Capítulo Vinte e Um

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Ficamos aguardando uns cinco minutos, quando um cavalheiro apareceu bem longe de nós. Estava sozinho. Logo depois voltou e não pude mais vê-lo. Achamos que ele não seria de Avardam ou algo assim, porém minutos depois ele apareceu novamente mais dessa vez com um exército atrás dele. Com certeza eu assustei, nunca tinha visto tanta gente assim montadas em cavalos com suas armas para cima. Não sabia se estava com medo, ou nervosa ou com os dois..., mas me posicionei, puxei minha capa, que até o momento estava presa no meu pé. E aguardei. Quanto mais chegavam perto, mais forte meu coração batia. Observei meu pai levantar seu braço, mais aquele não era o sinal de atacar. Todos eles pararam em nossa frente. Quando meu pai começou a falar.

- Povo de Avardam. Não precisamos passar por isso, podemos...

Antes mesmo de meu pai terminar sua fala, consegui ouvir o barulho de uma flecha sendo preparada para ser lançada. Observei para ver quem poderia ser. Mas antes que meus olhos pudessem ver, a flecha foi solta ao ar, acabou acertando o braço de um de nossos cavalheiros da quinta fila. Virei meu rosto rapidamente com aquele ato de rebelião, quando localizei o cidadão, preparei minha flecha e o acertei no mesmo local. Na mosca. Todos estavam somente observando, depois disso meu pai soltou e alto e forte grito:

- Ataquem!

Todos começaram a se jogar contra os outros. Pessoas caindo de seus cavalos, espadas ensanguentadas. Era um verdadeiro terror. Segui em frente. Estava correndo no meio de tanta gente. Mais Hina prendeu sua pata em uma poça de lama. Comecei a me desesperar, afinal, assim eu era uma isca totalmente livre.

- Sai, sai. Vamos Hina, ande por favor. É só uma lama.

Um homem começou a se aproximar, meu coração batia tão rápido, porém, minha reação foi ficar parada. Ele desceu de seu cavalo e retirou a pata de Hina daquela lama.

- Muito obrigada!!!

- Vida longa à princesa. - Depois disso ele se curvou diante de mim.

Não entendia o porquê. Um homem de Avardam faria isso por uma princesa de Noquia.

No meio de toda aquela matança, havia pessoas boas de coração e pessoas ruins também. Outro homem se aproximou, vendo o ato cavalheiro de seu irmão. Atirou uma flecha em seu coração. E o meu quase parou mais eu não podia paralisar, não agora. Ele já estava preparando outra flecha, ele iria me matar realmente. Mais eu fui mais rápida. Puxei uma flecha das minhas costas e atirei em seu pescoço. Depois desci, fechei os olhos do cavalheiro que eu nem se quer sabia seu nome. E esse teria salvado minha vida. Sai correndo com Hina. Não poderia ficar ali.

Meus olhos estavam confusos, não conseguia avistar Karmen em nenhum lugar se quer. Será que ela não teria vindo ao nosso encontro? Não, não mesmo. Isso não. Mais era impossível eu não há via. Procurei todos os meus para ver se estavam bem. Meu pai estava com um corte no braço. Minha mãe estava lutando. Todos os outros também.

Lutei. Lutei. Lutei. Com todas as minhas forças. Por todo meu povo. Por todos os inocentes. Todos os ruins. Qualquer um que estivesse ali, não merecia estar. Tirei muitas vidas. Também perdi muitas. Já não aguentava mais. Meu corpo dizia "para" e minha mente dizia "vai".

- Princesa Elise. Eu estou aqui. - Ernesto falou colocando seu cavalo para correr ao meu lado.

- Todos estão bem?

- "Bem" não seria a maneira correta de se falar. Estão vivos.

- Assim como eu -. Respondi

Parei meu cavalo ao avistar uma coisa. Karmen. Ela parecia também procurar alguém. Mas tinha sobrado pouca gente então ela logo me avistou. Será que era eu o alvo dela? A encarei por alguns momentos. Ernesto falou:

- É melhor saímos da vista dela Elise.

No momento que virei para Ernesto para respondê-lo. Karmen lançou uma flecha, que se enterrou bem no centro do coração de meu amigo. Ela queria me fazer sofrer. Olhei para ela com ódio, e vingança e ela, claro, sorriu para mim. Era agora, eu mesma a mataria. Eu sou a garota da capa azul. Quando lancei minha flecha, a dela já estava a caminho. Porém as duas pareciam sincronizadas. Não tinha reação a não ser ver esse momento. A flecha chegou em seu coração, como a de Ernesto. Karmen caiu de seu cavalo. Quando sua faca se fez dentro de mim a dor foi tão forte próximo ao meu peito. Eu sabia que morreria. Olhei para Ernesto que ainda provavelmente me via e me ouvia. E disse já gaguejando:

- Pela liberdade de Avardam e Noquia.

Ernesto fechou seus olhos, seu último dia de vida seria ali. Talvez o meu também. Cai para trás. Não podia ver, mas podia ouvir, bem lá no fundo, mas ainda assim, estava consciente. Ouvi Marcelo desesperado gritando meu nome, depois meu pai e então minha mãe. Todos. Conseguia senti-los me tocar. Me sacudir.

Depois de um tempo nem isso. Nem ouvir, nem ver, nem sentir.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora