Capitulo XXVIII
Meu dia começou...no mínimo de uma forma estranha, eu tava na mansão cercado de crianças, mães, pais, fantasias, e uma gritaria infernal...gente e eu tava adorando.
Dona Alberta estava me ajudando, abrimos o salão da mansão e levamos todas as crianças da turma do Tavinho pra lá junto com as crianças do orfanato e todos estavam muito empolgados. Minha sorte é que tia Beta e dona Norma estavam juntas, e cara eu tinha medo das duas separadas, imagina juntas, eram generais e os outros só obedeciam.
Vi as professoras correndo, o rodrigo e o pessoal do orfanato tentando segurar no lugar todas as crianças...gente, sinceramente acho que professores deveriam ganhar muito pra isso, infelizmente eu sabia que não era assim nosso país tem dessas coisas.
Como que alguém que ensina uma pessoa, pode ganhar menos que esse alguém no futuro, eu realmente não entendia.
Fiquei olhando de fora toda a movimentação, era tanto carinho envolvido que resolvi ficar parado e me absorvi na movimentação deles, as crianças era como todas as crianças ruidosas... achei engraçado logo eu que não gostava de barulho, mas isso era diferente era alegria pura, ninguém ali era diferente, era mais ou menos que o outro, crianças não vem o mundo como nós os "adultos", elas não tem distinção de classe, de cor, de nada.
Da minha parte eu prefiro mais o olhar infantil, tudo parece magica, tudo é puro.
Vi ao longe dona Norma administrando esse caos com um lindo sorriso no rosto. Essa mulher era incrível, a abnegação em pessoa, soube que ele tinha entregue a vida dela para a escola, uma escola pequena no interior do estado, sem recursos e muitas vezes era uma escola levada pra lá e pra cá pela política local. Uma mulher e sua escola, a maioria da cidade tinha sido educada por essa mulher. Toda essa questão das verbas que não eram liberadas me deixava muitas vezes revoltado e foi motivo de discussão minha com o prefeito. Mas agora com a fundação ... bem esse seria meu próximo passo.
As crianças começaram o dia com um lanche, depois todos sentaram no chão e ensaiaram a música. Achei engraçado a escolha da canção, era algo muito antigo provavelmente ninguém reconheceria mas quando li a letra vi na hora que falava exatamente sobre o momento que estávamos vivendo...amigos...
Dona Norma escolheu pessoalmente e ela estava certíssima na escolha.
Amigos ...Tudo que estava acontecendo com essas crianças, com os jovens e com essa comunidade tinha começado com a união de grandes amigos, um grupo pequeno ao qual foram se juntando vários outros, hoje era um grupo grande e cada um fazia a sua parte mesmo sem os outros saberem.
Eu conseguia ver como a vida de todos nós tinha sido encaminhada para esse momento, nada tinha sido a toa, nossas dores e nossas vitorias estavam sendo direcionadas, tudo fazia parte de um grande plano que na hora não entendíamos. Mas se tudo que passamos não tivesse acontecido, talvez nem estivéssemos aqui, ou simplesmente não iriamos ajudar como agora estávamos fazendo.
Quando as pessoas viram que nossa vontade era ajudar somente, todas se uniram ao redor do Gus. E agora essa surpresa pra ele, até por que essa era a surpresa que o Tavinho queria fazer pro Gus, e como sempre as pessoas não conseguem negar nada pra ele.
O Tavinho corria pra lá e pra cá, mesmo sem saber ele era como uma cola de união, depois que tu dava a chance dele falar ninguém conseguia dizer não. Ele unia todas as pessoas em volta da fundação, lembrei que um dia ele me disse:
"Tio é só pedir, as pessoas vão ajudar."
Eu não entendia muito disso, minha vida tinha sido bem diferente da dele, mas com o tempo eu vi que ele tinha razão, se tu pede alguma coisa com sinceridade e a pessoa acredita em ti, ela vai te ajudar, é do ser humano esse impulso de compartilhar e ajudar, nós com a nossa sociedade tão individualizada é que esquecemos disso, a humanidade foi criada em grupo, sobreviveu em bandos, era normal ajudar um ao outro, agora de tão modernos que estávamos esquecemos isso.
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ENTERRAR O PASSADO - CLAUDIO
RandomSe espera ler um Romance, esquece, não sou assim. Eu sou o que sou, fiz o que fiz e não me arrependo, faria de novo.