Capítulo Dezesete

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Sara's POV

É tão bom ter a sensação. Aquela sensação de novo, de ser mãe, de saber que tem alguém que eu possa cuidar, amar e proteger. Meu maior sonho está sendo realizado, ver minha filha novamente, meu marido e voltar a ter uma vida. Eu queria poder ver o futuro, saber como será, descobrir se nosso plano de fuga dará certo; se Boquia vencerá a guerra, se tudo isso irá acabar e saber se o povo me aceitará de volta.

As vezes penso como o povo reagirá diante de mim. Me chamarão de falsa, de enganadora, assim como minha filha e meu marido pensaram de mim? Não devia estar pensando nisso agora, deveria estar fazendo estratégias, horários, pontos, dar um jeito para que Karmen não desconfie de nada. Será difícil, mas o que eu mais quero agora é deixar minha filhinha livre novamente, deixar ela viver o que eu não pude viver por muito tempo, fazê-la ter liberdade.

Acordei do transe quando ouvi as batidas na porta, provavelmente seria a criada de Karmen avisando que a mesma queria ver. E eu estava certa, afinal, esse era o único motivo de alguém vir até meu quarto. Tomei um banho rápido, me arrumei e desci ao seu encontro. A encontrei como sempre estava, com sua expressão mais fria e calculista.

- Sente-se, está na hora da tira jejum minha querida - me convida.

- Obrigada Senhora. Bom dia. Quero avisar-lhe que seus peixes foram pescados e que o capim está baixo novamente. Ah, também temos que negociar arroz senhora, está em falta. Precisamos ir até a vila.

- Claro querida, mandarei as cozinheiras irem até lá comprar o que precisamos - ela olha em meus olhos - Sara, você está tão tensa, aconteceu alguma coisa, minha querida?

Algum problema comigo? Com Karmen fazendo esse tipo de pergunta, o problema está nela. Nunca estive presente em algum momento em que ela demonstrasse algum tipo de preocupação com sentimentos alheios. Exatamente por isso sinto medo, e se Karmen tiver me visto sair da prisão?

- Não senhora, está tudo bem, só acho que estou um pouco adoentada, mas logo passa. Não estou com muita fome, a senhora deseja algo?

- Não. Vá para seu quarto, quando precisar mando lhe chamarem. E eu espero que a senhorita Sara não esteja planejando nada, não ia querer saber o que poderia acontecer não é mesmo? - engulo em seco. - Não se apaixone novamente, minha querida. Mick não vale a pena, só é mais um velho cheio das riquezas, o que é bom pois logo morrerá e sua herança virá para mim - Karmen abriu um sorriso nada confortador.

A minha vontade era de poder soltar cobras para ela. Como em poucas palavras ela consegue destruir uma pessoa assim? Ela acha que matará Mick e ficará com seu dinheiro, está enganada, quem morrerá será ela e quem ficará com o dinheiro será Elise.

Faço a reverência e me retiro.

O dia foi longo. Não podia descer para ver todos hoje, porém passei a tarde inteira fazendo estratégias para nosso plano. Estava superconfiante, talvez com um pouco de medo, mas não um medo que me fizesse desistir. Aliás, nunca desistiria, o pior que pudesse fazer a Karmen eu faria.

As duas da manhã levantaria, era simples: ver se não terá ninguém no caminho da prisão até a cozinha e se não terá alguém fora da cozinha. Me livrarei de todos. Logo depois darei o sinal na porta da prisão. Assim que ouvirem saíram em silêncio. Depois os guiarei até lá fora. Onde já estará tudo pronto, porta do esgoto aberta, sem ninguém ... "

Não almocei e nem lanchei na mesa hoje para que Karmen não desconfiasse de nada. Porém as oito horas da noite uma empregada veio me chamar, levei uma bronca de Karmen por não comparecer em sua presença durante o dia. Depois dormir. Ou não, estava tão ansiosa e preocupada se Ernesto iria conseguir sair com os cavalos, se Elise conseguiria ficar calma... enfim, passei a noite rolando de um lado ao outro.

Ernesto POV

Ficarei de guarda na portaria hoje, ótimo! Assim terei mais tempo para pensar em como passarei os cavalos. Todos aqui eram bem rígidos e não caiam fácil em coisas que qualquer um falava. Quer dizer, as vezes caiam. Espero que hoje eles caiam pois precisarei mentir sobre o que estarei fazendo e não quero morrer. E nem que todos morram. Mais tento manter toda a energia positiva, é o que vou precisar nesse exato momento.

Me levanto, tomo um banho e já visto meu uniforme, eu já sabia meu turno, então só tomei um café e avisei a Srtª. Karmen que já estaria de saída junto com os outros guardas.

Fui até onde os cavalos estavam, por incrível que pareça estavam todos muito bem cuidados e conservados. Talvez Karmen quisesse que todos lutassem em seus próprios cavalos. Agora era o difícil como eu faria para tirar esses cavalos sem que os outros soldados vissem. Comecei a puxa-los, eram seis cavalos. Não sabia qual era de quem, só o meu claro.

- Para onde o soldado está levando esses cavalos? - um dos guardas do portão perguntou.

- Ah... Rainha Karmen pediu para levá-los para dar um passeio e esticar as pernas.

- Passeio? Tem certeza que ela disse isso? Ela nunca mandou cavalos irem passear.

- Sim. Ela disse isso mesmo meu amigo. Pode ter certeza. Se está duvidando dela vá lá perguntar.

- Não, claro que não, jamais.

Estava quase suando de nervosismo. Então quando ele disse isso dei uma leve abaixada de cabaça e me retirei com os cavalos. Estava procurando um lugar para colocá-los que fosse próximo a saída do esgoto. Percebi que estavam com um pouco de sede então os levei até um riacho onde beberam água. Depois os alimentei com algumas maçãs só então os amarrei em algumas árvores mais ou menos meio metros de distância do esgoto. Para que ninguém os visse. Agora bastava torcer para ninguém me pegar ou pega-los.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora