A Cidade de Prata

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A melhor fantasia é aquela que se vive e não a que se imagina.

—A. Almeida

Aquele lugar era magnífico. Nem mesmo em meus sonhos teria imaginado aquele lugar. Era realmente uma cidade e vista de cima parecia pequena, mas andando pelas suas ruas, vi o quanto era grande. Talvez não tão grande quanto Nova York ou Londres, mas ainda sim aquele lugar era realmente vasto.

A suas casas eram semelhantes. E tudo ali fazia jus ao nome “Cidade de Prata”. Branco e Cinza eram as cores que decoravam a cidade. Aquele lugar parecia ter luz própria, como se o sol fosse só um pequeno detalhe naquela imensidão.

Aparentemente confortáveis, todas as casas tinham grandes janelas no segundo andar e suas portas eram branco imaculado. Chaminés e uma grande sacada faziam parte de sua estrutura, porém o mais lindo daquele lugar era o grande castelo que esbanjava todo seu poder em tamanho e riqueza.

Não precisava estar perto para saber que os reflexos que vinham dele eram diamantes e cristais. Até mesmo o castelo da Cinderela perdia para aquele. Tão grande quanto esperado para uma fortaleza, de longe se via as longas janelas e as altas torres. As grandes pedras preciosas eram exibidas pela estrutura do castelo e em seu portão se via um símbolo com duas grandes estrelas em volta de uma espada toda em Rubi. Algo vinha escrito na lamina da espada. Uma língua que eu não compreendia.

“Seu verdadeiro poder vem de seu coração"

Olhei para Percy quando ele falou sem entender até ele apontar para a espada e então compreender que ele traduziu a frase.

— Por isso somente “Os fortes de coração podem encontrar a cidade”? – Repeti a frase que Percy me disse na Floresta.

—Vem, vou te mostrar um segredo. - Chapeleiro me puxou pelo braço até estar realmente de frente com o enorme portão. Curiosa como sou estiquei a mão e toquei as pedras brilhantes.

— Aqui. - Chapeleiro pegou minha mão e guiou até a “ponta” da espada e a encostou ali. Senti uma tranca e automaticamente girei. O portão fez um barulho muito alto e então rangendo se abriu para nós.

O interior do castelo não era nada como havia imaginado. Tudo lá estava velho, quebrado e cheio de poeira. Não precisava de muito para entender que aquilo era resultado da guerra que teve entre a Guarda Vermelha e os bravos Guerreiros de Prata. Tudo ali cheirava a morte, o ar era pesado e frio e o clima tenso. Mas de uma forma que não compreendia, me sentia forte. Como se minhas forças fossem renovadas por estar naquele lugar.

Pulando pedras e entulhos e expulsando algumas muitas teias de aranha finalmente chegamos na Sala do Trono. Tudo ali assim como o resto do castelo, estava destruído, mas não era difícil imaginar aquele lugar em seu tempo de gloria. As pessoas bem vestidas, dançando e cantando. O Rei e a Rainha sorrindo, crianças correndo, um ambiente cheio de vida. Quase sorri com esse pensamento. Deveria ter sido incrível morar naquele lugar. Sempre imaginei como seria viver alguns séculos antes do meu tempo. Usar vestidos bufantes e casar com um duque ou quem sabe até mesmo um Príncipe.

Acabei olhando para Percy discretamente. Ele era um príncipe. Balancei a cabeça e tirei esses pensamentos da mente. Eu ainda estava brava com ele, certo?!

Percy e Chapeleiro foram direto para o trono, e ao lado dele tinha uma pequena gaveta escondida que Chapeleiro parecia conhecer bem. Abriu e de lá retirou uma pedra de tamanho médio, tinha um formato de diamante polido, iguais aqueles que se colocam em anéis de noivado, porém ela não brilhava. Era fosca e sem vida.

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