Cinco meses depois...
Definitivamente não gosto de invernos.
Não gosto! São frios, tem neve e a gente fica andando igual um pinguim de tanta roupa. Isso sem falar no meu péssimo humor desde que voltei de NY. Não tenho dormido bem, principalmente porque minhas lembranças são muito vividas nos sonhos. Meu humor anda péssimo, uma vontade incontrolável de chorar, uma dor insuportável no peito e a saudade. Principalmente a saudade.
As férias de inverno só me fizeram ficar ainda pior, já que pelo menos com a escola, eu podia me preocupar com o grupo acadêmico e com as atividades curriculares, mas em casa, tudo fica muito nítido. Se eu fecho os olhos consigo me ver novamente no Castelo de Prata, ou junto com Chapeleiro para hora do chá.
Corri para meu quarto, e coloquei roupas quentes, porque se continuasse no sofá olhando para TV sem realmente ver a programação, com a cabeça em outro mundo, literalmente, eu iria, com toda certeza, enlouquecer.
Sai de casa, e por sorte, não estava nevando, apesar de ter neve por toda rua. O céu estava escuro, o que significava que logo choveria, mas ainda sim segui para a cafeteria que tinha alguns quarteirões da minha casa.
Dizem que o chá inglês é um dos melhores chás do mundo e isso realmente é verdade. Com leite e açúcar é melhor ainda. Assim que fiz meu pedido, escolhi meu lugar favorito, que era no fundo, perto da janela com a vista para a rua.
Fiquei pensando em várias coisas, principalmente na minha volta a Londres, quando contei tudo a minha avó sobre o que tinha acontecido.
Ela me ouviu, e quando terminou sorriu. Sorriu e me abraçou. Ela me entendia.
Claramente pedi explicações para ela sobre o fato de sermos descendentes dos Cavalheiros, mas ela nada sabia sobre isso, então no fim, só aceitei o fato de que algumas coisas não tem explicação, elas simplesmente são.
Nunca contei a mais ninguém sobre o que aconteceu. Mas todos perceberam que algo estava diferente.
Meus primos de NYC, Thalia e Silena aqui em Londres, todos notavam que eu não estava em meu perfeito estado, mas também não tentaram descobrir o porquê.
Eu nunca falava, e então eles desistiram de tentar saber.
Mordiscando minha rosquinha, fiquei olhando para a rua. No fundo eu esperava que fosse vê-lo. Sentia tanto sua falta, que as vezes me sentia culpada. Sempre fiquei me perguntando se deveria ter pedido para ele voltar comigo, mas então eu me sentia culpada, porque aquele era seu mundo, seu lugar, e não era justo fazer ele escolher. Mas tinha dito a ele que o amava, e por um momento pensei que isso fosse o suficiente para que ele atravessasse o espelho comigo. Mas não foi, no entanto, eu tinha aquela fagulha de esperança de que ele aparecesse. De que ele fosse atrás de mim.
Mas já fazia cinco meses e isso não aconteceu.
E a fagulha de esperança estava desaparecendo e eu finalmente estava entendendo que aquilo não aconteceria. E tudo bem, de uma forma ou de outra, eu entendia.
E foi quando a porta da cafeteria abriu, trazendo um pouco do vento gelado.
Ele estava lá.
Eu tive que olhar duas vezes, piscar mais algumas e ele estava lá.
Ele estava ali.
Como? Quer dizer, porque depois de tanto tempo? Mas essa resposta realmente tem importância?
Ele estava sorrindo e veio andando até minha mesa. Estava lindo, de jeans, casaco e cachecol. Os cabelos estavam um pouquinho maiores do que me lembrava, e eu podia jurar que também um pouco mais alto, mas seus olhos, eles continuavam iguais. A calmaria do mar num dia de sol. E o sorriso? Eu podia olhar ele sorrindo pelo resto da minha vida e não me cansaria.
De repente, todos aqueles sentimentos ruins que me acompanharam por todos esses meses, sumiram e meu peito se aqueceu. Sorri de volta, e pela primeira vez, em meses, realmente me senti feliz.
Ele tinha voltado, voltado para mim. E era só isso que importava.
-Oi - falou se sentando a minha frente.
E então tudo em meu mundo finalmente se encaixou, e eu vi que toda aquela aventura, salvar seu mundo, conhecer aquele lugar mágico e tudo mais, era para que eu chegasse aquele momento.
E um pensamento engraçado me pegou naquele momento: "O que teria acontecido comigo, se eu não tivesse seguido o coelho e caído naquela toca? "
Pois, é! Lembre-se, as vezes cair nem sempre vai ser uma coisa ruim. Eu caí, muitas vezes, e agora, ali, eu vi, que cada queda valeu a pena!
Fim!
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No País das Maravilhas
Fanfic[CONCLUÍDA] O que você faria se os contos de fadas que sua avó te contava se tornasse realidade? Com Annabeth foi assim. Ela sempre foi uma garota que gostava de ler, e é lógico que ela amava o conto de Lewis Carroll "Alice no País das Maravilhas"...