Capítulo 37

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Voltei pra casa quando estava anoitecendo, tomei um banho e procurei um vestido colado e um pouco curto. Estava fazendo minha maquiagem quando Micael apareceu no batente da porta do banheiro.

- Vai sair?

- Vou - retoquei meu batom - algum problema?

- Como assim algum problema? - se irritou - você vai sair pra onde uma hora dessas?

- Pra balada, ué - ri irônica - que pergunta mais idiota.

- Está certo, já sei o seu joguinho - me seguiu.

- Então me fale qual é o meu joguinho?

- Você quer me irritar, é isso que você quer.

- É, eu quero sim - franzi a testa - agora eu preciso muito ir porque estou atrasada, aproveita e olha as crianças, passar um tempo com elas é bom.

Micael arregalou os olhos, andei até o carro com minha bolsinha e dirigi me encontrando com Julie.

- Você demorou - ela entrou no carro - ele te viu, não é?

- Ele não curtiu a ideia que eu viesse - voltei a dirigir - está linda, esse vestido combinou com você.

- O seu vestido também está ótimo - sorriu.

- Você adora abusar nos decotes, não é?

- Decote é meu segundo nome - mexeu em sua bolsinha, segui o caminho calma até lá.

A casa noturna pra mim era uma coisa desnecessária, fui em poucas quando era mais nova e acredite, não era nada divertido.

Julie se juntou com uma mesa de empresários um pouco mais velhos, me impressionei já que estavam na área VIP. Conversamos um pouco até a mesma me chamar pra pista e dançar várias músicas comigo.

Gravidez não era doença, se fosse eu já estaria morta.

Desci até o chão, as luzes me dominavam e minha felicidade se abriu vendo as palhaçadas de Julie ao seguir meu ritmo.

Quando terminamos ela correu até a mesa novamente, cutucou um empresário que saiu com ela. Acabei ficando com um sozinha na mesa.

- Você arrasou na pista de dança - sorriu bebendo sua cerveja.

- Ah, obrigada - assenti.

- Eu queria te dar um beijo.

- Eu sou casada e estou grávida - o empresário arregalou os olhos, até se afastou de mim - você deve conhecer o meu marido.

- Pensei que você tivesse separado dele.

- Você conhece o meu marido?

- Claro, Micael Borges - pausou - eu trabalhei pra ele alguns anos, foi uma bosta o que fizeram com ele.

- É, foi sim - bebi a água que tinha em cima da mesa - agora que você já sabe, pode ficar tranquilo.

- Me desculpa mesmo.

- Desculpo - abaixei o olhar - sabe quando a sua vida está uma droga?

- Sei bem.

- Então, a minha vida está assim. Eu não contei pra ele que eu estou grávida ainda mas não quero contar, eu tenho vontade de sumir, tenho vontade de ser criança de novo - pensei - já brincou de Twister?

- Eu vou indo - ele se levantou - boa sorte com Micael, mande abraços pra ele - pegou sua cerveja - até mais.

- Até - coloquei minha mão no rosto e vi Julie se aproximar novamente.

- Nem um beijinho?

- Trair jamais - me rendi com as mãos - podemos ir embora? Meus pés estão me matando.

- Tudo bem - ela assentiu e se despediu de um velho empresário com um beijo daqueles, eu senti nojo pois sabia que a maioria de seus dentes era alguma prótese bem cara.

Entramos no carro, dirigi até a casa de Julie. Quando paramos ela quis me interrogar, se virou pra mim.

- Vai me falar ou vou precisar estudar igual ao CSI?

- Eu briguei com o Micael de tarde e minha cabeça está a mil - pensei bem antes de falar - porque...

- Porque não sabe achar um modo de contar a ele que está grávida - cerrou os olhos.

- Como você sabe? - me choquei.

- Eu sabia - respirou fundo - você ainda não contou?

- Não.

- Conta logo.

- Eu não posso.

- Conta logo, ele vai adorar.

- E se ele não gostar?

- Eu duvido que ele não goste - riu leve - você pode inovar.

- Inovar?

- É, inovar - sorriu maliciosa - você pode contar a ele quando estiver transando, ou melhor ainda - sorriu - melhor ainda, você pode contar pra ele quando estiver fazendo um boquete.

- Jesus - ri.

- Tipo, eu estou grávida - simulou um boquete e fez uma cara engraçada.

- Você é doida - terminei de rir - posso te fazer uma pergunta?

- Claro, você quer saber de onde eu tiro tanta grana pra comprar essas roupas, não é?

- Você está impossível hoje - mordi meus dedos.

- Eu sou uma scooter.

- Uma moto? - segurei o riso.

- Não, eu sou paga pra sair em encontros - explicou - não é necessariamente prostituição porque eu não transo.

- Então...

- Mas todas as vezes eu transo.

- E você faz isso todos os dias?

- Não todos os dias - pensou - faço de dois a quatro encontros por ano. Ou de cinco a dez encontros por meses. Quer dizer, faço de dez a doze encontros por dia.

- Uau.

- Eu preciso ir - abriu a porta do carro - te vejo na loja.

- Até mais - vi ela entrar em sua casa.

Julie era mais louca que Lua.

Apenas me Ame - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora