Voltei pra casa quando estava anoitecendo, tomei um banho e procurei um vestido colado e um pouco curto. Estava fazendo minha maquiagem quando Micael apareceu no batente da porta do banheiro.
- Vai sair?
- Vou - retoquei meu batom - algum problema?
- Como assim algum problema? - se irritou - você vai sair pra onde uma hora dessas?
- Pra balada, ué - ri irônica - que pergunta mais idiota.
- Está certo, já sei o seu joguinho - me seguiu.
- Então me fale qual é o meu joguinho?
- Você quer me irritar, é isso que você quer.
- É, eu quero sim - franzi a testa - agora eu preciso muito ir porque estou atrasada, aproveita e olha as crianças, passar um tempo com elas é bom.
Micael arregalou os olhos, andei até o carro com minha bolsinha e dirigi me encontrando com Julie.
- Você demorou - ela entrou no carro - ele te viu, não é?
- Ele não curtiu a ideia que eu viesse - voltei a dirigir - está linda, esse vestido combinou com você.
- O seu vestido também está ótimo - sorriu.
- Você adora abusar nos decotes, não é?
- Decote é meu segundo nome - mexeu em sua bolsinha, segui o caminho calma até lá.
A casa noturna pra mim era uma coisa desnecessária, fui em poucas quando era mais nova e acredite, não era nada divertido.
Julie se juntou com uma mesa de empresários um pouco mais velhos, me impressionei já que estavam na área VIP. Conversamos um pouco até a mesma me chamar pra pista e dançar várias músicas comigo.
Gravidez não era doença, se fosse eu já estaria morta.
Desci até o chão, as luzes me dominavam e minha felicidade se abriu vendo as palhaçadas de Julie ao seguir meu ritmo.
Quando terminamos ela correu até a mesa novamente, cutucou um empresário que saiu com ela. Acabei ficando com um sozinha na mesa.
- Você arrasou na pista de dança - sorriu bebendo sua cerveja.
- Ah, obrigada - assenti.
- Eu queria te dar um beijo.
- Eu sou casada e estou grávida - o empresário arregalou os olhos, até se afastou de mim - você deve conhecer o meu marido.
- Pensei que você tivesse separado dele.
- Você conhece o meu marido?
- Claro, Micael Borges - pausou - eu trabalhei pra ele alguns anos, foi uma bosta o que fizeram com ele.
- É, foi sim - bebi a água que tinha em cima da mesa - agora que você já sabe, pode ficar tranquilo.
- Me desculpa mesmo.
- Desculpo - abaixei o olhar - sabe quando a sua vida está uma droga?
- Sei bem.
- Então, a minha vida está assim. Eu não contei pra ele que eu estou grávida ainda mas não quero contar, eu tenho vontade de sumir, tenho vontade de ser criança de novo - pensei - já brincou de Twister?
- Eu vou indo - ele se levantou - boa sorte com Micael, mande abraços pra ele - pegou sua cerveja - até mais.
- Até - coloquei minha mão no rosto e vi Julie se aproximar novamente.
- Nem um beijinho?
- Trair jamais - me rendi com as mãos - podemos ir embora? Meus pés estão me matando.
- Tudo bem - ela assentiu e se despediu de um velho empresário com um beijo daqueles, eu senti nojo pois sabia que a maioria de seus dentes era alguma prótese bem cara.
Entramos no carro, dirigi até a casa de Julie. Quando paramos ela quis me interrogar, se virou pra mim.
- Vai me falar ou vou precisar estudar igual ao CSI?
- Eu briguei com o Micael de tarde e minha cabeça está a mil - pensei bem antes de falar - porque...
- Porque não sabe achar um modo de contar a ele que está grávida - cerrou os olhos.
- Como você sabe? - me choquei.
- Eu sabia - respirou fundo - você ainda não contou?
- Não.
- Conta logo.
- Eu não posso.
- Conta logo, ele vai adorar.
- E se ele não gostar?
- Eu duvido que ele não goste - riu leve - você pode inovar.
- Inovar?
- É, inovar - sorriu maliciosa - você pode contar a ele quando estiver transando, ou melhor ainda - sorriu - melhor ainda, você pode contar pra ele quando estiver fazendo um boquete.
- Jesus - ri.
- Tipo, eu estou grávida - simulou um boquete e fez uma cara engraçada.
- Você é doida - terminei de rir - posso te fazer uma pergunta?
- Claro, você quer saber de onde eu tiro tanta grana pra comprar essas roupas, não é?
- Você está impossível hoje - mordi meus dedos.
- Eu sou uma scooter.
- Uma moto? - segurei o riso.
- Não, eu sou paga pra sair em encontros - explicou - não é necessariamente prostituição porque eu não transo.
- Então...
- Mas todas as vezes eu transo.
- E você faz isso todos os dias?
- Não todos os dias - pensou - faço de dois a quatro encontros por ano. Ou de cinco a dez encontros por meses. Quer dizer, faço de dez a doze encontros por dia.
- Uau.
- Eu preciso ir - abriu a porta do carro - te vejo na loja.
- Até mais - vi ela entrar em sua casa.
Julie era mais louca que Lua.
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Apenas me Ame - 2ª Temporada
RomanceOito anos se passaram, Sophia e Micael tiveram um pouco de trabalho para administrar seus filhos. Os problemas vieram á tona, ela tinha um medo muito comum entre as mulheres: chegar a maior idade. E ele tinha outro problema maior: perda de dinheiro...