Acordei meio grogue e meio tonta tentando me lembrar de onde eu estava. Fiquei olhando ao redor, e demorou um pouco para entender que eu estava debaixo da cartola do Chapeleiro.
Ouvi um barulho estranho de fungos. Como se um cachorro estivesse farejando, o que na verdade era verdade, porque assim que o barulho ficou bem alto a Cartola foi tirada de cima de mim.
Olhei para cima e vi um cachorro grande. Na verdade ele não era grande, era eu que estava muito pequena. Ele tinha pelos pretos e os olhos grandes e parecia ser muito fofo, e a vontade de apertar foi grande, mas ai, eu me lembrei do Chapeleiro, e do Rap... Fiquei brava novamente.
—Você estava com os guardas da Rainha! – Acusei. —Era para ter distraído eles. Agora eles estão com Chapeleiro!
—Me desculpe. – na verdade era uma cadela. A voz era feminina. Vi o que esse lugar fez comigo? Eu já nem me assusto quando uma cadela gigante fala comigo. —Mas eles estão com meus filhotes, não poderia fazer nada.
—Tudo bem. – Tá legal, disso eu não tenho o que contradizer. É a família dela. Eu também faria o mesmo se minha família estivesse em perigo. —Como é seu nome? – perguntei mais gentilmente.
—Sra. O’Leary.
—Muito bem, Sra. O’Leary, você vai me levar até o castelo da Rainha e vamos tirar o Chapeleiro de lá.
—Isso não está certo. O Príncipe me deu instruções de leva-la ao castelo da Rainha Branca.
Para um cachorro, ela estava bem teimosa.
—Olha só, eu entendo que sua família esteja em perigo, mas se você tivesse enrolado mais um pouco os guardas, o Chapeleiro e o Rap estariam aqui, e eu já estaria no castelo dessa Rainha Branca. Mas não. Eu estou aqui e o Chapeleiro está em perigo, e se eu estou certa a Rainha gosta de seguir os mesmos padrões da Rainha de Copas, e tirar a cabeça das pessoas do pescoço, então nós vamos lá ao castelo da Rainha e vamos tirar o Chapeleiro e Rap de lá. Você me entendeu?
—Sim... – ela respondeu amuada.
—Bom. –Ela se abaixou de modo que eu subi nela pelo seu nariz, o que foi quase engraçado porque ela tinha muitos pelos e eu me senti como se tivesse no meio de ursinho de pelúcia gigante e peludo. —Não esquece o Chapéu!
Ela começou a correr, enquanto eu me segurava em sua coleira gigante; não sei bem quanto ela correu até que o ambiente saísse de uma floresta a um deserto para logo se transformar em uma cidade acabada e sem chão.
—Sério mesmo? – eu perguntei a O’Leary assim que desci de seu pescoço peludo.
—Serio mesmo. – ela me respondeu deixando o chapéu do Chapeleiro ao meu lado. —Fiquei aqui, okay? Vou chamar uma pessoa que vai devolver seu tamanho original.
Eu acenei com a cabeça e fiquei ali, olhando para aquele poço sem fundo. Quando Rap assoviou na ultima vez que esteve ali, pareceu que a cidade tinha ganhado vida, mas agora parecia vazia e bem solitária. Não admirava que se chamasse Depressão.
A cidade ainda era sem chão, não literalmente, as passarelas que apareceram quando Rap assoviou ainda estavam ali, mas olhar para baixo era meio assustador. Fiquei ali meio tediada e sozinha por mais ou menos quarenta minutos, ou menos, não sei bem... O tempo ali era tão estranho.
Assim que avistei a Sra. O’Leary me levantei rapidamente; ela estava acompanhada de uma mulher. Seus cabelos eram morenos, seu era corpo esguio, e seu vestido marrom.
—Anna, essa é Héstia. Uma feiticeira que pode te ajudar a ter seu tamanho de volta.
—Olá Héstia. Sou Annabeth. – me apresentei educadamente.
—É... A garota de quem todos vêm falando. – Héstia disse me avaliando com os olhos. —Você não me parece grandes coisas... Mas se o Príncipe confia tanto em você... Deve ter algo de especial, então.
—Obrigada, eu acho. – Isso foi um elogio? Porque se foi, ele foi bem ofensivo.
—Aqui. Coma isso. – disse me entregando um bolinho branco. —Não coma tudo. Apenas um pedaço deve bastar para que seu tamanho volte ao normal.
—Obrigada. – o bolinho tinha gosto de baunilha. Quase fiquei tentada a comer tudo...
Não senti muita diferença, mas de repente o vestido que o chapeleiro fez para mim ficou extremante apertado e curto e com certeza a Sra. O’Leary já não era tão grande quanto eu tinha pensado.
—Nossa! Que alívio. É bom estar em meu tamanho original! Esse negócio de crescer demais ou diminuir demais não é nada legal!
—Muito bem, Anna. Só precisamos arranjar um vestido maior. – Sra. O’Leary disse olhando para minha roupa.
—Posso dar um jeito nisso também. – Héstia disse estralando os dedos.
Aquilo ainda ia me deixar realmente maluca. Não troquei de vestido se é isso que você pensou, até porque eu não sou a Barbie que vive trocando suas roupas num passe de mágica. Tudo que aconteceu foi que o meu vestido só ficou ajustado ao meu novo tamanho.
—Muito obrigada. – Realmente ficou bem melhor.
—Annabeth, estamos todos confiando em você! – Héstia disse.
Fiquei olhando para ela surpresa. Parecia que ali eu era a “Mulher Maravilha”, mas pode acreditar, eu não me sentia assim.
—Pode deixar. Eu vou tentar dar um jeito. – dei um rápido sorriso. —Sra. O’Leary, pronta?
—Claro. Precisamos mesmo ir.
Peguei a cartola do Chapeleiro, e indiquei para que a Sra. O’Leary fosse na frente. Dei um pequeno sorriso a Héstia e me despedi mais uma vez.
Andamos bastante e passamos por vários lugares daquela cidade estranha, tudo parecia tão silencioso...
—Porque é tudo tão quieto?
—Não é quieto, só estamos evitando lugares movimentados. Não seria muito bom se te vissem por aqui.
—Porque não? – perguntei curiosa.
—Porque diferente dos outros lugares que você viu, as pessoas que vivem aqui são seguidores da Rainha. – Explicou.
—Ah!
—Venha... Estamos quase chegando.
Seguimos caminho por aquelas passarelas sem fim, até o extremo da cidade. Mas o que eu vi realmente me deixou com uma vontade eterna de rir.
Aquilo definitivamente não era um castelo.
Estava mais para uma torre sem padrões corretos de estrutura, mas não era um castelo. Era uma coisa estranha. Como explicar? Imagine um triangulo, onde a parte maior é a base e a mais fina é a ponta, agora o coloque de ponta cabeça. É mais ou menos isso que era o “Castelo” da Rainha.
—Mas o que? – perguntei abismada. —Isso nem tem lógica. Está desafiando as leis da Física! – Aquilo definitivamente não era normal.
—O que? – Sra. O’Leary perguntou sem entender do que eu falava.
—Isso é o castelo da Rainha? – perguntei
—Sim.
—Tudo bem... É melhor eu ir logo. O Chapeleiro deve estar em perigo. – Eu falei a ela, ainda não acreditando no que via.
—Eu até te acompanharia, mas preciso voltar. Os guardas devem estar me procurando... – Sra. O’Leary disse preocupada.
—Tudo bem. Vá e faça o que tem que fazer... Vou ver o que posso fazer por aqui. – disse a tranquilizando.
—Tome cuidado com os guardas.
—Pode deixar!
Depois que a Sra. O’leary se foi, fiquei olhando para aquele castelo sem noção e tive respirar bem fundo. Eu estava definitivamente maluca. Tudo bem. Eu consigo. E sem nem pensar duas vezes, porque se não eu com certeza não iria em frente se parasse para pensar, eu segui em direção do castelo. Estava na hora de salvar meus amigos.
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No País das Maravilhas
Fanfiction[CONCLUÍDA] O que você faria se os contos de fadas que sua avó te contava se tornasse realidade? Com Annabeth foi assim. Ela sempre foi uma garota que gostava de ler, e é lógico que ela amava o conto de Lewis Carroll "Alice no País das Maravilhas"...