Capítulo I

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Capitulo I

Quando me pediram para contar minha estória eu achei engraçado. Por que alguém ia querer saber sobre mim? Neguei.

Mas tem gente que é insistente e foi indo, indo, pediu pra eu falar dos acontecimentos da fundação do Gus e eu fui contando, quando vi já tinha falado demais.

Mas por favor me entendam, eu não sou querido e amado como o Gus, e olha ele é muito mais do que foi escrito.

Sou bem o contrário dele, somos muito diferentes e em muitos pontos, eu sou o que sou e não me envergonho disso sou direto, não tenho meias palavras, como diz um amigo meu sou como um trator, fiz e faço o que tenho que fazer ... faria tudo de novo.

Não aconselho a ninguém ter a mesma atitude que eu, ao menor sinal de violência chama a polícia, pede ajuda. Mas já disse a vocês, não sou como o Gus. Violência gera violência, sempre é assim, quem é agredido um dia vai agredir.

Mas já disse antes e repito, não sou exemplo para ninguém.

Quem espera ler um lindo romance, esquece espera outro livro, não vai ser agora que vai acontecer, eu não sou romântico sou prático, minha cabeça é muito racional para ter algum tipo de delírio desse gênero.

Mas uma coisa quero que saibam, o Gus é tudo pra mim, por vários motivos ... podem me quebrar a cara, podem me fuder que eu até gosto, mas deixa o Gus fora disso ele é muito especial pra mim, e sendo assim, nunca mexe com ele.

Escolhi meu escritório pra começar esse tipo de entrevista, cara achei bem engraçado ele chegou cedo, até tinha se arrumado pra isso e olha que o Carlos adora um abrigo, ficar largadão.

Vamos lá

A primeira coisa que me lembro sobre a minha infância são as surras, isso deveria ser a última lembrança e isso é irônico, mas lembro também nitidamente do som dos ossos do rosto do meu pai trincando quando tudo aconteceu, eu adorei cada minuto, claro eu tinha treinado muito pra isso.

Dito isso podemos voltar um pouco no tempo, convenci minha mãe a me colocar nas aulas de luta que tinham perto de casa, desde os 13 anos eu treinava todo dia, minha cabeça nunca foi de uma criança normal eu tinha um objetivo, sempre tenho, minha vida é assim, eu prometi a mim mesmo que um dia eu acabaria com ele e ai minha mãe e eu teríamos finalmente paz.

Eu só não sabia que eu não conseguiria fazer isso a tempo de libertar minha mãe.

Tive uma infância normal, quer dizer ... Normal pra alguém que tem um pai louco, bêbado e homofóbico, mas até ai normal...

Infelizmente como ele existem aos montes, em compensação eu tinha "A" mãe, uma mulher incrível que não tinha boca pra falar de ninguém que aguentava tudo do meu pai simplesmente por que achava que eu tinha que ter uma infância "normal".

Meu pai graças a Deus nunca parava em casa, quando eu fiz mais ou menos 10 anos as coisas mudaram ele começou a beber e bater em minha mãe, com o tempo essas surras eram direcionadas a mim, na maioria das vezes ela conseguia me livrar. Foi um período de inferno em casa, ele só não fazia pior por medo de perder tudo, já que o dinheiro era da minha mãe.

Quando descobri que eu gostava de meninos a coisa foi pior, claro que falei com minha mãe, nunca com meu pai.

Eu tinha quase 16 anos quando eu cheguei em casa do treino e não vi minha mãe, eu sabia no fundo que algo tinha acontecido, merda, ela sempre me esperava fui na cozinha e ela não estava lá nem a Ana, isso me apavorou, elas sempre estavam lá, fui no quarto tudo estava quebrado.

ENTERRAR O PASSADO - CLAUDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora