ENTERRAR O PASSADO - CLAUDIO

Capítulo II

Capitulo II

Fazia quase um ano que já estávamos com a academia aberta, tudo tinha saído como eu imaginava, apesar de pouco tempo éramos referência em bom atendimento. Entrei no espaço de exercícios e fiquei olhando o Gus dando aula de ginástica funcional.

Dentro do espaço da academia tinha uma grande quadra de areia, com uns equipamentos inusitados, ele montou uma aula pra gente que queria realmente mudar a forma física, ele era incrível, muito concentrado conhecia cada aluno dele e montava a sequência de exercícios de forma que cada um fizesse o que tinha que fazer e ainda assim conseguisse fazer parte do grupo todo, até agora eu não sei como ele sabia o que cada aluno estava fazendo.

Tinha muita gente parada olhando a aula dele, inclusive outros professores, ele tinha trazido algumas técnicas que o próprio exército americano usava, todo mundo ficava impressionado com ele.

Bem, quando digo com "ele", quero dizer também que além das aulas a maioria estava ali para olhar "ele", isso mesmo o cara era um grande atrativo da academia, imagina um viking loiro de olho azul quase branco, camiseta preta com o logo da academia e calção de malha, ele é enorme e muito branco o que ressaltava aquele monte de tatuagens, gostoso do caralho.

O cara além de gostoso pra cassete, tinha um pau de respeito que ficava balançando pra lá e pra cá tinha muita gente hipnotizada assim como eu, dando em cima dele.

E ao mesmo tempo ele não tinha a menor ideia do que tava acontecendo na volta, éramos amigos como a tia dele previu, mas nesse tempo todo eu não vi ele com ninguém, nem homem nem mulher, ele não se interessava por ninguém e olha que não era falta de propostas tinha gente que era bem cara de pau. Ele desconversava sorria e saia pela tangente, ou pior ele se refugiava atrás de mim, as pessoas deviam achar que tínhamos um caso, ele estava sempre junto de mim, eu levava a fama mas não deitava na cama, quando eu perguntei ele disse:

- Me sinto mais seguro quando tu tá na volta.

Eu sabia que era por causa das pessoas, ele não gostava de ter muita gente na volta dele, a não ser quando dava aula, ele ficava desconfortável quando tinha gente demais conversando com ele. Das conversas que tive com a tia dele eu até entendia alguma coisa, mas ele era como uma grande caixa fechada, ele sorria, conversava com todos dava as aulas dele, mas era isso, ninguém passava da linha imaginaria que ele mesmo criava, todos menos eu, por incrível que pareça ele confiava em mim e eu nunca ia fazer nada pra magoar ele.

Dizer que eu tava apaixonado por ele era pouco, mas entendi que algo tinha acontecido com ele, eu respeitava isso, meu passado tinha me ensinado que algumas marcas não cicatrizavam.

Fiquei esperando ele terminar a aula, eu tinha que conversar com ele, tinha algumas ideias que queria trocar com o Gus.

Quando terminou a aula a mesma coisa, um monte de gente querendo falar com ele e ele só querendo tomar um banho e trocar de roupa, fiquei observando, ele era cordial querido mesmo, conversava com todos e ia saindo em direção ao escritório dele, quer dizer nosso, ele fazia questão que eu estivesse perto, a única exigência que ele tinha feito pro arquiteto era um grande chuveiro no escritório, ele não gostava de tomar banho junto com os alunos, ele dizia que tinha que ter uma distância saudável, tanto que o chuveiro dos professores era separado também.

Esperei ele ir pro escritório conversei com a gerente, uma mulher de muita personalidade que contratei, ela tinha um lema, "ordem dada, ordem executada", a Melissa era muito engraçada, parecia um carro tanque, todo mundo tinha um certo "receio dela".

Falei com ela e subi as escadas, parei na porta do escritório que abria somente com o meu cartão e o dele, respirei fundo entrei, sentei na minha mesa e me preparei pro espetáculo.