Tudo aquilo era um maluquice! Mas mesmo assim corri em direção ao castelo da Rainha Vermelha. Guardas estavam para todos os lados, e sim, eles eram pessoas normais, sem orelhas gigantes ou rabos. Mas os ternos tinham o símbolo de copas em seu lado esquerdo e nas costas de cada um vinha um número ou uma letra... Como num baralho.
Tive que esperar longos minutos até que eu conseguisse entrar sem ser percebida pelos guardas, e tive que me esquivar muitas vezes para não ser pega! Não estava a fim de ter minha cabeça fora de meu pescoço.
Depois que entrei no palácio me senti num labirinto gigante cheio de corações assustadores. Juro que minha intensão era somente ir lá de fininho procurar pelo Chapeleiro e depois voltar de fininho e fugirmos para bem longe dali. Mas não foi isso que aconteceu. Tem horas que eu simplesmente odeio ser curiosa, é um instinto tão natural que me ocorre sem eu nem ao menos perceber.
Enquanto eu me escondia de um bando de guardas que estavam passando pelo corredor, eu acabei me deparando com uma porta gigante e eu sabia que eu não deveria abri-la, mas eu já disse: Eu sou curiosa. Pois fui dar somente uma espiadinha, e eu simplesmente não creio no que vejo. É tão surreal, que minha primeira reação foi sorrir, e depois veio uma vontade (não sei de onde) de sair correndo e abraça-lo, mas ai eu caí na real, e vi que ele estava totalmente diferente do rapaz que eu conheci há dois anos. Mais velho, mais forte, mais másculo e para minha total depressão com um mulherão ao seu lado, enganchada em seu braço. Não sei por que isso me incomodou tanto, porque na verdade o que devia me incomodar é o fato de que o garoto que eu namorei por oito meses a dois anos, faz parte de uma história para criança dormir (que naquele momento era bem real).
Após a curiosidade e a depressão terem passado, eu senti raiva. Muita raiva. Eu queria matar aquele idiota, mentiroso do Perseu! É claro que tudo que eu fiz foi fechar a porta que dava para o jardim bem devagarinho para que ninguém notasse que eu tinha aberto – Ah, e detalhe, eu fiquei com muita dó dos flamingos. Aquele jogo maluco que acontecia ali devia dar uma dor de cabeça.
Ainda chocada me virei e voltei minha atenção em achar o Chapeleiro... Com muita sorte eu ainda o acharia vivo e com a cabeça no lugar! Sai correndo como uma louca sem saber bem onde estava indo e demorei pra caramba para entender onde estava já que toda hora eu tinha que me esconder porque alguém do palácio estava passando. Lugarzinho cheio de gente!
Deparei-me com uma escada que levava para baixo. Não era muito claro, estava somente iluminado por pequenas luzes em formato de coração, e a cor da lâmpada era vermelha. Serio, a cada momento que passa minha vontade de estrangular essa tal rainha aumenta, o mau gosto dela pelas coisas eram de matar!
Desci as escadas de qualquer forma, se eu desse sorte ali daria para os calabouços, onde provavelmente o Chapeleiro estaria. Eu realmente estava certa. Ali era o acesso aos calabouços, mas o que era estranho é que estava vazio. Estranho, estranho não era já que a rainha ali era maluca. Vai saber... Provavelmente todos ali perderam a cabeça...
Subi novamente aquelas escadas assustadoras num pique só, e quando cheguei ao corredor, parei um pouquinho para tomar folego e pensar onde poderia estar o Chapeleiro naquele lugar gigante. Gente, falo serio para vocês, quando a Sra. O’Leary me mostrou o castelo eu achei ele pequeno, já que ele tem uma forma estranha, mas aqui dentro a coisa é outra. É cheio de corredores enormes, portas e entradas para todo lado, um verdadeiro labirinto.
—E agora? O que eu vou fazer? – murmurei para eu mesma.
—Perdida? – a voz dele ecoou. Olhei para cima na hora assustada. Não era para ele saber que eu estava aqui. Eu nem queria olhar na cara dele, nem falar, nem sentir seu cheiro que ainda era o mesmo, o cheirinho do mar... Nem ter essas lembranças e nem nada. Eu estava com raiva. “ANNABETH! SE RECOMPONHA MULHER!”
—Acho que está! Afinal, nem aqui era para você estar! O que faz aqui, Annabeth? – Ele me perguntou. Eu sabia o que ele estava querendo dizer... O que eu fazia no castelo da rainha vermelha, já que era para eu estar junto com a Rainha Branca, seja lá quem ela é. Mas eu me fiz de besta. Sim... Foi difícil.
—Eu ainda estou me perguntando isso. – respondi irônica, e totalmente verdadeira. —Aliás, eu nem sei o que me deu na telha para ter seguido um coelho de terno. Não mesmo. Mas sabe, e devo ser maluca, ou qualquer outra coisa, porque eu sinceramente não sei o que eu estou fazendo aqui. Mas sabe, o pouco de tempo que eu estou aqui eu fiz amigos, e a maluca da rainha está tentando mata-lo e eu não posso deixa-la fazer isso. Então se me der licença, eu preciso ir salvar o Chapeleiro.
Eu precisava sair dali, a presença dele estava me trazendo muitas lembranças que eu não queria lembrar, porque eu sentia raiva, mas não dele e sim de mim mesma, porque ele se foi sem mais nem menos, nunca mais voltou e eu fiquei presa ao sentimento que ele deixou, e para ser sincera, eu nunca segui em frente. Eu tinha dito que foi porque não tinha a mesma magia, mas a verdade é que eu simplesmente não queria abandonar o sentimento que eu tinha por ele. Sim, eu sou uma idiota. Eu sei, mas fazer o que... Quando a gente ama de verdade, é pra sempre. Ou não... Mas isso não importa. Eu só queria manter distância. Eu ainda precisava digerir a ideia de que ele era um personagem de história para crianças.
—Annabeth, espera! – Me segurou pelo braço me impedindo de seguir em frente.
—Não, Percy. Solta! – exigi olhando para meu braço.
—Eu sei onde ele está. Te levo até ele. – disse depois de alguns minutos em silencio que ficou me olhando e soltou meu braço.
Assenti e deixei-o guiar o caminho, não me pergunte... Para mim ainda era uma bagunça onde todos os corredores eram iguais.
—Ele está na ultima porta do corredor. Queria te ajudar mais, mas não posso. Você é esperta, vai conseguir sair... A troca de guardas é em vinte minutos, e a saída fica para o lado esquerdo. Boa sorte.
—Obrigada. – Eu nem queria ter agradecido, mas eu sou uma pessoa educada. Virei às costas e corri até o fim do corredor. Abri a porta e vi o Chapeleiro, sorri igual criança quando ganha doce. O quarto era grande e tinha muitos chapéus por todo o lado. Ele estava costurando.
—O que você está fazendo aqui? – ele perguntou assim que me viu. —Era para você estar com a Rainha Branca.
Revirei os olhos, eu já sabia disso... Parece que essa Rainha Branca ai era importante! Porque parece que meu destino – pelo que todos falam – era que eu devia me encontrar com a Rainha Branca. Ela devia ser magica, só pode.
—Eu vim te salvar! Não ia deixar você aqui nesse covil. Vem... Precisamos ir.
—Como você me achou? Esse lugar é um labirinto! – Ri com isso... Nessa parte ele tem razão.
—Eu tive uma ajudinha, mas isso não importa. Vamos logo. – puxei ele pela mão assim que
Assim que a gente saiu, fiquei alerta... Eu ainda tinha 15 minutos até a troca de guardas. O que com sorte seria o tempo para encontrar a saída. Virei à esquerda como fui informada, e corri pelo corredor vazio. Ainda corremos por um bom tempo, me perdi algumas vezes, e em outras eu aparecia em lugares que não tinha nada a ver com a saída. O chapeleiro como sempre fazia piada e graça com tudo, e me fazia rir.
Por muita graça e sorte divina, eu consegui achar a saída a tempo da troca. Mas a sorte não estava tão assim ao meu favor... Antes de chegarmos ao portão passamos por uma porta escrita “Sala do Trono” com vários corações de copas em volta e ela estava semiaberta, e o que eu vi acabou com minhas estruturas...
Lembra-se da mulher que estava pregada nos braços do Percy quando eu o vi no jardim? Pois bem... Ela estava com ele. O Beijando...
Sem aguentar ver aquilo eu corri... Corri até estar bem afastada do castelo. O Chapeleiro sem entender somente me abraçou. Droga, além de estar num mundo que nem é o seu, eu ainda reencontro meu ex com outra mulher...
Poderia ficar pior?
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No País das Maravilhas
Fanfiction[CONCLUÍDA] O que você faria se os contos de fadas que sua avó te contava se tornasse realidade? Com Annabeth foi assim. Ela sempre foi uma garota que gostava de ler, e é lógico que ela amava o conto de Lewis Carroll "Alice no País das Maravilhas"...