Capítulo III

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Capitulo III

Levantei cedo tinha muita coisa para fazer, deixei o Júlio acordar sozinho, tomei meu banho preparei um café.

Ele levantou tava com pressa tomou um café acelerado e quando foi sair:

- Te ligo mais tarde, quem sabe jantamos. – ele ficou me olhando. -

- Olha vou viajar uns dias, mas vamos falando

- Tá. – ele me beijou e saiu, pena ia sentir uma pouco de falta dele, mas relacionamentos não eram algo em que eu estava disposto a entrar, pelo menos não agora.

Eu tinha muita coisa pra resolver, a nova filial ia ocupar um bom espaço na minha agenda, meu telefone tocou.

- Seu Claudio Bom dia. O seu Gustavo ainda não apareceu e o senhor falou que quando ele não chegasse uma hora antes da aula era pra ligar pro senhor e avisar.

Droga eu imaginei que algo assim pudesse acontecer, ele não tava bem na janta.

- Melissa fala pro Douglas ir se preparando pra dar a aula no lugar do Gus, eu vou passar na casa dele.

Subi direto pro apartamento dele e entrei, a muito tempo eu tinha a chave.

Ninguém na sala, entrei no quarto, ele ainda tava deitado, droga aconteceu de novo, a primeira vez que ele tinha ficado assim me assustei levei ele pro hospital, a tia me falou que ele tinha uns problemas emocionais, mas era pra eu dar uns comprimidos que agora eu sabia onde estavam e deixar ele quieto que tudo passava, agora eu já estava acostumado.

Ele não dizia nada só ficava olhando pro teto, o coração acelerava e ele chorava muito, as vezes ficava sem ar, ver um homem daquele tamanho encolhido chorando me partia o coração, o que quer que tenha acontecido com ele devia ser muito difícil, eu já tinha passado por muitas, mas nós éramos diferentes, eu lidava bem com perdas, acho que ele não, eu sabia que tinha a ver com o pai dele, e com o tal de Vinicius, mas nunca perguntei nada um dia ele falaria, assim como eu não quero falar do meu passado não posso querer que ele fale do dele, eu só tinha que estar ali pra ele.

Fui no banheiro e peguei os remédios, sentei na cama, ele se assustou, mas quando viu que era eu ele relaxou um pouco.

- Vem toma esses remédios, deita e descansa tá tudo organizado não te preocupa, - eu sabia que ele não conseguia pensar direito nessas crises, mas acalmava se soubesse que tudo tava bem na academia, quando eu me preparei pra ir pra sala e deixar ele quietinho ele me puxou pelo braço e me abraçou, eu entendi que ele queria que eu ficasse, deitei de costas pra ele e o Gus me abraçou, ficamos de conchinha, ficou chorando no meu ombro, era convulsivo, triste de ver, mas eu segurei a onda e esperei ele acalmar.

Quando vi que os calmantes fizeram o efeito, e ele conseguiu dormir, eu levantei e fui pra cozinha precisava de um café e ver como estavam as coisas, hoje eu sei que ia trabalhar ali, ele ainda ia ficar muito tempo dormindo.

Peguei um café e deitei no sofá, precisava fazer algumas ligações. Depois de tudo terminado só me restava esperar o Gus acordar. Fiquei pensando na minha vida em como tudo tinha acontecido, de um menino recém chegado do interior aos 17 anos minha vida foi mudando.

.......

Eu fazia 17 anos, estava deitado na pensão, a vida na capital era muito complicada eu não conhecia ninguém, e ninguém queria me conhecer, arranjei alguns bicos aqui e ali, trabalhava de garçom em uns cafés, limpava o chão, lavava louça, eu tentava me virar com o dinheiro que eu ganhava, não queria usar o dinheiro que eu tinha guardado, tinha outros planos pra ele.

ENTERRAR O PASSADO - CLAUDIOOnde histórias criam vida. Descubra agora