Capítulo Treze

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Meu coração batia forte como nunca bateu antes, nem mesmo quando senti mais medo, ou me senti mais ameaçada. Meus sentimentos estão a mais de mil e enviam informações e mais informações, juntamente com meu coração. Não tem como algo assim ser possivel de acontecer, minha mãe está morta. Sara Dukman, está morta. Ou estava...

- Sara? É você Sara? - Meu pai a olhou tão profundamente que não duvido que ele esteja vendo seus orgãos.

Os olhos da mulher na minha frente se encheram de lágrimas e ela pareceu desconfortável.

- Senhorita Karmen. - A mulher falou com uma voz doce e branda, assim como lembrava ser a voz de minha mãe. - Se me der licença. - Fez uma vaga reverência.

Mick, mais que eu, parece estar no meio do mar, com apenas um barquinho, em um mar muito enfurecido. Ele abaixou uma sua cabeça e posso ver as lágrimas escorrerem.

- Não se sinta incômodada querida, pode ficar aqui, eu e os guardas estamos de saída.

Porque Karmen estaria sendo tão caridosa assim? Ela com certeza espera que todos nós sintamos tanta raiva de "Sara", até a matar.

- Solte-os e venham. - Ordenou e se retirou.

Quando eles fecharam as portas, corri até meu pai, queria ficar envolvida em seus braços até dormir e acordar em minha cama em Noquia novamente. Mas pensar em Sara, a mãe que me deixou doze anos atrás, e que eu pensava estar morta, mas está viva... Isso não tem explicação, é traição. Marcelo tentou me dar um abraço de conforto, mas eu logo me desvinculei, ainda não esqueci o que Karmen falou.

Corri até Jacke e chorei em seu ombro, como sempre fazia quando estava triste, ele com certeza está tão confuso e abalado quanto eu, também era super proximo de minha mãe, ela o tratava como um filho.

Olhei para mulher que de alguma maneira realmente parece ser minha mãe e me aproximei, percebendo o seu olhar emocionado e doce.

- Sim Elise, sou eu, sua mãe. - Ela leventou sua mão para passar em meu rosto e eu me afastei.

- Não toque em mim, você é uma traidora, assim como Karmen. - Gritei sentindo meu rosto ficar vermelho. Ao mesmo tempo que quero abraca-la, que me afastar.

- As coisas não são assim minha Elise. - Suas lágrimas começaram a cair.

- Sara, eu te amava tanto. - Meu pai interviu. - Quase fiquei louco quando você e [] morreram, e agora você aparece ao lado da minha segunda esposa, para me mostrar o quanto eu fui bobo de não perceber... Acharam todos os corpos, menos o seu, enterramos um caixão vazio e cada dia da minha vida eu imagina inúmeras formas de você ter morrido, eu sofria em imaginar o seu sofrimento.

- Mick eu ainda amo você, sempre amei e sempre vou amar, não existiu um dia sequer em que eu não pensasse em você.

- Se você ama, e se você amasse, por que está aqui? - Ele cerrou seus olhos.

Sara colocou as mãos na cabeça e se derramou em lágrimas, Marcelo correu até ela e simplismente a abraçou, forte.

- Sara, certo? As coisas vão mudar, confie em mim, eles vão entender, tens uma explicação para isso, confere?

Sara analisou Marcelo com um sorriso de canto, provavelmente buscando em sua mente quem era aquele garoto.

- Aconteceu durante a guerra, eu estava lutando, porém me afastantei, entrei muito profundamente no campo inimigo, busquei por você e o avistei, sempre guerreiro, lutando por seu país, pensei na minha pequena Elise de apenas cinco anos, presa em um esconderijo com Antônia. Perdida nos meus pensamentos não percebi que estava em um campo vazio, onde topei no cavalo de uma mulher, que caiu, ela estava doente, ensanguentada, a ajudei e a levei para um lugar afastado. - Ela conferiu se todos ouviam. - As vezes a bondade não nos permite ver as coisas mais obvias, ela colocou uma faca em meu pescoço, estava disposta a me matar, estava disposta a fazer qualquer coisa para ter o que queria.

Sara parou a historia, a interrompeu para chorar, lembrando dos momentos de angustia.

- Karmen disse que teria que fingir a todos que morri, e se não fizesse, ela iria mandar mata-los, todos vocês, minha filhinha Elise que era um bebê, meu marido Mick e o meu povo... Mataria todos de Noquia. E eu pensei Mick, se não aceitasse, não venceriamos, nem se juntasse todos não conseguiríamos vencer Arvadam. Eu nunca imaginei que veria vocês de novo, pensei que morreria sozinha, sendo usada.

- Sara... - Meu pai pareceu entender, pareceu comovido, e eu o copiaria, se ele acha que acreditar é o certo.

- Minha filha... - Ela me abraçou, e sentir os abraços de mãe sobre mim novamente era a melhor sensação que poderia sentir.

- Elise, não acredita em mim?

- Eu na verdade... - Parei minha fala, eu não sei o que estou sentindo, muito menos saberia expressar.

- Eu me lembro das suas últimas palavras...

Franzi o cenho, isso era algo que eu não sabia, não me lembrava, quero saber, quero lembrar o quanto a amava e qual era a sensação.

- Disse a você que a mamãe o papai e o maninho iriam a um lugar perigoso mas que logo voltariam, você não entendia, mas percebeu minha tristeza, quis me alegrar... - Ela sorriu em meio as lágrimas. - Você que me esperaria para o nosso chá com as bonecas, e que elas ficariam chateadas se eu me atrasasse, pois o chá iria esfriar.

Sorri para ela, pela primeira vez em anos, eu me lembrava, tinha uma vaga lembrança sobre isso, era pequena mas as coisas que mais nos marcam em nossas vidas, ficam pra sempre guardadas, mesmo que voltem apenas em forma de nostalgia. E o pior, ela se atrasou, o meu irmão não voltou e eu recebi de volta apenas um pai, machucado, magoado, na beira da loucura e em uma busca desesperada por uma mulher que o ajudasse a gorvernar o país de Noquia.

Mas eu não esto acostumada, não sei se acredito. Karmen entrou na sala e chamou Sara para ir com ela, e nos fomos levados de volta para a prisão.

- Elise, por que tratou sua mãe dessa maneira? - Jacke se aproximou.

- Jacke eu não estou acostumada, como posso confirmar que era ela mesmo?

- Para que mais provas que isso Elise? Você não sente saudades? Doze anos de você comentando o quanto queria sua mãe por perto e você grita com ela?

- O que queria que eu fizesse? Não ia fingir que estava tão feliz assim, sabendo que ela estava viva, poderia ter tentando fugir ou escapar daqui para nos ver.

- Elise, você viu as condições que ela estava.

- Jacke, chega... - Meu pai advertiu.

- Acho que Elise tem o direito de pensar um pouco, esfriar a cabeça, são tantas coisas acontencendo. - Marcelo me defendeu.

- Você! Você me enganou, é um bobo também. - Voltei minha atenção para ele e falei com nojo, com medo de ter exagerado demais.

- Elise era mentira, mentira. Nunca pensaria em coisas assim, desde de que entrei naquele palacio nunca tive intensões de lhe enganar.

- Elise, eu lhe falei, não confie em nada que eles falam, eles são manipuladores, confundem sua cabeça, te deixam louco. - Jacke falou.

- Imagine o que fizeram com Sara, o que ela passou... - Meu pai lamentou.

- Como vou saber que não está mentindo? - Indaguei a Marcelo.

- Como quer que eu prove? Não é porque que sua madrasta, que no caso é minha tia, te traiu, quer dizer que eu sou igual Elise, para você ter um pensamento desses a meu respeito eu devo ter lhe tratado muito mal.

Nem pude responder algo porque Marcelo se virou de costas, dando a entender que a conversa estava encerrada, e se sentou no canto da parede. Foi o que todos fizemos, nos sentamos, o que fazer agora? Esperar...



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