedo, saímos como prometido, afinal, não podia demorar muito, Alice me esperava no hospital.

- Então, nosso tour parece ter acabado - ela se sentou em uma cadeira olhando o cardápio.

Fiquei olhando a mesa antes de olhar sua face.

- Você quer alguma coisa?

- Vou pedir um café expresso, você paga, tudo bem? - ela riu.

- Tudo bem, eu pago - disse seria, ela tinha percebido.

- Aconteceu alguma coisa?

- Eu preciso te contar uma coisa - firmei meus olhos azuis nos olhos de Lua, ela tinha o semblante sério agora.

- Eu sabia - largou o cardápio quando o garçom se aproximou.

Fiz com que ela esperasse seu café, a mesma não queria mas mesmo assim esperou. Não demorou muito pra que a xícara chegasse em sua mesa, quente e com espuma, como ela gostava.

- Então, pode me contar?

- Tudo bem - fechei os olhos e respirei fundo. Iria quebrar algo muito sagrado.

Eu e minha boca, mas não podia viver mentindo a Lua.

- Será que dá pra me falar logo ou vai fazer um suspense eterno? Devo comprar pipoca e refrigerante? - disse irônica.

- Não sei como te contar isso mas - pausei - Micael estava muito estranho de uns dias pra cá, ele ainda está - respirei fundo - aquela mulher em que encontramos no condomínio luxuoso...

- Adianta Sophia.

- Ela é amante de Arthur - engoli seco, Lua perdeu a cor - e o bebê...

- CALA A BOCA - gritou jogando a mesa longe - CALA A PORRA DA SUA BOCA.

- LUA - me levantei pegando em seu braço - EU ACHEI MELHOR TE CONTAR...

- ME TRAZER EM AMSTERDÃ E CONTAR UMA MERDA DESSAS? VOCÊ FICOU LOUCA PORRA?

- EU ACHEI MELHOR.

- EU QUERO IR EMBORA PRA CASA.

- LUA, VOCÊ PRECISA SE ACALMAR.

- ME ACALMAR? A QUANTO TEMPO VOCÊ SABE DISSO? E MICAEL AJUDA ELE POR QUÊ? VOCÊ É UMA SAFADA QUE AJUDA ELE TAMBÉM, POIS FIQUE SABENDO QUE AS PUTAS DELE VÃO NA EMPRESA DELE TRANSAR COM ELE - cuspiu, aquilo me doeu o coração.

- Eu sei que mentira - eu queria que fosse.

- É, EU DISSE ISSO PORQUE ESTOU COM RAIVA - gritou novamente - ELE INCRIVELMENTE É FIEL COM VOCÊ.

- A GENTE PRECISA...

- FILHA DA PUTA - gritou correndo até o hotel, segui Lua.

A mesma pegou sua mala e ficou de cara feia enquanto chorava loucamente, aquilo me doeu a mente, não aguentava vê-la assim.

Entramos no jatinho, Lua chorou a viagem inteira mas dormiu quando estávamos quase chegando. Ela não quis falar mais nada, apenas pegou sua mala e chamou um táxi quando tínhamos chegado.

Eu fiz merda, mais uma vez.

Fui pra casa chegando triturada, larguei a mala e peguei meu carro indo até o hospital. Quando cheguei encontrei Pedro encarando o tênis.

- Onde está seu pai?

- Lá dentro com ela - disse calmo.

- Você já viu ela?

- Já.

- E aí?

- Mãe, é uma anemia. Normal.

- Esquece - revirei os olhos indo até o balcão - sou a mãe de Alice Borges, ela está internada aqui...

A mulher mexeu no computador e assentiu pra mim.

Andei até a porta indicada, quando abri Alice estava conversando calma com Micael, tinha uma agulha na veia e o soro escorrendo, tinha um pouco de olheira e estava pálida. Sorriu fraca quando me viu.

- Mamãe.

- Não faça força filha - andei até ela beijando sua testa - está tudo bem agora, você vai ficar bem.

Micael não disse nada, apenas deu passagem pra que eu sentasse na cama de Alice.

Tentei ser breve com Alice já que não queria que ela falasse, sei que ainda estava fraca. Ela apenas ficou assentindo e pegou minhas mãos sorrindo delicadamente, minha dó foi eterna, como fui capaz?

Acabou que Alice caiu no sono por conta do soro, Micael estava sentado em uma poltrona, saiu do quarto avisando que queria falar comigo. Segui ele indo pra fora do quarto.

- Se arrependeu?

- Não, eu nunca me arrependo.

- Pensei que se arrependesse - umedeceu os lábios e cruzou os braços - não sabia que você mentia muito bem.

- Tudo bem, eu menti, precisava falar pra Lua.

- VOCÊ CONTOU A LUA? - gritou.

- Não grite, aqui é um hospital.

- Foda-se - se irritou - eu deveria... ah, Sophia Sampaio Abrahão.

- Esqueceu do Borges.

- Parece que o Borges vai sair do seu nome.

- Sair do meu nome? Você quer se separar de mim?

- É, talvez se ficássemos separados a gente parava de tanta briga.

- Que ridículo, seu infantil.

- Infantil é você que mente pro seu marido, palhaçada.

- É isso que você quer?

- É sim, não aguento mais você - jogou - essa sua implicância me irrita, está deixando todos lá de casa loucos, paranóica de quinta.

- Paranóica de quinta? - ri irônica - por mim tudo bem.

- Beleza, isso aí.

- Separados.

- Separados - ele me imitou bufando e saindo pelo corredor.

Eu queria gritar e chorar até poder acordar desse sonho. Tinha conseguido estragar um casamento de anos.

Agora era a mais pura verdade.

Apenas me Ame - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora