Sabe qual o fato mais engraçado de tudo? É que eu fiquei abalada porque o vi. É serio, agora aqui na varanda olhando para o horizonte e os pontinhos brilhantes no céu é que eu finalmente notei isso.
Estou no castelo da Rainha Branca, não me pergunte como foi que eu cheguei aqui, sei que o Chapeleiro me arrastou para um monte de curvas e florestas e plantas estranhas e paredes que se movem, enfim... Deu pra entender, né? E ai eu vejo um castelo todo branco enorme, igual aquele da Disney, sabe? E uma jovem, de cabelos brancos como a neve e sobrancelhas negras como a noite... Irônico, né?
Aposto que ela pinta o cabelo. Seus lábios eram rosados, e seu vestido prata.Ela caminhava em nossa direção e assim que se aproximou, o Chapeleiro se curvou em forma de respeito e foi ai que minha ficha caiu. Então ela é a Rainha Branca...
—Chapeleiro, que bom revê-lo. – a Rainha diz sorrindo.
—Minha Rainha... É um enorme prazer revê-la. – O Chapeleiro responde todo educado, totalmente diferente daquele maluquinho que eu conheci no Chá da Tarde.
—Annabeth, minha querida. Que bom que chegou. Estávamos ao seu aguardo. – A Rainha diz sorrindo para mim.
Sorri para ela e nada respondi. Não sabia bem o que dizer. Ela era diferente do que eu imaginei. Na verdade não sei. Até porque eu não imaginei como ela seria. Não deu tempo.
Tempo... Há quanto tempo eu estava ali? Um dia e meio? Dois? Minha cabeça estava confusa, tudo isso sem falar que eu vi o Percy. Vestido de príncipe, no castelo na Rainha Vermelha. O Percy, o meu Percy, o garoto que eu namorei e que eu ainda era caidinha.
Cassete, minha vida era uma merda. Aposto que a Sil e a Thalia saberiam o que fazer nessas horas. Olha só destino... Ou seja, lá quem você for, da próxima vez que tentar me mandar para um conto de fadas, faça o favor de me mandar acompanhada, e de preferência com pessoas que eu conheço.
Tudo era muito branco. Ou prata. E Brilhoso. O castelo era incrivelmente claro. Toda a decoração, os pisos, paredes, colunas, tudo era branco ou prata. Não tinha tantos corredores como no castelo estranho da Rainha Vermelha, mas também não era um lugar muito legal de se andar sozinha.
A Rainha me deixou em um quarto muito elegante no andar de cima, disse que eu poderia ficar a vontade, e que tinha roupas no guarda roupa que me caberia. Eu ainda estava com o vestido que o Chapeleiro fizera para mim quando fui jogada no bule de chá.
Era bonito. E eu me sentia bem nele. Mas como uma garota normal que eu não era, fui tomar um banho de banheira. E sim essa era a primeira vez que eu tomava banho de banheira, então imagina a bagunça que eu fiz... Parecia uma criança quando ganho o presente de natal.
Depois do banho tomado e finalmente colocado uma roupa mais ou menos comum eu me sentia melhor. Eu estava usando um vestido de frio cinza com uns babados estranhos nas mangas e um sapatinho simples que eu achei no guarda roupa.
E de repente eu estava ali na varanda do quarto olhando para o céu, inconformada com o fato de que na hora eu não me importei nenhum pouco com ele ser um personagem de livros de histórias infantis! Ou talvez ele não seja, talvez ele tenha parado aqui do mesmo jeito que eu. Ou não. Ou... Eu vou ficar louca. Mais do que o meu nível atual.
E eu acabei lembrando dos nossos momentos no meu mundo, as nossas risadas, as noites incríveis de sexo , os passeios e até os momentos bobos como o fato de ele me dar uma bala na aula, ou sentar do meu lado me irritando só para não prestar a atenção nas aulas. E eu senti falta de tudo isso. E eu me surpreendi com isso, porque eu não sabia o quanto ele ainda me afetava. E odiei o fato de que eu ainda o amava.
—Perdida em sua mente?—me assustei ao ver o Chapeleiro ao meu lado.
—Um pouco. – admiti. —Chapeleiro, posso te perguntar uma coisa?
—Claro. – ele olhou para mim com aqueles olhos encantadores, e eu sorri ao ver sua cabeleira sem sua inseparável cartola.
—Você me acha louca? – perguntei sem olhar para ele.
—Acho. – ele respondeu de prontidão. —Louca, louquinha de pedra. —Eu fiquei um pouco sem saber o que fazer. Pelo menos ele era sincero.
—Mas vou te contar um segredo. – E eu olhei para ele. —As melhores pessoas são assim.Eu abri um sorriso para ele em agradecimento. Sabia que ele estava sendo sincero, e isso me deixou ainda mais aliviada.
—Acho que tem razão. Afinal, só um louco para enfrentar tudo que passamos.
Ficamos em silêncio olhando para o horizonte enquanto o céu tomava forma e a noite densa pairava sobre nós. E uma alegria tomou conta de mim quando vi a Sra. Oleary chegar com mais três pequenos filhotes ao seu lado.
Desci correndo as escadas e fui direto para a saída do castelo, e lá encontrei a Rainha com algumas criadas saudando a Sra. Oleary. Corri em direção a elas e lhe dei um abraço forte. Ela não era tão grande assim, agora que estava em meu tamanho normal.
—Parece que conseguiu! – Sra. Oleary falou ao ver o Chapeleiro ali de pé ao meu lado.
—Parece que sim. – respondi sorrindo.
—Vamos entrar? – a Rainha nos convidou indicando o castelo, e todos logo foram entrando e nos aconchegando na grande sala perto da lareira acessa.
—O que irá acontecer agora, minha Rainha? – o Chapeleiro questionou.
—Isso depende da escolha de Annabeth. – ela respondeu calma olhando para mim.
—Minha escolha? – perguntei sem entender.
—Sim. Mas não vamos pensar nisso agora. – ela desconversou. —Conversaremos melhor amanhã, quando o Príncipe se juntar a nós.
—Príncipe? – falei um pouco alto demais.
—Creio que já o conheceu, não é mesmo? Perseu, o herdeiro do trono. Amanhã ele se juntará a nós e então falaremos sobre o fim do reinado de sua mãe perversa.
Ai caramba! Muita coisa para minha cabeça! Acho que quando eu acordar vou estar internada num hospício!!
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No País das Maravilhas
Fanfic[CONCLUÍDA] O que você faria se os contos de fadas que sua avó te contava se tornasse realidade? Com Annabeth foi assim. Ela sempre foi uma garota que gostava de ler, e é lógico que ela amava o conto de Lewis Carroll "Alice no País das Maravilhas"...